A canção natalina “Jingle Bells”, sucesso do repertório popular ocidental, tem sido alvo de acusações de racismo nas redes sociais e na imprensa. O movimento decorre de impulsos por leituras associadas à chamada cultura woke. Especialistas em história e música, no entanto, afirmam que a controvérsia não se sustenta do ponto de vista factual e resulta de uma interpretação anacrônica do século XIX. Composta em 1857 por James Lord Pierpont, originalmente com o título One Horse Open Sleigh , a música descreve passeios de trenó no inverno norte-americano. A letra não faz qualquer referência a fatores como raça, etnia ou grupos sociais. Tampouco apresenta conteúdo discriminatório. “Jingle Bells”: uma questão de narrativa A origem da polêmica tem raízes em estudos acadêmicos que analisaram o contexto histórico das primeiras apresentações da canção. A pesquisadora Kyna Hamill, da Universidade de Boston, apontou que uma das execuções iniciais ocorreu em um teatro que recebia espetáculos comuns na época e hoje reconhecidos como racistas por reunir pessoas que pintavam o rosto de preto para representar negros de forma depreciativa. A constatação tornou-se nas redes e em parte da imprensa argumento enviesado para rotular a música como racista. A própria pesquisadora já esclareceu o alcance de sua análise. Em entrevistas, Hamill afirmou que “a música em si não foi escrita como uma obra racista”. Acrescentou da mesma forma que a discussão diz respeito ao ambiente cultural do período; não ao conteúdo da canção. Para ela, confundir contexto histórico com intenção autoral é um erro recorrente. Leia também: “A crueldade da cultura woke” , reportagem publicada na Edição 259 da Revista Oeste Sites de verificação de fatos reforçam essa posição. O Snopes, referência internacional em checagem, concluiu que não há evidências de que “Jingle Bells” tenha sido criada com motivação racista ou que sua letra contenha qualquer mensagem discriminatória. Segundo a plataforma, a associação com espetáculos racistas reflete práticas comuns da indústria cultural do século XIX. Para musicólogos, a polêmica atual exemplifica um fenômeno típico da cultura woke: a tentativa de reavaliar obras antigas com critérios morais contemporâneos, muitas vezes desconsiderando o contexto histórico. “Trata-se mais de lacração simbólica do que de análise histórica séria”, avaliam especialistas. Leia ainda: “Gad Saad: As universidades viraram campos de treinamentos de polícias ideológicas” Sem qualquer posicionamento oficial que classifique a música como racista, o consenso acadêmico permanece claro: “Jingle Bells” não é racista. A controvérsia atual, nesse sentido, revela mais sobre disputas culturais do presente do que sobre a obra em si. + Leia mais notícias de Cultura na Oeste O post ‘Jingle Bells’ não é racista: especialistas explicam origem e contestam leitura woke apareceu primeiro em Revista Oeste .