Todos os anos, na véspera de Natal, o diretor Kleber Mendonça Filho coloca “Gremlins” (1984) para assistir ao lado dos filhos, o gêmeos Tomás e Martin. Já o ator Caio Blat lembra com carinho da época em que assistiu a “O expresso polar” (2004) mais de 20 vezes na companhia do enteado João. A atriz Sophie Charlotte não apaga da memória um filme de Natal sueco que assistia quando criança na Alemanha, onde nasceu e viveu até os sete anos. E o que dizer da também atriz Alanis Guillen, que se inspira no drama “Carol” (2015) para a construção de Lorena, sua personagem que vem roubando a cena na novela “Três Graças”, da TV Globo? Os filmes de Natal são uma febre. Nas plataformas de streaming, filmes natalinos ocupam os top 10 de mais vistos. Na TV por assinatura, canais oferecem programação apenas com produções sobre a data. Nas paradas da Billboard, cinco canções natalinas ocupam a liderança das cem músicas mais ouvidas no mundo. No topo, está “All I want for Christmas is you”, de Mariah Carey. Não por acaso, o cinema ajudou “White Christmas”, composição de Irving Berlin na voz de Bing Crosby, a entrar para o Livro Guinness dos Recordes como o single físico mais vendido da história — mais de 50 milhões de cópias. A canção apareceu pela primeira vez em “Duas semanas de prazer” (1942), comédia musical em que Crosby contracena com Fred Astaire, e volta em “Natal branco” (1954), filme dirigido pelo mesmo Michael Curtiz de “Casablanca” onde Crosby é acompanhado por Danny Kaye e Rosemary Clooney (sim, a tia do George). Aproveitando o clima de festas, pedimos a personalidades da cultura para indicar seus filmes de Natal preferidos. Da atriz vencedora do Globo de Ouro por “Ainda estou aqui”, Fernanda Torres, à cantora Simone, eles falam de sua relação com a data ao explicar suas escolhas. Kleber Mendonça Filho (Diretor) Cena de "Gremlins" (1984) Divulgação O responsável pelo badalado “O agente secreto” passou uma tradição aos filhos, os gêmeos Tomás e Martin, de 11 anos. — Meus filmes de Natal são grandes clichês, mas faz muitos e muitos anos que sempre revejo na data. Um deles é “Gremlins”, do Joe Dante, que assisti no Natal de 1984, quando morava em Londres. E há muitos anos, às 18h da véspera de Natal, eu, agora com os meninos, ponho o filme para assistir. No dia 25, já há uns quatro anos, ponho “Duro de matar” (1988), do John McTiernan. Outro que nunca esqueci foi um que faz parte do “Decálogo” (1987), do Krzysztof Kieslowski, e conta a história de um taxista que se veste de Papai Noel. Fernanda Torres (Atriz) A felicidade não se compra Divulgação Vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama por “Ainda estou aqui”, Fernandinha é apaixonada por aquele que é considerado por muitos o maior filme natalino da história da sétima arte: “A felicidade não se compra”, de Frank Capra. Lançado em 1946, traz James Stewart como um homem que pensa em se suicidar e vê, com a ajuda de um anjo, como faria falta se fizesse isso. — É o filme supremo do Natal pra mim. O fim de ano costuma ser acompanhado de muita angústia, e o filme do Capra é uma reflexão sobre o valor de estar vivo, ao lado de quem a gente ama — diz a atriz, que acaba de finalizar as gravações de “Os corretores” com o marido, Andrucha Waddington. Lázaro Ramos (Ator e diretor) Bruce Willis em "Duro de matar" Divulgação Divulgação Lázaro não apenas é um apaixonado por filmes de Natal, como tem um em seu currículo: em 2023, estrelou ao lado de Ingrid Guimarães a comédia “O primeiro Natal do mundo”. Na hora de escolher seu longa favorito para aproveitar o feriado, o artista baiano preferiu um clássico da ação, mas que nem todo mundo concorda que se trata de um filme natalino. — “Duro de matar”, com Bruce Willys, porque como cinéfilo eu adoro a discussão se ele é de Natal ou não. Acho que é um filme de reconciliação às vésperas do Natal. É legal pra discutirmos neste momento em que nós também estamos produzindo filmes de Natal no Brasil — defende. Leandro Hassum (Ator) "Férias frustradas de Natal" (1989) Divulgação Visto recentemente no papel-título da cinebiografia “Silvio Santos vem aí”, o humorista símbolo de boa bilheteria protagonizou aquele que é um dos mais populares filmes natalinos feitos no Brasil: “Tudo bem no Natal que vem”. Lançado em 2021 na Netflix, a comédia (com boas doses de drama) traz Hassum como um pai de família que odeia o Natal. Algo bem diferente da sua realidade. — Sou muito fã de filme de Natal, desde criança que eu adoro. Eu amo “Esqueceram de mim” (1990), como todo mundo. E acho “Férias frustradas de Natal” (1989), com Chevy Chase, maravilhoso, eu morro de rir. Sempre coloco para ver novamente — conta o ator. Alanis Guillen (Atriz) Rooney Mara e Cate Blanchett em "Carol" Divulgação Alanis se inspirou em um filme natalino para compor Lorena, apaixonada por Juquinha (Gabriela Mevedovski) na novela “Três Graças”. Trata-se de “Carol” (2015), drama de Todd Haynes com Cate Blanchett e Rooney Mara. — É um filme que retrata com delicadeza o romance entre duas mulheres, tendo o Natal como pano de fundo, um elemento que adiciona atmosfera, beleza e certa suspensão do tempo à narrativa. É uma fonte de inspiração para mim neste momento — revela Alanis, que também cita um clássico. — Um filme que amo e ao qual sempre retorno é “Edward mãos de tesoura”. Uma história sobre o que é diferente, sobre os desafios de existir fora do padrão. Juliana Paes (Atriz) Cena de "Simplesmente amor" Divulgação Destaque recentemente nas séries “Vidas bandidas” e “Os donos do jogo”, a atriz carioca, de 46 anos, é daquelas que decora sua casa para a festa sem poupar esforços (nem objetos típicos dessa época). Juliana também é apaixonada por músicas e filmes que celebram a data. — “Simplesmente amor” (2003) me marcou muito sobre o Natal — diz Juliana, sobre a comédia romântica inglesa que segue diferentes tramas em Londres. — É um filme que fala sobre histórias de todos os tipos de relação e afetos. E tem na trilha sonora nossa musa Mariah Carey com “All I want for Christmas is you”, um hino natalino. Raphael Montes (Escritor) Cena de Esqueceram de mim Reprodução O escritor e roteirista aponta um clássico natalino infantil como uma das inspirações para sua trajetória no suspense. — Meu filme favorito de Natal é “Esqueceram de mim”. Essa história marcou a minha infância e a de muitos que nasceram nos anos 1980 e 1990. Além disso, se pensarmos bem, é um thriller, um filme de suspense narrado da perspectiva infantil de uma criança sozinha em casa e que enfrenta bandidos em pleno Natal. Acredito que esse filme fez nascer meu interesse por histórias de mistério e suspense, que fazem você sentir aquele arrepio na espinha — diz o autor da série “Dias perfeitos” sobre a comédia com Macaulay Culkin e Joe Pesci. Jeniffer Nascimento (Atriz) Tom Hanks em "O expresso polar" Divulgação Estrela da novela “Êta Mundo Melhor!”, a atriz e cantora paulista, de 32 anos, destaca uma animação que ficou famosa pela participação do ator Tom Hanks. — Amo “O expresso polar” (2004). Tenho uma memória afetiva muito grande por este filme e a trilha sonora — elogia Jenniffer sobre a animação digital dirigida por Robert Zemeckis em que um jovem embarca em um trem rumo ao Polo Norte. Sophie Charlotte (Atriz) Cena do filme sueco "Neues von uns Kindern aus Bullerbü" Divulgação Estrela da novela “Três Graças”, Sophie Charlotte nasceu na Alemanha, onde viveu até os 7 anos. É de lá que a atriz de 36 anos traz a memória de um filme natalino. — Tem um filme infantil que eu amava na infância e via em alemão, mas ele é sueco. Chama-se “Neues von uns Kindern aus Bullerbü” (“Novidades das crianças de Bulerbü”, em tradução livre, de 1987). Também amo “A felicidade não se compra” (1946), “Esqueceram de mim” e “Grinch” (2000). E gosto de filmes que não são de Natal, mas têm o Natal presente, como “Os seus, os meus e os nossos”, de 1968, com a Lucille Ball, que sempre amei. Simone (Cantora) Ator de 'Esqueceram de Mim' diz que barganhou valor milionário para fazer filme 2 Reprodução Responsável pelo maior hino natalino brasileiro, “Então é Natal”, a cantora e compositora conta que vê e consome tudo o que é ligado à data. — Já vi muitos filmes de Natal. Tudo de Natal é importante para mim. Lembro particularmente de “Esqueceram de mim 2: Perdido em Nova York” (1992), com o menino (Kevin, vivido por Macaulay Culkin) passeando pela Quinta Avenida toda decorada — destaca a artista, que hoje completa 76 anos. Caio Blat (Ator) O também diretor e roteirista de 45 anos guarda com carinho as vezes em que assistiu “O expresso polar” na companhia do enteado João, filho da atriz Maria Ribeiro, com quem viveu um relacionamento de 12 anos. — Meu filme de Natal favorito é “O expresso polar”. Meu enteado era apaixonado por ele quando pequeno. A gente assistia mais de 20 vezes na época de Natal. Tem o Tom Hanks como condutor do trem, é um filme muito mágico, que fala sobre este sentimento de fé no Natal — justifica o Benjamin de “Beleza Fatal”. Alice Wegmann (Atriz) Cena de 'O Grinch' Reprodução Destaque como Solange Duprat na versão 2025 de “Vale tudo”, da TV Globo, Alice cita com carinho o longa “O Grinch”, adaptação do livro “Como o Grinch roubou o Natal”, do autor infantil americano Dr. Seuss. O filme dirigido por Ron Howard tem Jim Carrey no papel principal da criatura mal-humorada que deseja acabar com o feriado. — Eu tinha um misto de amor e medo do Grinch, adorava o filme. Acho um clássico dessa época maravilhoso e inesquecível — revela a carioca, de 30 anos. Mônica Martelli (Atriz) Assim como Fernanda Torres, Mônica citou “A felicidade não se compra”, o clássico de Frank Capra, como seu filme de Natal preferido. — É um filme clássico que amo muito e que já vi umas cinco vezes. Quando minha filha Júlia era mais nova, todo Natal eu assistia com ela. É um filme que resgata valores muito humanos, que não são focados no capitalismo e na ambição. É sobre um homem que perde todo seu dinheiro e decide se matar. Mas aí aparece um anjo para mostrar para ele todo bem que ele fazia às pessoas. É um filme que acalenta o coração. Kelner Macêdo (Ator) Rejane Faria na série 'O Natal dos Silva' Divulgação Destaque como Cristian Cravinhos da série “Tremembé”, Kelner Macêdo admite que não é tão fã assim de filmes natalinos. O ator paraibano, de 31 anos, no entanto, se pegou envolvido com uma produção voltada para a data e produzida no Brasil. — Eu não sou tão ligado, apesar de obviamente ter crescido assistindo “Esqueceram de mim” na Sessão da Tarde. Mas esse mês o Canal Brasil lançou uma série que me pegou, “O Natal dos Silva”, criada pelo Gabriel Martins, da Filmes de Plástico. É uma série muito brasileira. Adoro tudo o que eles fazem — conta o ator, dizendo-se emocionado com a história do Natal de uma família negra após a morte da sua matriarca. Taís Araujo (Atriz) Assim como o marido Lázaro Ramos, a Raquel Acioli da versão de 2025 de “Vale Tudo” também tem um filme de Natal para chamar de seu. A atriz carioca, de 47 anos, foi uma das protagonistas de “Ritmo de Natal”, comédia romântica do Globoplay lançada em 2023 com Clara Moneke e Isacque Lopes. Na hora de escolher o favorito que viu, ela se rende ao charme do Macaulay Culkyn criança. — Meu filme natalino é “Esqueceram de mim”. Foi o filme da minha infância. Matheus Nachtergaele (Ator) Cena de "Feliz Natal", dirigido por Selton Mello Divulgação Outro que também marcou o remake de “Vale tudo”, Matheus Nachtergaele conta não ser um grande fã de filmes natalinos. Ele, no entanto, admira bastante um produzido no Brasil. OJoão Grilo de “O auto da Compadecida” trata de prestigiar o seu parceiro de aventuras Chicó e conta ser apaixonado por “Feliz Natal”, dirigido por Selton Mello em 2008. — “Feliz Natal” é belíssimo, de verdade. No primeiro filme, os cineastas de vocação tendem a colocar toda sua coragem e intimidade, as temáticas principais que movem seu mundo interior. Selton fez isso em seu primeiro longa — destaca o paulista, de 57 anos.