Notas de baunilha? Amargor elegante? Estudo mostra que é possível aprimorar o paladar para sentir o que poucos sentem

Você já passou por aquela situação em que falam de notas de caramelo numa bebida e você faz cara de paisagem? Ou quando dizem que o prato tem camadas de sabor e, para você, tudo chega junto? Pois é, algumas pessoas aparentemente conseguem detectar nuances sutis de sabor que outras não percebem. Mas dá para chegar lá. Pesquisadores da Universidade de Tohoku descobriram que a sensibilidade gustativa pode ser aprimorada por meio do aprendizado. Uma equipe de pesquisa investigou como os indivíduos distinguem e memorizam diferenças sutis dentro da mesma qualidade de sabor. 40 adultos ​​participaram de um "treinamento de recordação do sabor doce", projetado para melhorar sua capacidade de reconhecer e memorizar variações sutis de doçura. No início do estudo, os pesquisadores mediram o limiar de sabor de cada participante — a menor concentração na qual a doçura podia ser percebida — para cinco substâncias doces: glicose, frutose, sacarose, maltose e lactose. Os participantes foram então expostos repetidamente a esses adoçantes em concentrações ligeiramente abaixo de seus limiares individuais. Ao longo de três dias consecutivos, eles provaram as amostras e foram solicitados a lembrar qual substância doce estavam experimentando. Após apenas três dias de treinamento, os participantes mostraram uma melhora significativa na sensibilidade gustativa para todas as cinco substâncias doces. Os limiares de percepção do paladar diminuíram, indicando uma percepção mais apurada. Essas descobertas fornecem evidências claras de que a percepção do paladar, assim como a visão ou a audição, é plástica e pode ser aprimorada por meio da aprendizagem. "A expertise gustativa tem sido associada há muito tempo à experiência, e não ao talento inato", explica Uijin Park, um dos autores do estudo. "Por exemplo, acredita-se que sommeliers desenvolvem paladares refinados não porque nascem com papilas gustativas especiais, mas porque anos de experiência lhes permitem acumular 'memórias gustativas' detalhadas no cérebro." Compreender como a memória gustativa e a aprendizagem sensorial interagem no cérebro pode levar a novas estratégias de reabilitação para distúrbios do paladar e perda de apetite relacionada à idade. "Estamos entusiasmados em informar que a reabilitação baseada na recordação de sabores já está sendo explorada na prática clínica no Hospital Universitário de Tohoku", afirma o professor Satoru Ebihara, principal autor do estudo.