Cá entre nós: a internet de 2025 parece ter virado o mundo de cabeça para baixo. Confusa, caótica, imprevisível, e até deliciosa. Entre trends, memes, dancinhas e produtos-obsessão, o que se destacou este ano nem sempre fazia sentido à primeira vista. Mas talvez justamente por isso: o absurdo virou linguagem. Entenda: Áudio de propaganda britânica em férias desastrosas viraliza nas redes sociais Millenals x Geração Z: afinal, o que tem por trás da trend do TikTok que mistura trap e anos 1990? A seguir, trouxemos algumas das modas que explodiram e deixaram muita gente olhando para a tela perguntando: “Mas o que é isso mesmo?”. 1. Brainrot Italian Brainrot (ou simplesmente “brainrot”) foi um dos fenômenos mais bizarros do ano. Surgido no começo de 2025, esse formato mistura imagens surrealistas geradas por inteligência artificial, em geral criaturas estranhas, híbridos improváveis entre animais, objetos e até humanos, com narrações em “italiano” (ou algo parecido), nomes absurdos e humor sem lógica. O primeiro grande hit desse movimento, segundo o UOL, foi Tralalero Tralala, um tubarão de tênis Nike, cujo vídeo original combinava imagem surreal, áudio sintético e falas. A despeito da estranheza, ou talvez por causa dela, os brainrots ganharam fãs ao redor do mundo e se espalharam rápido por TikTok, Instagram e YouTube. O que talvez mais intrigasse: ninguém precisava entender o que os vídeos queriam dizer, o efeito vinha do choque, da sobrecarga visual e sonora, do “apodrecimento cerebral” que dava nome ao meme. O tubarão com tênis da Nike virou febre em 2025 Reprodução/Redes sociais 2. Áudio de Jet2 Holidays Outra febre global: o áudio de Jet2 Holidays, uma marca britânica de turismo, se transformou no som das férias de julho nas redes sociais. Aquele anúncio originalmente otimista, com a vozinha alegre e a frase “Nothing beats a Jet2 holiday”, ganhou vida nova quando usuários do TikTok começaram a usá-lo para narrar férias — digamos — desastrosas: malas perdidas, chuvas em vez de sol, confusões em hotéis. Em 2025, o meme já soma milhões de vídeos com o áudio, transformando o jingle de turismo no hino dos “fails de férias”. Assista: Initial plugin text 3. Labubu No meio dessas ondas visuais e sonoras, uma imagem mais “física” da cultura viral também chamou atenção: Labubu, bonecos colecionáveis da fabricante chinesa Pop Mart, que seguem a lógica das “blind boxes” (caixas-surpresa). Labubu sempre teve seus fãs, mas em 2025 a febre voltou com força total: os relatos de esgotamentos, revendas caríssimas e colecionadores virais cresceram. A estética “ugly-cute” — bonecos com orelhas de coelho, sorriso dentado, olhos grandes — dialoga com um desejo da geração Z por identidade visual estranha, autodepreciativa e quase melancólica. Esse contraste entre “fofura” e “estranheza”, entre nostalgia infantil e desejo adulto de pertencimento, ajudou a transformar Labubu em símbolo: nem só de memes vive 2025, também de consumo, desejo e status social, mesmo que disfarçado em pelúcia. Bonecos Labubu em exibição em uma loja da Pop Mart em Xangai Bloomberg 4. Dancinha do garoto na Indonésia Outra moda difícil de decifrar: a dancinha do garoto na proa de um barco na Indonésia. Rayyan Arkan Dikha viralizou ao dançar sobre a proa de uma embarcação tradicional durante uma corrida local, ali por volta do mês de maio e junho. A coreografia, aparentemente simples, ganhou status de trend sob o rótulo de aura farming: a ideia de cultivar uma “aura” visual, uma presença que chama atenção e sugere uma “vibe” mais do que técnica. O impacto foi global: influenciadores, atletas, até celebridades replicaram o estilo. Veja: Initial plugin text A bebida viral do ano: matcha é buscado nas redes sociais 5 vezes mais que o capuccino; entenda 5. Bobbie Goods Bobbie Goods é uma coleção de livros de colorir criada pela ilustradora americana Abbie Goveia, com ilustrações de animais antropomorfizados, cenas cotidianas e traço delicado. No Brasil, as edições começaram a aparecer com força em 2025: nos primeiros sete meses do ano, a série ultrapassou 2,5 milhões de exemplares vendidos. O sucesso, alimentado por vídeos de “coloring ASMR” e por influenciadores usando os livros como símbolo de pausa na correria digital, revelou uma demanda crescente por “desintoxicação visual e mental”. Bobbie Goods para colorir Divulgação 6. Morango do Amor Se Bobbie Goods apela à calma, o Morango do Amor atiça o exagero — e o paladar. A sobremesa, uma espécie de releitura da tradicional maçã do amor, consiste em morangos cobertos com brigadeiro branco e uma casquinha crocante de açúcar colorido. Em julho de 2025, imagens e vídeos da guloseima viralizaram nas redes sociais brasileiras, influenciando confeitarias, docerias e até restaurantes a incluírem o doce em seus cardápios, só para atender a uma procura que explodiu. A febre foi tanta que o doce chegou a superar outros “hypes” do ano no volume de buscas online. Morango do amor Instagram 7. High School Pose Challenge (salto alto sobre objetos instáveis) E se o virais de 2025 deixaram saudades de 2024, uma das trends mais perigosas que emergiram no ano mistura nostalgia com risco real. Inspirada pelo videoclipe de 2013 da Nicki Minaj para a música “High School", a “pose” com salto alto foi reativada em 2025: usuários do TikTok começaram a se equilibrar com uma perna ereta e cruzada sobre latas, garrafas, panelas, latas de esmalte etc. A moda viralizou, com vídeos somando milhões de visualizações. Contudo, o sucesso não veio sem consequências: houve casos de quedas, acidentes graves e profissionais de saúde alertando para os riscos. Veja: Initial plugin text 8. O debate 1 × 20 (ou 1 × 30) Talvez a novidade mais controversa de 2025. Surgido internacionalmente com a web-série Surrounded (da produtora Jubilee Media), o formato coloca uma pessoa — muitas vezes com opinião “de nicho” ou perfil forte — diante de 20, 25 ou até 30 oponentes, com o objetivo claro de gerar tensão, polêmica e muito engajamento. No Brasil e no mundo, surgiram versões adaptadas com disputas de visões políticas, sociais ou identitárias: conservadores x progressistas, vegetarianos x carnívoros, bilionários x trabalhadores — o que rendesse choque suficiente para dominar o feed. A mecânica funciona como um ringue: a pessoa sozinha defende sua visão enquanto a multidão replica argumentos, acusações e provocações, tudo com ritmo acelerado e edição pensada para maximizar o impacto. Muitas vezes, o que menos importa é o conteúdo do debate, o que vale mesmo é a tensão, a polarização, o “espetáculo”. Assista: