Se senadores votam pelo impeachment de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) acusado de corrupção, isso é um ataque à democracia? Claro que não. O fato de o Supremo ter tido um papel importante em debelar uma trama golpista e julgar seus membros não o coloca acima da lei, da ética ou do decoro. Pelo contrário: é dos ministros que se espera a mais perfeita imparcialidade, a conduta mais irretocável, dado que, de suas decisões, ninguém pode recorrer. O tema de impeachment de ministro está contaminado pela polarização. Muita gente quer o impeachment de Alexandre de Moraes por causa da condenação de Bolsonaro. Moraes foi, inclusive, alvo de sanções americanas injustas que, felizmente, não existem mais, mas que deixaram o debate ainda mais envenenado. Ligado a isso, há uma série de decisões questionáveis ou mesmo abusivas, como a suspensão das redes sociais de diversas pessoas por tempo indeterminado -até hoje não se sabe quantas foram e se estão barradas. Mesmo nesses casos, falar em impeachment é tocar num tema divisivo, em que os limites da lei encontraram uma ameaça real à democracia, e opinar sobre o mérito das decisões. Se o tema, contudo, for corrupção, parcialidade, conflito de interesses ou outra conduta incompatível com o cargo de juiz, a discussão do impeachment fica bem menos polarizada. Leia mais (12/22/2025 - 21h00)