Moisés Alencastro foi encontrado morto no dia 22 de dezembro em Rio Branco Fernando Menezes/Arquivo pessoal Moisés Ferreira Alencastro e Souza, de 59 anos, era uma das figuras mais conhecidas e respeitadas do meio cultural acreano. Ativista cultural, advogado, colunista social e servidor do Ministério Público do Acre (MP-AC), ele foi encontrado morto na noite de segunda-feira (22), dentro do apartamento onde morava, no bairro Morada do Sol, em Rio Branco. O corpo apresentava ferimentos de faca, e a principal linha de investigação da polícia é de latrocínio, roubo seguido de morte. O MP também acompanha o caso. "O caso foi iniciado pela equipe de pronto emprego, na noite de ontem a perícia esteve no local para realizar do levantamento de dados probatórios do crime. A DHPP inicia as investigações na data de hoje e aguarda o resultado do exame cadavérico", afirmou a Polícia Civil ao g1. Participe do canal do g1 AC no WhatsApp Veja os vídeos que estão em alta no g1 Servidor do MP-AC há mais de 19 anos, Moisés iniciou sua trajetória no órgão em meados de 2006 e, atualmente, atuava no Centro de Atendimento à Vítima (CAV). Ao longo da carreira, o órgão disse que ele se destacou pela dedicação ao serviço público e pela capacidade de conciliar a atuação institucional com uma presença constante na vida cultural do estado. "Servidor do Centro de Atendimento à Vítima (CAV), Moisés Alencastro atuava diretamente no acolhimento de pessoas atingidas pela violência e seus familiares", disse em nota. Initial plugin text Amiga pessoal de longa data, a jornalista Andréa Zilio disse que ele foi crucial na criação do primeiro conteúdo de turismo no Acre, o Turismo Pé na Estrada. "Você partir assim, com toda essa energia que sempre transbordou, já é triste demais. Dessa forma, então, é simplesmente inconcebível. Sua luta sempre foi pela vida, pelo amor, pelo encontro, pela celebração do que há de bom", homenageou ela. Amigos homenageiam Moisés Alencastro, encontrado morto em Rio Branco Reprodução/Instagram No campo das políticas culturais locais, Moisés teve participação ativa no Conselho Estadual de Cultura, onde contribuiu para a formulação e o fortalecimento das políticas culturais do Acre. Reconhecido pelo diálogo e pelo compromisso institucional, era defensor da valorização da identidade cultural acreana e atuava como articulador entre artistas, produtores e o poder público. "No jornalismo, deixou sua marca como observador atento da vida social e cultural, registrando pessoas, acontecimentos e memórias do nosso tempo", frisou o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara, em nota publicada após a morte do ativista. Fundação Elias Mansour publicou nota de pesar pela morte de Moisés Alencastro Reprodução/Instagram Além da atuação institucional, Moisés deixou marca no colunismo social, área em que se consolidou como observador da vida cultural e social do estado. Por meio de textos e registros, acompanhava eventos, personagens e acontecimentos que ajudaram a construir a memória contemporânea do Acre. "Que o nosso Senhor Jesus te receba de braços abertos, amigo. Foram grandes momentos de alegria nessa vida terrena", lamentou o jornalista e colunista social Vagno Di Paula nas redes sociais. Colunistas sociais lamentam morte de Moisés Alencastro Reprodução/Instagram O caso Moisés foi visto pela última vez no domingo (21). Após perderem contato com ele, amigos e colegas passaram a tentar localizá-lo. O sinal do serviço de nuvem do celular, compartilhado com uma amiga, indicou localização no bairro Eldorado, o que levantou suspeitas. Diante da ausência de resposta, o MP-AC autorizou o arrombamento da porta do apartamento. O corpo foi encontrado deitado sobre a cama. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou o óbito. A área foi isolada pela Polícia Militar, e o corpo recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML). O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Durante as diligências, o g1 apurou que o carro de Moisés foi localizado pela Polícia Militar na Estrada do Quixadá, na região do bairro São Francisco, com os pneus furados e o porta-malas aberto. Até a última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso. Moisés Alencastro foi encontrado morto nesta segunda-feira (22) no apartamento onde morava Arquivo pessoal Comoção O governador do Acre, Gladson Camelí, lamentou a morte e afirmou que Moisés "era uma pessoa muito querida na sociedade acreana, conhecido por sua alegria e espontaneidade e parte deixando um legado na cultura do estado e no colunismo social, bem como no serviço público". A Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) manifestou solidariedade aos familiares, amigos, colegas de trabalho e membros do Conselho Estadual de Cultura, classificando a perda como 'irreparável'. "Neste momento de dor, a FEM se solidariza com os familiares, amigos, colegas de trabalho e membros do Conselho Estadual de Cultura, expressando votos de conforto e serenidade diante desta perda irreparável", disse. O presidente da Associação dos Homossexuais do Acre (Ahac), Germano Marino, destacou a importância de Moisés no cenário cultural local. "[Ele] não merecia partir dessa forma, e sua ausência deixa um vazio imenso. Que possamos honrar sua memória com dignidade, empatia e união neste momento tão difícil", complementou. Reveja os telejornais do Acre