Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo , o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana afirmou que a simples substituição da concessionária Enel não resolverá o problema dos sucessivos apagões registrados na Grande São Paulo. Para ele, enquanto o modelo de concessão seguir o mesmo que o atual, o problema tende a se repetir, independentemente da empresa responsável pelo serviço. “O problema não é a empresa, é o contrato", afirmou Santana. "O próximo apagão já está contratado. Mantida a concessão do jeito que está, vai entrar qualquer outra empresa, e o problema vai ser o mesmo.” https://www.youtube.com/watch?v=Vgba6MGjAkw Apesar disso, Santana se mostrou cético quanto à eficácia desta medida. Para ele, a rescisão não é garantia de melhora imediata e pode, inclusive, agravar a situação no curto prazo. “Você sabe como a caducidade começa, mas não como acaba", disse. O ex-diretor ressaltou se tratar de uma concessão cheia de particularidades, com uma das maiores redes aéreas do mundo e altamente vulnerável a tempestades e quedas de árvores. Ele argumentou que a União não dispõe de recursos para assumir a operação e realizar os investimentos necessários em infraestrutura. Diferentemente de cidades europeias onde a Enel atua, como Milão e Madri, a capital paulista tem menos de 1% da fiação subterrânea. Sem mudanças estruturais, concluiu, os apagões continuarão a fazer parte da rotina dos paulistas. Pressão política sobre a Aneel A pressão sobre a Aneel pela revogação da concessão da Enel se intensificou depois de o apagão do último dia 10 deixar quase 2,5 milhões sem eletricidade em São Paulo. Tanto o governador do Estado, Tarcísio de Freitas, quanto o prefeito da capital, Ricardo Nunes, cobraram publicamente providências do Ministério de Minas e Energia. A análise sobre eventual rescisão do contrato está nas mãos da Aneel, responsável por avaliar a defesa da concessionária e decidir se recomenda ou não o rompimento. + Leia mais notícias de Política em Oeste Ainda assim, Santana entende que a única saída solução real para este problema passa pela reformulação das regras da concessão, com exigências claras de investimento. Ele reconheceu que a Enel enfrenta desgaste político e perda de credibilidade, mas ressaltou que encontrar um substituto disposto a assumir o contrato até 2028 será difícil. Leia também: "Togas fora da lei" , reportagem publicada na Edição 245 da Revista Oeste O post Ex-diretor da Aneel diz que vai ser ‘difícil’ substituir Enel em São Paulo apareceu primeiro em Revista Oeste .