Em 2012, Lindomar Castilho, que morreu aos 85 anos, voltou à cena ao estrelar o documentário "Vou rifar meu coração", da diretora Ana Rieper, sobre a música popular romântica, apelidada de "brega". Ele, Odair José, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned e Wando foram alguns dos principais expoentes do gênero no Brasil. — “Vou rifar meu coração” não quer ser uma história da música popular brasileira — disse Ana ao GLOBO, na época do lançamento do documentário. — Ele quer entender a paisagem humana do interior do país, onde essas músicas têm uma força enorme. Na pesquisa, Lindomar aparece entre os clássicos. Por causa do filme, O GLOBO conversou com o artista, que refletiu sobre o papel da música que fazia. — Nós, românticos populares, somos MPB — disse ele, analisando o cenário do momento da entrevista. —Os valores hoje são outros, mas as gravadoras nunca deixaram de lançar nossas músicas. Você não pode mais escrever o tipo de música que eu faço sem ter um cuidado extremo com cada palavra. Qualquer descuido e você pode ofender algum grupo, desrespeitar alguma posição. É preciso precaução. O ostracismo Lindomar foi um dos principais vendedores de discos nos anos 1970, mas caiu em desgraça em 1981, quando assassinou por ciúmes a ex-mulher, a cantora Eliane de Grammont. Ele foi condenado a 12 anos, mas ficou três preso. No post de despedida, a filha, Lili de Grammont, mencionou o crime, que chocou o Brasil na época. "Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira", escreveu. "Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução. Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada."