Delegado baleado em megaoperação no Rio fala pela primeira vez após coma e amputação Reprodução/TV Globo O delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Bernardo Leal, de 45 anos, voltou para casa depois de quase dois meses internado e nove cirurgias. Ele foi atingido por um tiro de fuzil durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, no dia 28 de outubro — uma das ações mais violentas da história do estado, que deixou 122 mortos, incluindo cinco policiais. Bernardo chegou ao hospital com apenas 3% de chance de sobreviver. O disparo atingiu sua perna direita, provocando fratura no fêmur e rompendo artéria e veia femoral, causando uma hemorragia tão grave que ele precisou receber 30 bolsas de sangue, o equivalente a trocar todo o sangue do corpo três vezes. A amputação começou abaixo do joelho, mas precisou avançar até a parte alta da coxa por falta de vascularização. “Primeiro, feliz de estar vivo. Os médicos falavam: ‘Bernardo, é um milagre. Nunca vi alguém sobreviver a um tiro de fuzil assim’.” Resgate sob fogo cruzado Após ser baleado, Bernardo ficou 1h15 sob intenso tiroteio até ser retirado do local. Policiais quebraram paredes de uma casa para abrigá-lo, improvisaram um torniquete e chegaram a carregar o delegado nas costas sem colete à prova de balas. “Eu me lembro do Anderson, quando ele me bota nas costas e fala: ‘Segura, doutor, vamos embora'", contou emocionado. O transporte até o hospital foi feito em etapas: primeiro em uma moto, depois em uma viatura. “Eu sabia que estava muito ruim. Pedi para ligarem para minha mulher, queria me despedir”, relembra. Coma e recuperação Bernardo ficou sete dias em coma e acordou já em outro hospital. “Uma das razões de eu estar vivo é minha família”, afirmou, citando a esposa, Elen, que acompanhou todo o processo. “Era só oração e uma força inexplicável”, disse ela. Após 47 dias internado, Bernardo recebeu alta do Hospital Samaritano há uma semana. Agora, inicia a fase de readaptação com prótese, que será custeada pelo governo do estado. Ele pretende voltar a trabalhar como delegado, mas não mais participar de operações nas ruas. Reflexão Emocionado, Bernardo agradeceu à equipe médica e aos colegas que não desistiram dele. “Foi um renascimento”, declarou. Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. Siga, assine e curta o 'Prazer, Renata' na sua plataforma preferida.