O diplomata argentino Rafael Grossi, candidato ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), defendeu nesta segunda-feira (22), em Buenos Aires, uma reforma consensual da instituição e uma atuação mais efetiva diante dos conflitos internacionais. Segundo ele, a organização precisa ser “menos declarativa e mais ativa”. Entenda: Cidade dividida por fronteira vira foco da disputa sobre acesso ao aborto nos EUA Atual diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), cargo que ocupa desde 2019, Grossi apresentou sua candidatura na sede do Ministério das Relações Exteriores da Argentina. Em seu discurso, fez uma avaliação crítica do cenário atual da ONU, afirmando que o balanço da atuação da organização multilateral “não é muito positivo”. De acordo com o diplomata, há um elemento comum em diversos conflitos entre países: a ausência das Nações Unidas. — Em muitos casos, o denominador comum é justamente a falta de presença da ONU, e não há razão para que isso seja assim — afirmou. Grossi destacou a necessidade de aproximar a organização dos problemas concretos enfrentados pela população. “Precisamos que as Nações Unidas estejam conectadas com os problemas das pessoas, e não apenas com a aprovação de documentos enormes”, disse. Leia mais: Colômbia usará drones para pulverizar glifosato em plantações do narcotráfico O candidato também ressaltou que uma reforma da ONU é indispensável. “Tem de ser uma reforma na qual todos reconheçamos que há áreas em excesso e outras que precisam ser fortalecidas”, declarou. Durante o evento, o chanceler argentino, Pablo Quirno, afirmou que o presidente Javier Milei manifestou “pleno apoio” à candidatura de Grossi. À frente da AIEA, Grossi teve papel relevante como intermediário entre Ucrânia e Rússia em questões relacionadas à segurança nuclear desde o início da guerra. A agência também mantém relações tensas com o Irã devido à supervisão de seu programa nuclear. Em junho, França, Alemanha e Reino Unido condenaram ameaças feitas por Teerã contra o diplomata, após o país restringir o acesso da AIEA a instalações nucleares atingidas por bombardeios de Israel e dos Estados Unidos. Saiba mais: Finlândia elevará idade de reservistas para 65 anos como reforço militar contra ameaça russa Pela tradição de rotatividade geográfica — nem sempre respeitada —, o próximo secretário-geral da ONU deveria ser um representante da América Latina. Além de Grossi, também são citadas como possíveis candidatas a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet e a economista costarriquenha Rebeca Grynspan, atual secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O atual secretário-geral da ONU, o português António Guterres, encerra seu mandato de cinco anos em dezembro de 2026. As rodadas decisivas do processo de escolha de seu sucessor devem começar em julho, no Conselho de Segurança da organização.