'Passport Bros': preso em SP, americano integrava grupo que patrocina exploração sexual e aliciamento de menores; entenda

Um americano de 30 anos foi preso, nesta segunda-feira (22), no bairro de Liberdade, em São Paulo, suspeito de integrar o movimento denominado "Passport Bros", grupo composto por homens de países desenvolvidos que utilizam o poder econômico para explorar sexualmente de crianças e adolescentes em vulnerabilidades sociais em países da América Latina e Sudeste Asiático. Veja: Brasil tem mais de meio milhão de denúncias de abuso sexual infantil on-line em um ano 'Feminicídio não decola': governo federal lança campanha para ampliar divulgação de canais de denúncia em aeroportos O homem passou a ser investigado após um motorista do Uber comunicar a plataforma sobre uma viagem suspeita envolvendo o transporte de duas menores de idade desacompanhadas na cidade do Rio de Janeiro. A corrida foi solicitada por uma pessoa que utilizava o pseudônimo “Terry William”, responsável por coordenar todo o deslocamento por meio do chat do aplicativo e também via WhatsApp. Segundo o condutor, ficou evidente que havia contato prévio com as vítimas, já que o solicitante repassava diretamente às adolescentes os códigos de validação da viagem. O motorista de aplicativo relatou que as jovens embarcaram sozinhas no bairro do Jacaré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, com destino a Santa Teresa, na Zona Sul. Durante o trajeto, elas informaram que se encontrariam com um homem estrangeiro mais velho que não falava português. De acordo com o condutor, as meninas não souberam explicar como o conheciam e nem informar o destino exato para onde estavam indo. Diante da situação, ele realizou a denúncia por meio do aplicativo, que acionou a Polícia Civil do estado. A partir dessas informações, agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) do RJ, começaram as investigações e monitoramento em conjunto com a empresa de aplicativo e com a Agência de Segurança Interna dos Estados Unidos, que possibilitaram a identificação do homem. No curso das apurações, foi identificado que, no dia 18 de dezembro, o suspeito solicitou uma outra corrida no bairro do Rocha, também na Zona Norte da cidade, onde quatro meninas menores teriam embarcado com destino a Santo Cristo. Durante o monitoramento, os policiais da DCAV descobriram que, no último sábado (20), o homem teria se deslocado para São Paulo e estaria planejando fugir do país. Desde então, equipes da Polícia Civil do Rio e São Paulo, em apoio com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, montaram um cerco para impedir a fuga do estrangeiro. O suspeito, então, foi detido nesta segunda-feira, em São Paulo. Com ele, os agentes apreenderam diversos celulares e equipamentos de informática, além de outros utilizados em produção de conteúdo digital. Os policiais também encontraram, em um pendrive, um vídeo produzido pelo próprio investigado, onde ele abusa de uma criança de aproximadamente 6 a 7 anos, com a presença e consentimento de uma mulher que aparentemente é mãe da criança e oferece dinheiro para o ato sexual. Diante disso, o norte-americano foi preso em flagrante delito por posse de material de abuso e exploração sexual infanto-juvenil. De acordo com a corporação, todo o material apreendido passará por perícia técnica para identificar outras possíveis vítimas e verificar a extensão da rede de exploração sexual. As investigações também revelaram que o cidadão norte-americano utilizava uma rede complexa de múltiplos pseudônimos e contas falsas para dificultar o rastreamento policial. Entre os nomes utilizados estão: "Terry William", "Terry Wilson", "Steve Jennum" e "John Smith". Além deste caso, foram encontradas outras interações semelhantes com diferentes motoristas, onde o suspeito solicitava o transporte de crianças e mulheres para seus endereços de estadia. De acordo com a Polícia Civil do Rio, foi constatado que o estrangeiro possui antecedentes criminais em mais de 13 estados dos Estados Unidos, por crimes como resistência à prisão, conduta desordenada e agressão a policial. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em postagens em redes sociais e transmissões ao vivo (lives), datadas de dezembro de 2025, o suspeito autodeclarou-se "turista sexual" e "passport bro". Há também indícios de que ele arrecadava fundos, de aproximadamente US$ 2 mil, com patrocinadores no exterior para financiar suas viagens, oferecendo em troca transmissões de atos sexuais. Para evitar a fiscalização, ele interrompia as imagens de suas lives enquanto estava fora dos Estados Unidos da América (EUA), demonstrando plena consciência da ilicitude de seus atos.