Imagens de satélite mostram que Israel manteve rotina de demolições em Gaza, apesar de cessar-fogo

Imagens de satélite analisadas pelo jornal israelense Haaretz mostraram que militares israelenses continuaram a demolir prédios e outras estruturas em áreas sob seu controle na Faixa de Gaza, apesar de um cessar-fogo assinado em outubro seguir em vigor. Segundo estimativas da ONU, 81% de todas as construções em Gaza foram danificadas durante a guerra iniciada em 2023, incluindo estruturas cruciais para a população. Órgão apoiado pela ONU: Disseminação da fome em Gaza foi contida, mas risco ainda existe em todo o enclave, indica relatório internacional Retorno de Trump, cessar-fogo em Gaza, novo Papa e ofensiva dos EUA no Caribe: Os dez principais acontecimentos de 2025 Um dos locais onde houve grande número de demolições foi a Cidade de Gaza: na parte leste da cidade e no distrito de Shujayeh, centenas de prédios, alguns deles que pareciam intocados, foram abaixo nas últimas semanas, já com o cessar-fogo em vigor. Desde maio de 2024, com a adoção de uma nova política por parte de Israel, empreiteiros civis passaram a ser contratados para demolir ruas e bairros inteiros no enclave — em locais como Rafah, no sul, e o campo de refugiados de Jabalya, no norte, praticamente todos os edifícios e casas foram demolidos. Além deles, 80% das estradas, 87% de terras agricultáveis e 80% das estufas não existem mais, afetando diretamente a vida de centenas de milhares de pessoas. Segundo especialistas, há 61 milhões de toneladas de escombros em Gaza, cuja retirada pode levar anos e envolve perigos ocultos, como explosivos não detonados e materiais tóxicos. Initial plugin text Em paralelo, as imagens de satélite mostram a construção de novos acampamentos para refugiados em áreas controladas pelo Hamas Pelo acordo firmado em outubro entre Israel e Hamas, mediado pelos EUA, os israelenses seguem no controle de 53% de Gaza. Antes da guerra, um milhão de palestinos viviam nessa área, e os novos acampamentos sugerem que eles não conseguirão voltar para o que restou de suas casas tão cedo. De acordo com um estudo da ONG israelense B’Tselem, em média, 90% dos palestinos perderam suas casas, e em média precisaram mudar de teto seis vezes desde 2023. O texto afirma que foram emitidas 161 ordens de retirada pelo Exército israelense, deixando os civis vulneráveis a doenças e à violência. Ao longo da linha que delimita as áreas sob controle israelense do restante de Gaza, a chamada Linha Amarela, foram identificados ao menos 13 novos postos de controle militar. Ao todo são 48 postos em operação, ligados por estradas ao território israelense. O governo de Israel afirma que não tem planos para anexar Gaza, embora alguns membros do governo de Benjamin Netanyahu insistam na ideia. 'Sobrevivência está em jogo': ONU alerta que Gaza corre risco de deixar de ser habitável Desde a assinatura da primeira etapa do acordo de paz, promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, Israel e Hamas têm violado de maneira recorrente o compromisso de suspender os combates. Ataques israelenses deixaram dezenas de mortos no território, e a ação de milícias rivais do Hamas, algumas com apoio indireto de Israel, transformaram o ambiente de segurança em Gaza. Mesmo assim, Trump parece disposto a seguir com as próximas etapas do plano, que envolvem a governança do território e a eventual reconstrução. Na semana que vem, Netanyahu se encontrará com o presidente americano nos Estados Unidos, e deve abordar pontos ainda em aberto, como sua demanda para que o Hamas se desarme por completo (o grupo palestino exige manter ao menos algumas armas). Há divergências também sobre quem sucederá o Hamas no comando de Gaza e, em um ponto ainda mais sensível, em relação a um futuro Estado palestino, ao qual Netanyahu disse se opor, mas que encontra cada vez mais apoio internacional.