Roma acaba de ganhar dois museus, e eles ficam em novas estações de metrô

Após descerem uma escadaria a poucos metros do Coliseu, as pessoas passam por artefatos de milhares de anos, exibidos em vitrines bem iluminadas e organizadas. Esta coleção de itens arqueológicos, com fragmentos de esculturas, utensílios domésticos e até fundamentos de construções, no entanto, não está num museu, e sim em duas estações de metrô inauguradas na última semana no coração de Roma. Fontana di Trevi: turistas precisarão pagar para chegar perto da fonte mais famosa de Roma; saiba quanto custará Roma: roteiro por atrações inusitadas tem de estátuas gigantes a ruínas em lanchonetes As estações, abertas em 16 de dezembro, são a Colosseo-Fori Imperiali, aos pés das ruínas mais famosas da Itália, e a Porta Metronia, a pouco mais de um quilômetro de distância, nos arredores da antiga Muralha Aureliana, erguida no século III. As duas fazem parte da Linha C, um ambicioso projeto que pretende cortar boa parte do centro histórico da cidade, mas cujo avanço tem sido lento graças às inúmeras descobertas arqueológicas feitas durante as obras. Só este pequeno trecho levou mais de dez anos para ser concluído. Os pequenos museus instalados nas duas estações (e incluídos na tarifa básica do metrô, de € 1,50) ajudam a justificar, em parte, tamanha demora. Na Colosseo-Fori Imperiali, os passageiros podem, através de vitrines, ver dezenas de objetos do cotidiano da Roma Antiga, como jarras, lamparinas de óleo, canos de irrigação, facas e estátuas. Também foram preservados os restos de uma casa datada da República Romana, um balneário termal do período imperial e 28 poços anteriores à construção do primeiro aqueduto de Roma, em 312 a.C. Ruínas de uma antiga casa de banhos termais da época do Império Romano preservada no pequeno museu na nova estação de metrô do Coliseu, em Roma, na Itália Filippo Monteforte/AFP Itália: um roteiro com experiências além dos cartões-postais em Roma e Florença Roma dos gladiadores: um roteiro pelo Coliseu e por outros tesouros da Antiguidade na capital italiana Já a estação Porta Metronia revela aos visitantes os restos de um quartel militar construído há cerca de dois mil anos. O destaque da exposição são as salas da casa onde possivelmente vivia o comandante da unidade, ainda com afrescos das paredes e piso de mosaicos preservados. “Estas duas estações vão viajar pelo mundo”, disse o ministro dos Transportes, Matteo Salvini, à imprensa, durante a inauguração. “Além de atender aos passageiros que trabalham na cidade e aos romanos, qualquer pessoa que venha de fora vai parar nessas estações. Podem até pegar o metrô mesmo sem precisar, só para aproveitar o passeio”. Coliseu-Vaticano Passageira da nova estação de metrô do Coliseu, em Roma, na Itália, fotografa artefatos históricos encontrados durante a obra, e agora exibidos num pequeno museu Filippo Monteforte/AFP Com a abertura das estações Porta Metronia e Colosseo-Fori Imperiali, a Linha C do metrô de Roma chega a 24 das 31 previstas no projeto final. Quando o ramal estiver concluído, terá 29 quilômetros de extensão, ligando os subúrbios a leste de Roma, a partir da cidade de Monte Compatri, à região do Estádio Olímpico, no Norte da capital italiana. Entre um ponto e outro, o trajeto prevê cortar o centro histórico de Roma, incluindo uma passagem por baixo do Rio Tibre e conexões com as estações Ottaviano (linha A do metrô) e San Pietro (trem), usadas para quem visita o Vaticano. Roma pela fechadura: a beleza escondida por trás de um dos melhores segredos da capital italiana Muita gente na cidade, no entanto, ainda acha que será preciso um milagre para que os trens modernos, conduzidos de maneira remota, cheguem aos arredores da sede da Igreja Católica. Desde a idealização desta nova linha, ainda nos anos 1990, o projeto tem sido marcado por incontáveis atrasos, alterações de traçado e aumento de custo, causados não apenas por descobertas arqueológicas, mas também por problemas burocráticos e financeiros. A próxima estação da linha, na Piazza Venezia, perto do monumento a Vittorio Emanuelle II, não deve abrir antes de 2032.