O kefir se tornou um item básico em muitas geladeiras, e não apenas por ser uma tendência saudável. Este probiótico natural está ganhando destaque por seus potenciais benefícios para a saúde renal. Em um mundo onde os problemas gastrointestinais são cada vez mais comuns e a microbiota intestinal é o foco de muitas pesquisas, alimentos fermentados como o kefir se tornaram um aliado fundamental. Kefir ou iogurte? Nutricionista explica qual é melhor para a saúde digestiva Em 3 pontos: entenda por que kefir é o alimento chamado de ‘ouro branco’ Isso também é muito útil, especialmente sabendo que a superpopulação bacteriana do intestino delgado (SIBO) e outros distúrbios digestivos já afetam uma certa parcela da população. Essa disbiose intestinal não só causa desconforto como diarreia, constipação, náusea, gases ou fadiga, mas também está ligada a doenças de outros órgãos, incluindo os rins. Portanto, cuidar da microbiota intestinal não se resume a "ter uma digestão melhor", mas, sim, a proteger sistemas essenciais para a eliminação de toxinas e a regulação de fluidos. Nesse contexto, o kefir, antes visto como algo exótico, tornou-se um produto básico de supermercado. Trata-se de um alimento fermentado que pode ser feito com leite de vaca, cabra ou ovelha, ou até mesmo com bebidas vegetais como leite de soja ou de coco. Seu valor reside na grande quantidade de bactérias benéficas que contém: estas não só ajudam a equilibrar a flora intestinal, como também podem ter efeitos diretos e indiretos na saúde renal. Um estudo relaciona essa condição à disbiose intestinal: um aumento de bactérias nocivas e uma perda da barreira intestinal, o que permite que endotoxinas e produtos bacterianos passem para a corrente sanguínea. Manter uma flora intestinal saudável por meio de probióticos, como o kefir, ajudaria a reduzir esse "bombardeio" de substâncias nocivas que os rins precisam filtrar constantemente. A partir daí, são analisadas pesquisas que demonstram os efeitos específicos do kefir. Em indivíduos diabéticos, um estudo observou que seu consumo ajudou a reduzir os níveis de ureia e creatinina no sangue, dois indicadores-chave da função renal, e ofereceu alguma proteção contra os efeitos do excesso de açúcar. Outro estudo, focado em peptídeos do kefir, descobriu que, em dietas com alto teor de sal, esse alimento impedia que os rins se tornassem fibrosos e mantinha sua capacidade de filtração, algo fundamental para prevenir danos estruturais. Leia também: estes alimentos 'gordurosos' podem reduzir risco de demência, aponta estudo sueco Um estudo sobre a cisplatina, um medicamento altamente agressivo para os rins, descobriu que o kefir ajuda a retardar a morte celular causada por esse medicamento no tecido renal. Em outras palavras, ele não só age preventivamente, como também como um potencial protetor contra danos específicos causados por tratamentos intensivos. No entanto, muitos desses estudos foram conduzidos em modelos animais, por isso os especialistas recomendam cautela. Mesmo assim, existem dados em humanos que apontam na mesma direção: uma pesquisa publicada na revista Frontiers in Nutrition, baseada em milhares de participantes, concluiu que aqueles que consomem probióticos regularmente têm menor probabilidade de desenvolver doença renal crônica. O kefir se encaixa perfeitamente nesse grupo de probióticos com potencial protetor. O kefir é mais do que apenas "o iogurte da moda": é um alimento fermentado que, quando consumido diariamente como parte de uma dieta equilibrada, pode ajudar a manter uma microbiota intestinal saudável e, consequentemente, reduzir o risco de danos renais e melhorar certos parâmetros em indivíduos vulneráveis. Embora a pesquisa ainda esteja em andamento, o que já se sabe sugere que a saúde renal também pode começar no intestino e que um copo de kefir por dia pode ser parte da solução.