Didi Wagner fala sobre a chegada dos 50 anos e sonhos: "Viajar mais"

O ano de 2025 marca comemorações simbólicas na trajetória de Didi Wagner. A apresentadora completou 25 anos de carreira e 50 de vida. Retomou, após dois anos, o programa Lugar Incomum, no Multishow, agora também no comando criativo. E deu novos passos no processo de se conhecer – e se aprovar mais. "A chegada aos 50 me trouxe liberdade de acreditar mais em mim", diz à Vogue. "Claro que tenho minhas angústias, sou muito autocrítica, mas me sinto inteira e mais convicta das minhas escolhas", afirma. Mãe de de Laura, de 22 anos, Luiza, de 20, e Julia, de 16, Didi deu pra si a missão de garantir que o elo entre as irmãs seja inabalável. E fala com orgulho de ter aprendido a seguir suas conquistas profissionais sem abrir mão da vida pessoal. "Fiquei grávida no ar duas vezes na MTV, uma emissora jovem. Me sinto corajosa de ter feito isso", diz. Em bate-papo com a Vogue, a apresentadora passeia por sua trajetória, relembra perrengues ao vivo – ou nos bastidores da TV – fala sobre o significado de chegar aos 50 e como cuida do corpo e da mente. Veja o bate-papo completo! Vogue: Você retomou o programa "Lugar Incomum" após dois anos de pausa e agora está também no comando criativo. O que de mais interessante vivenciou nessa temporada? Didi Wagner: Foi a minha primeira vez no México e a temporada mostra o meu encantamento com a cultura local, a história e a personalidade de cada lugar que a gente visita. Um fio condutor que permeia todas as temporadas é o espaço que a gente dá para as pessoas locais, essa minha curiosidade em conhecer quem mora ali e o entendimento daquela pessoa sobre aquele local. Tivemos encontros muito especiais nessas gravações. A maior riqueza do Lugar Incomum é tentar descobrir o olhar particular de cada pessoa com quem a gente conversa, trazendo o meu ponto de vista pessoal, as minhas experiências. Vogue: Você completou 25 anos de carreira em 2025. Quando olha para sua trajetória, do que mais se orgulha? Qual avaliação faz do seu caminho até aqui? Didi: Essa resposta não é fácil. Tive uma bênção imensa de poder ter feito parte da MTV em um momento tão único da emissora, fiquei lá até 2006. Depois, fui contratada pelo Multishow, com quem trabalho até hoje. Vejo a minha trajetória formada por momentos de muita sorte, muita luz do destino, e ao mesmo tempo, muita perseverança, dedicação e empenho. Fico muito satisfeita em ver como a minha carreira teve uma trajetória de conquistas e que, junto disso, consegui cuidar muito bem da minha vida pessoal. Tive duas filhas ainda como VJ, fiquei grávida no ar duas vezes na MTV, uma emissora que falava com os jovens. Me sinto corajosa de ter feito isso e vejo uma coragem na MTV também. Claro que eu tenho uma valorização e uma gratidão imensa pelo que eu fiz até hoje, mas tenho essa força motriz que está sempre me fazendo olhar para o agora e para o que vem a seguir. Didi Wagner Taina Bernard / Divulgação Vogue: Você estreou no ano 2000, quando a emissora tinha grande audiência. Como era a relação com o público, as pessoas te abordavam nas ruas? Didi: Tenho uma relação longa com o Multishow da qual me orgulho muito, mas até hoje muitas vezes ainda sou associada à Didi da MTV. Foi muito marcante. Muita gente ainda me encontra e fala: "Você fez parte da minha infância". Aí às vezes é um marmanjo de 45 anos, eu tenho 50 (risos). Eu entrei na MTV com 25 anos. Vogue: É que leva as pessoas para um lugar da memória afetiva... Didi: Sim, era o momento em que a gente não tinha preocupação, né? A MTV fazia companhia durante a tarde. O Mion brincava que a gente fazia um Faustão por dia. Porque o Faustão entrava na Globo aos domingos e ficava a tarde inteira no ar e a gente fazia o Supernova das 15h às 18h todo dia. Era muito louco. Tinham dois videoclipes seguidos, uma soma de uns 7 ou 8 minutos, era o tempo que a gente tinha para ir ao banheiro. Nas primeiras vezes eu fui correndo para ir fazer xixi com o microfone ligado (risos). Era uma aventurinha, a gente ia correndo, era muito divertido. Vogue: Você se tornou mãe neste período. Como foi conciliar a maternidade com o profissional e lidar com todas as questões que uma mãe sente? Didi: Sempre me preocupei muito em tentar equilibrar essas duas frentes, mas não lembro muito de como era quando a Laura nasceu. O que eu fazia era abrir mão de muita coisa: fazer menos ginástica, ficar menos tempo com as minhas amigas. Eu fazia escolhas. Quando a Laura nasceu eu continuei apresentando programas ao vivo e me lembro de ficar muito preocupada com os horários das mamadas. Eu tinha a vantagem de morar perto da emissora, então eu saía, fazia o programa ao vivo, voltava e dava de mamar de novo. Me preocupava em deixá-la bem. E eu tinha ajuda, claro. Didi Wagner Taina Bernard / Divulgação Vogue: Você completou 50 anos em outubro. Como está sendo essa nova fase? Didi: Tem um lado que é um marco mesmo, uma idade redonda, a gente associa isso a chegar à nova metade da sua vida. Mas tem um lado para mim que é libertador, é leve. Claro que tenho minhas angústias, sou autocrítica, mas diria que no geral me sinto inteira e mais convicta das minhas escolhas. Fico um pouco entre essa questão de que a idade não me define, mas ao mesmo tempo, não quero ignorar ou disfarçar esse marco. Me olho no espelho e penso: "Essa sou eu, sigo em busca de autoconhecimento, de evolução pessoal, de sonhos e desafios conquistados, mas com uma sensação de completude.” Vogue: Quando você fala liberdade, é em que sentido? Didi: Liberdade de acreditar mais em mim mesma. Eu sou super autocrítica, não estou resolvidíssima. Mas eu acho que é uma idade em que a gente consegue ter mais entendimento do que importa e do que a gente deveria descartar. Vogue: Você falou de autoconhecimento, como cuida de sua saúde mental? Didi: Faço terapia duas vezes por semana, psicanálise, é um processo bem profundo. Também faço yoga, que me faz muito bem. Eu gosto muito de ser ativa, e as posições da yoga passam por um processo evolutivo que tem um efeito mental muito bom, de estar no momento presente, e do desafio pessoal. Outra atividade física que me traz bastante benefício é um treino que mistura funcional com box. Ali eu extravaso tudo que está me irritando (risos). Vogue: Qual o maior entendimento sobre si teve nesse processo? Didi: É um entendimento de onde eu estou, onde cheguei, para onde eu quero ir e uma autoaceitação permeada por muita autocrítica, por muitos questionamentos internos. Acho que isso é bonito. Saber que somos obras inacabadas, de entender que, por mais que a gente queira acertar, vira e mexe a gente vai acabar errando de novo. Não acho que eu sou 100% acertos, mas também não sou 100% erros. Estou em busca de evolução pessoal, isso já é um ponto a favor. Didi Wagner Felipe Correa e Daniel Sigaki / Divulgação Vogue: Costuma ouvir que não parece que tem 50? Didi: Eu ouço bastante isso, levo como um elogio. As mulheres de 50, alguns anos atrás, já eram tratadas como idosas. Existe um estigma, isso é inegável. Quero me desvencilhar desse estigma, mas ao mesmo tempo parando para refletir sobre o que ter 50 anos representa. Estou nesse lugar. Vogue: Você é mãe de três meninas, de 22, 20 e 16 anos. Em que momento está seu maternar hoje? Didi: Eu me sinto muito afortunada, tenho três filhas que são muito companheiras, parceiras mesmo. São meninas de caráter bom. Cada uma delas tem suas questões e situações desafiadoras, mas sinto que a gente conseguiu construir elos muito profundos – eu com cada uma delas, nós com nossa dinâmica de quatro mulheres e também elas entre si. Quero que a relação delas seja soberana entre elas. Tenho esse cuidado de mostrar que tudo bem elas discutirem, mas tem que haver um cuidado para não gerar um ressentimento mais profundo. Parte da minha maternidade está nessa missão. Cada uma vai ter a sua trajetória, e a única coisa que eu quero preservar é realmente essa ligação. Que não tenha competição, rivalidade, disputa por nada. Elas se dão muito bem e é a única coisa que importa para mim, na verdade. Didi Wagner com as filhas Arquivo Pessoal Vogue: Você se separou em 2023 após 24 anos de casamento. Como está sua vida amorosa? Didi: Está ótima, mas é uma coisa que eu deixo mais preservada. Eu tive um casamento de 24 anos, somando ao namoro foi um relacionamento de quase 30 anos, e tenho muito orgulho dessa história. Agora estou construindo uma nova história. Está tudo redondinho. Vogue: Nos seus 25 anos de carreira outros momentos importante foram as transmissões de festivais de música e também o lançamento de dois guias de viagem. O que representam na sua trajetória? Didi: Lancei o guia "Minha Nova York" falando sobre a cidade onde morei durante um tempo com a minha família e depois eu fiz a versão de São Paulo, com a editora Record. Em termos de vendagem Minha Nova York performou melhor, mas o minha São Paulo é um projeto editorial que me deixa muito contente porque fala da cidade onde eu nasci e morei praticamente a vida toda, é bem completo. Em relação aos festivais, uma das transmissões mais marcantes foi a do Rock in Rio de 2024, edição celebratória dos 40 anos do festival. Fiquei no ar das 14h às 19h todos os dias, ao vivo. Isso é uma coisa que eu faço com prazer e é parte realmente fundamental da minha carreira. É uma loucura. Não é mole, mas eu gosto. Didi Wagner Felipe Correa e Daniel Sigaki / Divulgação Vogue: Já passou algum perrengue ao vivo? Didi: Milhões! Já passei perrengues e gafes, mas também momentos únicos. Em uma das transmissões, entre um show e outro, passa o Chad Smith, baterista do Red Hot Chili Peppers. Ele parou, ficou lá conversando com a gente, tiramos foto, papeamos sobre a vida. Tenho milhões de histórias. Vogue: Você já fez a conta de quantos países já conheceu? Didi: Essa conta eu nunca fiz, eu sou meio teimosa. Tem um lado meu que é menos matemático. Qual o critério de conhecer? Por exemplo, estive na Índia por dois dias e meio. Conheci a Índia? A soma, para mim, é muito mais das experiências do que do número de países. Fazendo o Lugar Incomum há mais de 15 anos, eu já fiz tanta coisa que nem eu paro para lembrar direito, mas já pulei de bungee jump, já desci montanha dos Alpes numa espécie de triciclo. Já pulei no mar da Antártica, saltei de paraquedas, fiz coisas bem aventureiras. Vogue: E quando você pensa nos próximos passos, o que vem pela frente, quais são seus sonhos? Didi: Viajar mais (risos). Eu como comunicadora, sei que tenho um público supercativo e meu objetivo é cada vez alcançar um público maior. Tenho a meta de expandir a minha frente na televisão através da viagem e da música, que são os meus pilares. E tenho a meta de continuar tendo momentos de convívio com a minha família, porque isso me enriquece muito. Fiz uma viagem de comemoração aos meus 50 anos com dez amigas, minhas filhas, minha mãe e minha cunhada. Mesmo tendo feito tanta viagem nessa vida, essa foi realmente uma das mais especiais, foi mágica. A gente chegou lá no Chile e os cactos floresceram, demos essa sorte. As flores dos cactos duram de um a dois dias. A chegou lá, eles estavam normais, acordamos, e estavam com flor. Foi realmente único.