“Rei de Copas”. Assim pode ser chamado Dorival Júnior, que conquistou ontem o quarto título de Copa do Brasil da carreira, o terceiro em quatro anos (Santos em 2010, Flamengo em 2022 e São Paulo em 2023), com a vitória do Corinthians sobre o Vasco por 2 a 1 no Maracanã. A tática utilizada dentro de campo — mais defensiva, com um meio-campo formado por quatro volantes e uma dupla de ataque letal, que aproveitou as poucas oportunidades que teve — pode ser questionável em termos de plasticidade, mas o resultado do jogo fala por si. E Dorival entrega como poucos. Não por acaso, se igualou a Luiz Felipe Scolari como técnico com mais conquistas do torneio. — Gostaria que as pessoas respeitassem um pouco mais a figura do treinador brasileiro. Isso não acontece e é uma pena. Temos profissionais de nível muito bom, preocupados e trabalhando para desenvolver novidades. Está na hora de o futebol brasileiro voltar às suas origens — desabafou o treinador. Para chegar ao título após o empate sem gols na Neo Química Arena no jogo de ida, Dorival mostrou sua versatilidade. Abriu mão da técnica do meia argentino Rodrigo Garro e levou a campo um time mais de transpiração do que inspiração, voltado a vencer os duelos e a apostar no contra-ataque e na ligação direta e que apostou no contra-ataque e na ligação direta para tentar colocar seus atacantes em boas situações para abrir o placar. Deu certo. Mas, em seu trabalho no Corinthians, Dorival é mais do que só um treinador. Num clube tumultuado e com diversas polêmicas extracampo, como o impeachment do ex-presidente Augusto Melo e os problemas financeiros — a dívida atual é de aproximadamente R$ 2,7 bilhões —, o comandante teve que blindar o elenco para manter o foco na briga pelo título. Conseguiu fechar bem uma temporada que começou com a chuva de críticas pelos resultados ruins à frente da seleção brasileira e a demissão em março, após a goleada sofrida por 4 a 1 para a Argentina no Monumental de Núñez. — Quando saí da seleção, minha posição era de não trabalhar mais esse ano. Mas, depois do primeiro contato que tive com o Fabinho (Soldado, diretor de futebol), contrariei minha família e aceitei o convite porque achava que precisava dar uma resposta a mim mesmo. Em razão de tudo que aconteceu na seleção, as contestações, os deboches e as brincadeiras que às vezes fazem sem se importarem com o lado pessoal. Foi muito pesado. Poucas pessoas me estenderam a mão e só tenho que agradecer a essas pessoas. Nós vencemos todos os nossos adversários fora de casa. Então, a todos que confiaram e acreditaram, o meu muito obrigado de coração. E aos que foram céticos e zombeiros, só tenho que deixar o meu boa-noite e um agradecimento porque só nos motivou para crescermos e melhorarmos — desabafou.