'Eles nos enganaram com o que era mais sagrado': dois cirurgiões são acusados pela morte de bebê no Uruguai

Um bebê de 13 meses morreu no Uruguai após complicações durante uma cirurgia pulmonar realizada em abril de 2024 na clínica Casmu, em Montevidéu. Nesta semana, a Justiça decidiu indiciar dois cirurgiões por homicídio culposo e uma médica intensivista por acobertamento, após investigação conduzida pelo Ministério Público. O caso foi revelado inicialmente pela revista semanal Búsqueda e acompanhado por outros veículos locais. Família é acusada de embarcar com idosa morta em voo para Londres; passageiros denunciam caso nas redes Sete elefantes morrem após colisão com trem no nordeste da Índia Manuel nasceu com uma malformação congênita no lobo inferior do pulmão esquerdo, condição que costuma ser acompanhada clinicamente, mas que, segundo os médicos, indicava a remoção do tecido afetado. A família foi informada de que o procedimento seria simples e minimamente invasivo, com expectativa de recuperação rápida. A cirurgia escolhida foi uma lobectomia pulmonar endoscópica, técnica que utiliza câmeras e pequenas incisões. No dia da operação, porém, o tempo cirúrgico se estendeu por cerca de oito horas. Enquanto aguardava notícias, a mãe, Bibiana Carreño, recebeu uma mensagem da equipe informando que “estava tudo bem” e que o bebê seria transferido para um quarto. Pouco depois, médicos relataram a ocorrência de um pequeno sangramento, considerado esperado, e Manuel foi encaminhado à UTI neonatal. Atraso e mudança de conduta De acordo com a investigação do Ministério Público, o sangramento evoluiu para uma hemorragia pulmonar grave, que levou à morte do bebê em 9 de abril. Um laudo pericial incluído no processo, divulgado pelo El Observador, aponta que os cirurgiões enfrentaram dificuldades de visibilidade logo no início da operação, mas insistiram na técnica escolhida por quatro a cinco horas antes de mudar o método, prolongando de forma desnecessária o tempo cirúrgico e a anestesia. Para a promotora Sylvia Lovesio, responsável pelo pedido de indiciamento, a conduta foi marcada por “imprudência, incompetência e negligência”. Em seu parecer, ela afirma que uma intervenção de baixo risco acabou resultando na morte de uma criança que havia sido internada em boas condições de saúde, submetida a um procedimento de alto risco sem o devido manejo. Além dos dois cirurgiões — Gabriel Giannini e Martín Ormaechea —, a médica intensivista Carolina Talasimov também foi indiciada, acusada de registrar no prontuário que a cirurgia não havia apresentado grandes complicações. Segundo a promotoria, houve “falsidade registrada” no documento médico. Os três profissionais deverão cumprir medida cautelar de manter endereço fixo enquanto o processo avança. Um relatório acadêmico da Faculdade de Medicina, citado no inquérito, concluiu que houve múltiplas falhas tanto no manejo cirúrgico quanto no pós-operatório. Para os pais, a decisão judicial representa um primeiro passo em busca de justiça. “A dor é imensa, mas seguimos para que isso não se repita”, disse Bibiana Carreño em entrevista à Telemundo News. A mãe relatou que Manuel entrou na sala de cirurgia brincando e que a família passou horas sem informações claras. Segundo ela, os riscos reais do procedimento e da anestesia nunca foram devidamente explicados. “Eles nos enganaram com o que era mais sagrado”, afirmou. A família diz esperar que o caso leve a um sistema de saúde mais transparente e humano no país.