Com público feminino em alta, TikTok incentiva produtoras de conteúdo esportivo na plataforma

Dancinhas, trends virais e vlogs pessoais remetem automaticamente ao fenômeno do TikTok. A rede social abraçada pelos jovens, no entanto, tem um leque de temas bem mais amplo. E o esporte é um deles, o que tem ampliado o alcance de grandes competições e o espaço para novas vozes — especialmente femininas — na cobertura esportiva. No Brasil, onde vídeos sobre o assunto ultrapassaram 24 bilhões de visualizações apenas em 2025, a plataforma se tornou um ambiente fértil para mulheres que analisam jogos, narram experiências em estádios e transformam a paixão em carreira. A paulista Flávia Bandoni, de 23 anos, é um exemplo desse movimento. O roteiro da jovem é comum a outras produtoras de conteúdo. Em isolamento social na pandemia, o TikTok foi válvula de escape para dar vazão a suas opiniões sobre futebol. — Eu via muita gente comentando os jogos. Chegou um momento em que percebi que sabia bastante. Resolvi falar o que eu achava — conta a produtora de conteúdo, formada em marketing. Na época, o TikTok ainda era uma plataforma relativamente nova em seu círculo social — o que se tornou um incentivo. — Comecei lá porque ninguém me conhecia — admite Flávia, que fazia análises sobre o desempenho dos clubes ao longo da temporada. Flávia Bandoni com a equipe da TNT Sports na Liga dos Campeões Divulgação/TikTok O crescimento veio de forma gradual, sem explosões repentinas, mas consistente. Em janeiro deste ano, Flávia alcançou a marca de 100 mil seguidores. Hoje, soma cerca de 275 mil. Graças à virada vinda com o convite para integrar o projeto #MulheresNoEsporte, iniciativa do TikTok voltada ao incentivo e à capacitação de criadoras esportivas. A participação abriu portas inesperadas. Pouco tempo depois, ela e outras integrantes do projeto foram convidadas para uma parceria entre a rede social e o canal TNT Sports para cobrir alguns jogos da Liga dos Campeões da última temporada. O resultado foi a cobertura in loco das duas semifinais: Inter de Milão x Barcelona e PSG x Arsenal. — Foi uma experiência magnífica. Estar à beira do campo, ver os jogadores agradecendo a torcida… lembro de abraçar um jogador ali, na saída — relembra. A produtora de conteúdo Flávia Bandoni Reprodução/TikTok A oportunidade na Champions ocorreu pouco depois do início de sua vivência internacional: no fim de 2024, Flávia se mudou para a Espanha para uma pós-graduação da LaLiga, com duração de nove meses. Hoje, está na Alemanha e trabalha com redes sociais na Puma. — No meu curso, eram cerca de 50 homens. Nenhum conseguiu emprego em marcas do tamanho da Puma. Eu tenho certeza de que cheguei aqui por causa das redes sociais — afirma ela, finalista do TikTok Awards na categoria esportes. — Antes, eu falava de futebol do meu quarto. Hoje, eu levo as pessoas para viver experiências que talvez elas nunca tenham. O TikTok abriu esse caminho. Trajetórias como a da Flávia é justamente o que o #MulheresNoEsporte busca incentivar. Segundo o TikTok, o projeto nasceu de uma escuta ativa da comunidade. A primeira edição do programa contou com 24 criadoras; a segunda, com 37. Daí surgiram novos formatos de vídeo, parcerias, convites para coberturas ao vivo e credenciais oficiais em eventos esportivos. Além do futebol, o projeto reúne criadoras de modalidades como basquete, Fórmula 1 e patinação, ampliando o espectro de narrativas esportivas na plataforma. — Vemos diariamente o talento e a criatividade das mulheres que vivem o esporte, seja dentro das quadras ou na produção de conteúdo. Entendemos que havia uma oportunidade de fortalecer essa presença e ampliar a visibilidade — explica Priscila Harumi, líder de relacionamento com a comunidade de criadores do TikTok no Brasil. Sabrine Araújo participou do projeto #Mulheresnoesporte do TikTok Divulgação/TikTok Copa do Mundo feminina A Copa do Mundo feminina de 2027 no Brasil é outra janela de oportunidade para a plataforma ampliar ainda mais a participação das mulheres no TikTok no país. Pesquisa da Ipsos aponta que 64% delas preferem o TikTok para acompanhar conteúdos esportivos, e quase metade das visualizações globais de esportes na rede social no primeiro semestre de 2025 veio desse público. — Aqui, o esporte vai além dos 90 minutos. Ele se mistura com cultura, entretenimento e experiências pessoais — destaca a executiva. A cearense Sabrine Araújo, de 24 anos, já está com a mente fervilhando de ideias para o Mundial de feminino. Torcedora do Fortaleza, atualmente sua página na plataforma é mais voltada para conteúdos do seu time de coração. Mas já falou de futebol nordestino, de entretenimento, de natação, flag football, entre outros temas. Sabrine, que também participou do projeto da rede social, enaltece iniciativas desse tipo para melhorar a qualidade da produção. É importante ter grandes referências para entregar o melhor produto possível: — Pude estar ao lado de criadoras com milhões de seguidores, que também tiveram dificuldades, superaram obstáculos por serem mulheres. E o TikTok me ajudou a me entender como uma mulher no esporte. É uma plataforma muito diversa, onde você pode ser quem você é. Tem espaço para todo mundo.