Mulher é estuprada e agredida na Asa Norte

Por Daniel Xavier daniel.xavier@grupojbr.com Na madrugada do último sábado (20), um crime de extrema violência chocou moradores da Asa Norte, em Brasília. Uma mulher de 47 anos foi estuprada e brutalmente agredida sob o pilotis de um prédio residencial da 411 Norte. Ferida, ela conseguiu se arrastar até a área comercial da quadra, onde foi socorrida por populares, que acionaram o Corpo de Bombeiros. A vítima foi levada inicialmente ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, em seguida, transferida ao Hospital de Base. Até o fechamento da edição desta reportagem, a informação é de que o quadro de saúde da vítima já apresenta melhora. O suspeito do crime, Rafael Silva Lima, de 19 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) poucas horas após o ataque. Ele foi localizado em uma área de invasão próxima à Universidade de Brasília (UnB), conhecida por abrigar pessoas em situação de rua. No momento da abordagem, segundo a polícia, o jovem apresentava escoriações, manchas de sangue e sinais de luta corporal. Durante a revista pessoal, procedimento padrão antes do encaminhamento à cela, os investigadores constataram que ele ainda usava um preservativo. Foto: Reprodução Com o suspeito, os policiais apreenderam três pulseiras finas de metal sujas de sangue, além de uma camiseta e uma bermuda também com marcas do crime. Após a prisão, Rafael foi conduzido à 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) e, posteriormente, transferido para a Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde deve passar por audiência de custódia. De acordo com o delegado Marco Farah, da 2ª DP, a identificação do autor foi possível após a análise das imagens das câmeras de segurança do prédio, acionadas por uma moradora da região. O vídeo, registrado por volta de 1h09 da madrugada, mostra o momento em que agressor e vítima aparecem lado a lado. As imagens são consideradas nítidas pelos investigadores e registram a investida violenta do suspeito, além da tentativa da mulher de se defender. O caso gerou forte comoção no Distrito Federal e reacendeu o alerta para o avanço da violência contra mulheres. Dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF) mostram que, até novembro deste ano, já foram registradas 117 tentativas de feminicídio, número superior ao total contabilizado em todo o ano de 2024, quando houve 102 ocorrências. No mesmo período, os casos de estupro chegaram a 298, aproximando-se do total de 319 registros do ano passado. A Polícia Militar do DF informou que foi acionada logo após o ocorrido e prestou socorro imediato à vítima, que estava consciente, mas apresentava fala desconexa, o que dificultou a compreensão inicial dos fatos. A corporação ressaltou que a Asa Norte conta com policiamento constante e que crimes violentos são raros na região, com redução significativa dos índices em relação ao ano anterior. Segundo a PMDF, o policiamento tem sido reforçado por meio de operações preventivas, com apreensão diária de facas e drogas, além de ações conjuntas com a comunidade, como a Rede de Vizinhos Protegidos, para ampliar a rapidez no atendimento às ocorrências. As investigações sobre o crime também apuram a possibilidade de que vítima e agressor se conhecessem. Há indícios de que ambos estariam em situação de rua e sob efeito de álcool ou outras substâncias no momento do crime. Após o atendimento médico, a oitiva de testemunhas e a análise das imagens, a polícia concluiu pela prisão em flagrante do suspeito, que permanece à disposição da Justiça. Insegurança O Jornal de Brasília esteve no local do crime, na quadra 411 Norte, e conversou com moradores da região para apurar se houve pedidos de socorro no momento da agressão e como eles avaliam a segurança na área. Uma moradora, que preferiu não se identificar, relatou que chegou a ouvir um grito durante a madrugada, mas não imaginou a gravidade da situação. “Moro um pouco perto. Na madrugada, lembro de ter escutado um grito. Fiquei acordada e esperei ouvir novamente, mas não escutei mais nada. Em seguida, voltei a dormir. Quando liguei a televisão pela manhã e vi a notícia do que tinha acontecido, fiquei muito abalada. Poderia ter sido eu ou qualquer outra pessoa. Na Asa Norte e também na Asa Sul têm acontecido muitos crimes”, afirmou. Foto: Reprodução Para entender como os moradores se sentem em relação à segurança na região, a reportagem também ouviu Maria Cruz, de 44 anos, que contou ter vivido uma situação de medo recente nas proximidades de onde mora. “Estava chegando em casa, no meu apartamento, quando vi um rapaz de quase dois metros se drogando perto do parquinho. Passei e fiz de conta que não vi. Acelerei o passo e percebi que ele estava me seguindo. Então comecei a correr e gritar por ajuda. Hoje penso em morar em outro lugar. A Asa Norte já foi bem melhor”, declarou. Como pedir ajuda Mulheres vítimas de violência podem buscar auxílio por diversos canais no Distrito Federal: 190 – Polícia Militar Atendimento 24 horas, com envio imediato de viatura. 197 – Polícia Civil ou Delegacia Eletrônica Denúncias gratuitas, inclusive de forma anônima, válidas para qualquer delegacia. Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAMs) Funcionam 24 horas por dia: DEAM I – EQS 204/205, Asa Sul DEAM II – QNM 2, Ceilândia 180 – Central de Atendimento à Mulher