Donald Trump nomeou um tenente-general do Corpo de Fuzileiros Navais como chefe do Comando Sul para a América Latina, informou o Pentágono nesta sexta-feira (19) (horário local), ao mesmo tempo em que o presidente norte-americano afirmou não descartar uma guerra com a Venezuela. Com imagens de rivais políticos e estrelas pop, governo Trump divulga parte dos documentos do caso Epstein 'Não descarto', diz Trump sobre possível guerra com a Venezuela após sobrevoo de aviões americanos na região Se confirmado pelo Senado, o tenente-general Francis L. Donovan sucederá um almirante que, segundo a imprensa, havia criticado os ataques a supostas rotas de narcotráfico nas costas venezuelanas. Washington implantou um significativo dispositivo militar no Caribe e no Pacífico, regiões onde bombardeou embarcações que atribui a supostos traficantes de drogas. Os ataques já deixaram mais de 100 mortos, segundo um levantamento da AFP com base em informações oficiais. A Venezuela denuncia um complô para derrubar o presidente Nicolás Maduro e se apropriar de suas reservas de petróleo. Em comunicado publicado nesta sexta-feira no site do Pentágono, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou que Trump indicou o tenente-general do Corpo de Fuzileiros Navais Francis L. Donovan “para chefiar o Comando Sul dos Estados Unidos (SouthCom)”. O comando é responsável pela América Central e do Sul, além de alguns territórios do Caribe. O alto oficial, cuja nomeação ainda precisa ser confirmada pelo Senado, ocupa atualmente o cargo de chefe adjunto do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos, segundo o Departamento de Defesa. Crise diplomática e ameaça de intervenção A nomeação ocorre em um contexto de forte crise entre os Estados Unidos e a Venezuela. Nas últimas semanas, Trump tem reiterado ameaças de uma possível intervenção no país latino-americano. Em entrevista à rede NBC na quinta-feira, transmitida na noite de sexta, o presidente norte-americano afirmou que não “descartava” uma guerra contra a Venezuela, que também enfrenta a ameaça de um bloqueio petrolífero. O governo Trump vem adotando uma estratégia de pressão máxima contra Maduro e os principais líderes de seu governo, acusados oficialmente, com o apoio da Justiça norte-americana, de liderar um cartel de narcotráfico conhecido como “Cartel de los Soles”. Reservas sobre operação no Caribe Na entrevista, Trump se recusou a afirmar se pretende derrubar o presidente venezuelano. “Ele sabe exatamente o que eu quero”, disse. “Ele sabe melhor do que ninguém”, insistiu. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá na terça-feira para discutir a situação entre os dois países, após Washington anunciar o bloqueio de navios que transportam petróleo de e para a Venezuela. “Está claro que o status quo atual com o regime venezuelano é inaceitável para os Estados Unidos”, afirmou nesta sexta-feira o secretário de Estado, Marco Rubio, ao prometer rigor na aplicação do bloqueio a petroleiros sancionados no Caribe. O Departamento do Tesouro anunciou, por sua vez, novas sanções contra familiares de um sobrinho de Maduro, detido nos Estados Unidos em 2017 sob acusações de narcotráfico e libertado posteriormente em uma troca de prisioneiros. O novo chefe do Comando Sul indicado por Trump sucederá, se confirmado, o almirante Alvin Holsey, que anunciou em meados de outubro que deixaria o cargo em 12 de dezembro para se “aposentar”. A imprensa norte-americana revelou que Holsey havia manifestado reservas quanto aos ataques navais realizados pelos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico, no âmbito da ofensiva que o governo afirma conduzir contra o narcotráfico. Nem Holsey nem o secretário Hegseth apresentaram justificativas além da aposentadoria para explicar a saída antecipada do almirante, assim como ocorreu com outros altos oficiais militares afastados ou que deixaram seus cargos desde o retorno de Trump à Casa Branca.