Um ataque russo de grande escala com drones e mísseis contra a Ucrânia matou ao menos três pessoas, entre elas uma criança de 4 anos, e provocou cortes de energia em várias regiões do país dois dias antes do Natal. A ofensiva começou durante a madrugada e se estendeu pelas primeiras horas da manhã desta terça-feira, segundo autoridades ucranianas, em um momento de temperaturas abaixo de zero e enquanto seguem discussões diplomáticas sobre uma possível saída negociada para a guerra. Vídeo: General russo morre em atentado a bomba contra carro em Moscou Zelensky: Apenas pressão dos EUA pode convencer Rússia a parar guerra De acordo com a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia lançou 635 drones de diferentes tipos e 38 mísseis. As defesas aéreas conseguiram interceptar 587 drones e 34 mísseis. Ainda assim, os ataques atingiram áreas residenciais e a infraestrutura energética em 13 regiões do país, provocando apagões generalizados, especialmente no oeste ucraniano. Durante a ofensiva, a Polônia acionou caças para proteger seu espaço aéreo, segundo o Exército polonês. O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que os bombardeios atingiram casas e a rede elétrica em um momento de frio intenso, agravando a situação da população. Em publicação no Telegram, ele escreveu: “Um ataque antes do Natal, quando as pessoas querem estar com suas famílias, em casa, em segurança. Um ataque, de fato, em meio às negociações que estão sendo conduzidas para pôr fim a esta guerra”. Segundo Zelensky, o bombardeio demonstra a intenção do presidente russo, Vladimir Putin, de continuar a invasão da Ucrânia. Alvos na Ucrânia Relatos iniciais dos serviços de emergência indicaram que a criança morreu na região de Zhytomyr, no noroeste do país. Uma mulher foi morta por um drone na região de Kiev, e outra morte de civil foi registrada na região ocidental de Khmelnytskyi. Autoridades locais também relataram danos à infraestrutura energética nas regiões de Rivne, Ternopil e Lviv, no oeste, além da região de Sumy, no norte. Em coletiva anual: Putin se exime de culpa por mortes na guerra da Ucrânia e diz que fim do conflito depende de Kiev O ataque desta terça-feira foi o nono de grande escala contra o sistema energético da Ucrânia neste ano, segundo o ministro interino da Energia, Artem Nekraso. Ele afirmou que várias regiões do oeste ficaram sem eletricidade e que cortes emergenciais de energia foram adotados em todo o país. O restabelecimento do fornecimento, disse, começará assim que a situação de segurança permitir. A maior fornecedora privada de energia da Ucrânia, a DTEK, informou que o ataque teve como alvo usinas termelétricas, no que classificou como o sétimo grande bombardeio contra suas instalações desde outubro. Desde o início da invasão russa em grande escala, em fevereiro de 2022, as usinas termelétricas da empresa já foram atingidas mais de 220 vezes, resultando na morte de quatro trabalhadores e em 59 feridos. No sul do país, a região de Odessa também foi alvo da ofensiva. Segundo o chefe regional, Oleh Kiper, ataques russos atingiram infraestrutura energética, portuária, de transporte, industrial e residencial. Um navio mercante e mais de 120 casas foram danificados. Odessa, um dos principais portos da Ucrânia, tem sido alvo frequente de ataques nas últimas semanas, o que vem provocando escassez prolongada de energia. ‘Progresso lento’ Os bombardeios ocorreram dias depois de encontros realizados nos Estados Unidos envolvendo o enviado de paz americano, Steve Witkoff, que manteve reuniões separadas com representantes da Ucrânia, da Rússia e de aliados europeus. Witkoff classificou as conversas como “produtivas e construtivas”, embora não tenha havido indicação de avanço concreto em direção a um acordo de paz duradouro. O presidente Trump, que há meses pressiona por um entendimento entre as partes, afirmou apenas que “as conversas estão avançando”. Initial plugin text Autoridades ucranianas e europeias têm afirmado que Moscou não estaria se engajando de forma efetiva nos esforços diplomáticos liderados por Washington. Do lado russo, o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, disse à mídia estatal que há “progresso lento” nas discussões, enquanto Vladimir Putin tem reiterado que só aceitará um acordo que trate do que chama de “causas profundas” do conflito. Enquanto isso, com temperaturas negativas previstas para diversas regiões e cortes programados de energia em vigor há semanas, a população ucraniana enfrenta mais um inverno marcado por ataques à infraestrutura crítica, em meio à continuidade da guerra iniciada há quase quatro anos.