Depois da véspera de Natal de praia cheia, com termômetro chegando aos 39,7ºC no Rio, o maçarico segue sem dar trégua. É para se preparar: a temperatura deve chegar aos 40ºC nesta quinta-feira, situação que deve se repetir até o fim de semana, segundo o sistema Alerta Rio. Sem previsão de chuva, o município permanece em estágio 3 de calor — o terceiro de cinco níveis, com termômetros entre 36ºC e 40ºC com previsão de permanência por ao menos três dias consecutivos. No sábado e no domingo, as máximas ficam entre 39ºC e 40ºC, respectivamente. Inea explica: Manchas escuras aparecem nas águas das praias do Rio; entenda o motivo Situação no estado: Secretaria de Saúde do Rio alerta os 92 municípios fluminenses para calor excessivo no Natal Desde esta quarta-feira, está em vigor um alerta do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do estado para os 92 municípios fluminenses, 22 deles com possibilidade de excessos de calor leve, severo ou extremo. A capital é um deles, em nível severo, assim como Niterói e São Gonçalo, em nível extremo. Por que está tão calor no Rio? A explicação é um vórtice ciclônico, responsável por elevar a temperatura em vários estados durante o Natal deste ano. O fenômeno — que está em rotação nas altas camadas da atmosfera — proporciona a criação de um bloqueio atmosférico, intensificando a atuação de uma massa de ar quente e seco. — Para entender o vórtice, basta imaginar uma coluna. Embaixo, há a massa de ar quente. Em cima, ocorre o bloqueio atmosférico. Na sexta, dia 26, no entanto, a previsão do tempo pode mudar e já percebemos a possibilidade de chuva para estados da Região Sudeste — explica a meteorologista Andrea Ramos. O clima pode começar a mudar apenas no fim do domingo, segundo apontou outro meteorologista, César Soares, da Climatempo, quando uma frente fria deve romper esse bloqueio e trazer pancadas de chuva mais abrangentes, além de leve queda nas temperaturas. — Mesmo assim, o Rio deve ficar na casa dos 33ºC, o padrão esperado para o início do verão — afirma Soares. Com todo esse calorão, nesta quarta, enquanto mesas ainda eram montadas para a ceia, muita gente optou por trocar o ar-condicionado pelo mergulho e pela brisa da orla. Em Copacabana, era um tal de guarda-sol disputando espaço na areia, ambulantes circulando com bebidas geladas e famílias inteiras buscando refúgio dentro d’água. — A ceia é só à noite. De dia, a tradição é vir para a praia — contou a aposentada Maria das Dores, de 67 anos. Praia de Ipanema em dia de sol forte no Rio Custódio Coimbra / Agência O Globo Cardume na Zona Sul Entre turistas, a surpresa era o Natal tão distante do imaginário europeu ou americano, de frio e neve. O casal argentino Lucía e Martín Fernández não escondeu o encanto. — É estranho pensar em Natal de biquíni, mas é maravilhoso — disse Lucía. Outra imagem que chamou atenção nesta quarta-feira foi a de manchas escuras em praias da Zona Sul. Teve quem pensasse que era poluição, mas o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) esclareceu: “é um fenômeno natural que ocorre quando grandes grupos de peixes se deslocam próximos à superfície”. Nesse clima, há dias tem gente ficando até de noite na areia. É tanto fluxo noturno que a Guarda Municipal reforçou, desde o início da semana, o patrulhamento preventivo na Praia e na Pedra do Arpoador no período depois que o sol vai embora.