As cores da lingerie na virada do ano e por que essa tradição segue tão forte no Brasil

A escolha da cor da lingerie para a passagem do ano se tornou um dos rituais mais populares do Réveillon brasileiro. Muito além da roupa branca usada por fora, milhões de pessoas acreditam que a peça íntima usada à meia-noite pode influenciar desejos como amor, dinheiro, saúde e equilíbrio emocional ao longo do ano que começa. Cada cor carrega um significado simbólico: o branco está ligado à paz, o amarelo à prosperidade, o vermelho à paixão, o rosa ao amor, o verde à saúde e o azul à tranquilidade. Confira: Color blocking substitui o quiet luxury e vira aposta das grandes marcas para 2026 Da moda à beleza e gastronomia: veja 26 apostas que prometem dar o que falar no verão 2026 A origem do costume está ligada à influência das religiões de matriz africana, que popularizaram o uso do branco como símbolo de renovação espiritual na virada do ano. Com o passar do tempo, essa simbologia foi sendo incorporada ao imaginário popular e transferida para as roupas íntimas, criando a ideia de que a energia da virada começa de dentro para fora. A lingerie passou, então, a funcionar como um amuleto pessoal para o novo ciclo. Apesar de ser fortemente associada ao Brasil, a tradição não é exclusiva do país. Em lugares como Itália e Espanha, o uso de lingerie vermelha na noite de Ano-Novo é um costume antigo ligado à sorte e ao amor. Em países da América do Sul, como Argentina, Chile e Peru, outras cores também são escolhidas conforme os desejos para o ano seguinte. O diferencial brasileiro está na variedade de significados atribuídos às cores e na forma como o ritual se popularizou culturalmente. Entre as cores mais escolhidas estão o branco, símbolo de equilíbrio e harmonia, o amarelo, associado à riqueza e ao sucesso financeiro, e o vermelho, ligado à paixão e à energia. O rosa representa afetividade e amor, o verde simboliza saúde e renovação, o azul está relacionado à serenidade e o roxo à espiritualidade e transformação pessoal. A escolha costuma refletir aquilo que cada pessoa deseja atrair para o novo ano. A força dessa tradição também aparece nos números. Todos os anos, o período que antecede o Réveillon registra aumento expressivo nas buscas e nas vendas de lingeries coloridas. Marcas e lojas investem em coleções específicas para o fim de ano, mostrando como o ritual deixou de ser apenas uma superstição e passou a fazer parte do calendário comercial e do comportamento do consumidor brasileiro. Mesmo com a tradição tão enraizada, algumas pessoas preferem romper com o ritual. A influenciadora Karol Rosalin, conhecida como a "mulher fitness perfeita", diz não usar lingerie na virada como um gesto simbólico de liberdade e desapego. Para ela, o início do ano não precisa estar condicionado a uma cor ou a uma regra cultural. "Eu prefiro começar o ano sem lingerie porque me sinto mais livre. Para mim, a energia não está na cor da peça, mas na forma como eu entro no novo ciclo, sem amarras e sem expectativas externas", afirma Karol. Segundo ela, o mais importante é estar confortável consigo mesma e mentalizar o que deseja, independentemente de rituais tradicionais. A permanência da tradição das cores da lingerie mostra como o Réveillon segue sendo um momento de projeção e esperança. Seja escolhendo uma cor específica ou abrindo mão do ritual, a virada continua representando um recomeço. No fim, mais do que a lingerie, o que atravessa o ano novo é a intenção de quem a usa, ou decide não usar.