Flávio Bolsonaro vai a Israel em 1ª agenda internacional como pré-candidato a presidente

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) viajará a Israel para sua primeira agenda internacional como pré-candidato à Presidência da República. Ele foi escolhido no começo do mês pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para levar adiante o espólio político do clã, em meio a resistências de legendas ao centro, do empresariado e lideranças religiosas. Flávio e seu irmão, o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro, foram convidados para a Conferência Anual de Combate ao Antissemitismo, marcada para os dias 26 e 27 de janeiro, em Jerusalém. Lula exclui em indulto de Natal condenados por crimes contra a democracia, violência doméstica e chefes de facção; detalhes Militares viam Heleno 'aéreo' na prisão e ampliaram pedido para ex-ministro de Bolsonaro cumprir pena em casa Na viagem, a expectativa é que o pré-candidato tente se cacifar como uma liderança alinhada à direita conservadora internacional. O ministro israelense da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, compartilhou com os seguidores o painel de palestrantes do evento, que, segundo ele, "em tempos de trevas, são tochas de luz". Flávio é creditado na imagem como senador eleito pelo Rio de Janeiro, sem menção à corrida ao Planalto. Pelas redes sociais, o brasileiro disse "profundamente honrado" pelo convite. "Brasil e Israel compartilham um laço histórico, humano e civilizacional sólido, construído sobre valores comuns como a liberdade, a democracia e o respeito à dignidade humana. Reafirmo meu compromisso inegociável de estar sempre ao lado do povo judeu, condenando com clareza e sem relativizações todas as formas de antissemitismo, intolerância e ódio. Combater o antissemitismo é defender a verdade histórica, a civilização ocidental e os valores que sustentam sociedades livres", destacou o senador. Initial plugin text Flávio tenta contornar resistências à sua pré-candidatura, embora pesquisas mais recentes, que o mostram à frente de outros nomes cotados da direita, lhe tenham dado fôlego. Flávio, que chegou a condicionar uma possível desistência à soltura do pai, foi criticado, por exemplo, pelo pastor Silas Malafaia. Um dos principais aliados de Jair Bolsonaro, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo afirmou que o melhor arranjo político para a direita seria ter uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro de vice. Além do pastor, Flávio já recebeu críticas públicas de membros do Centrão por não ter organizado sua candidatura em conjunto com outras siglas. 'Chega de PT': Pablo Marçal declara apoio à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência São Paulo: 'Sou esse Bolsonaro mais moderado', diz Flávio após novo tour com empresários — Eu não vi ninguém do governo Lula atacar Flávio (após o anúncio da pré-candidatura). Que coisa interessante. É como se dissessem: "É esse aí mesmo que nós queremos". Uma chapa para ser combativa, para ganhar uma eleição, é Tarcísio e Michelle como vice — afirmou Malafaia, em entrevista ao portal Metrópoles. Flávio oficializou sua candidatura no dia 5 de dezembro, após ser escolhido por Bolsonaro. Três dias depois, o presidente do Partido Progressista (PP), senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que, apesar da proximidade com o filho do ex-presidente, política "não se faz só com amizade", mas sim "com pesquisas, viabilidade e ouvindo os partidos aliados". No mesmo dia, houve uma reunião entre Flávio, Ciro e os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PL, Valdemar Costa Neto. Dos três, só Valdemar endossou publicamente a candidatura do parlamentar, afirmando que "se Bolsonaro falou, está falado". Depois do encontro, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), confirmou que os partidos não foram comunicados previamente sobre a movimentação e que, por isso, precisariam discutir o tema com suas respectivas bases. A avaliação inicial do Centrão foi que Flávio não seria capaz de unir a oposição. — Minha relação com Ciro, Rueda e outros nomes é muito boa. Eles se preocuparam com o meu nome, com base em pesquisas, de eu não tracionar. Meu nome está tracionado. Reforcei a eles que minha candidatura é irreversível — frisou Flávio, no dia seguinte, ao visitar o pai na Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília, onde ele está preso. Os caciques também chegaram a se reunir com o presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), no dia 9 de dezembro. Desde então, nenhuma das três legendas demonstrou apoio a Flávio de maneira pública. Em meio às articulações, o pré-candidato ao Senado por Santa Catarina, Carlos Bolsonaro (PL), defendeu o irmão. Ele aproveitou a indefinição para criticar os partidos do centro: "O que realmente quer o Centrão? Certamente não é liberdade econômica de verdade, nem autonomia do cidadão. O projeto é outro, silencioso, mas evidente para quem presta atenção", escreveu Carlos, nas redes sociais. A manifestação mais recente foi do líder do PP na Câmara dos Deputados, doutor Luizinho Teixeira (RJ), na quinta-feira passada. Ele defendeu que tanto seu partido, quanto o União Brasil, podem "fazer o movimento que quiserem" em relação ao apoio, já que o PL agiu de maneira "isolada". — O PP, junto com o União Brasil, participava da construção de uma candidatura de centro-direita. A partir do momento em que Flávio Bolsonaro puxa a candidatura dele por uma decisão familiar e impõe para a direita, todo mundo que é de centro e centro-direita está livre. Nossa prioridade é eleger deputado e senador — disse o deputado, em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo". Luizinho também defendeu que uma candidatura presidencial "envolve apoio político, chamar todo mundo para participar e definir qual é o projeto". De acordo com ele, dentro da legenda, há até quem queira apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). — Ele já sai com uma rejeição muito alta, tem mais dificuldade de conquistar o eleitor de centro do que o Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo) e o Ratinho Jr. (governador do Paraná) — explicou Luizinho. 'Chapa combativa' x 'Amadorismo da direita' Na mesma linha, Malafaia avaliou que Flávio não tem "musculatura política" para o pleito contra Lula. Já Tarcísio, por possuir uma rejeição menor, seria importante para angariar votos do Centrão e de eleitores que não votariam em Lula ou Bolsonaro. — A Michelle encarna (votos de) mulheres, da direita, de evangélicos e é filha de nordestinos — disse Malafaia. — Achei (a candidatura de Flávio) um movimento errado. O Bolsonaro está emocionalmente debilitado porque é vítima de injustiça. Não vou engolir. Poucas horas após o anúncio da pré-candidatura de Flávio, no dia 5 deste mês, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo já havia manifestado seu descontentamento: "O amadorismo da direita faz a esquerda dar gargalhadas. Não estou falando nem contra e nem a favor de ninguém. Somente isto", escreveu Malafaia, nas redes sociais, sem citar o filho do ex-presidente.