Cirurgia de Bolsonaro: entenda como serão os procedimentos que o ex-presidente será submetido

Internado na quarta-feira, 24, em Brasília para exames e preparo pré-operatório para a cirurgia de correção de uma hérnia inguinal bilateral, o ex-presidente Jair Bolsonaro está pronto para realizar os procedimentos, segundo a equipe médica. A estimativa é que a cirurgia dure de três a quatro horas e que ele fique internado por uma semana, porém, novas avaliações serão realizadas após a cirurgia e no decorrer do pós-operatório. Boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star por volta das 16h de quarta-feira informou que Bolsonaro realizou exames pré-operatórios, com avaliação cardiológica e de risco cirúrgico, sendo considerado apto para o procedimento proposto. A cirurgia está programada para ocorrer hoje, a partir das 9h, sob anestesia geral, com previsão de 4 horas de duração. "A necessidade do procedimento de bloqueio anestésico do nervo frênico será avaliada durante a internação, a depender da evolução do pós- operatória e condição clínica", diz o texto. Entenda os procedimentos Peritos médicos da Polícia Federal concluíram que Bolsonaro precisa passar por uma cirurgia para o tratamento de uma hérnia inguinal bilateral. O ex-presidente, que está preso em uma cela especial da Superintendência da PF, em Brasília, desde novembro, passou por uma bateria de exames para verificar o que está provocando uma crise frequente de soluços. A hérnia inguinal é um problema de saúde caracterizado por uma protuberância que surge na região da virilha. Isso acontece quando um orifício ou uma fraqueza nos músculos abdominais acabam permitindo que o tecido mole que faz parte do intestino atravesse a região muscular em direção à pele da virilha, formando ali uma saliência. Quando isso ocorre dos dois lados, ela é chamada de bilateral. E pode causar inchaço, dor ou desconforto, especialmente ao fazer esforço, tossir ou ficar muito tempo em pé — embora às vezes seja assintomática. O problema é mais comum em homens, podendo se manifestar em qualquer idade, embora seja mais frequente em recém-nascidos ou idosos. O sintoma mais comum é a protuberância na região da virilha. O diagnóstico é feito por meio de observação do quadro clínico pelo médico especialista. Em casos leves, sem sintomas fortes, o tratamento pode envolver apenas o acompanhamento. Porém, nos mais graves, a intervenção cirúrgica é necessária, como no caso do ex-presidente. Se não tratado, o problema pode provocar quadros de encarceramento ou estrangulamento da hérnia. No caso de encarceramento, há um aumento súbito do volume que impossibilita a recolocação do tecido no local certo, o que pode levar a uma obstrução intestinal. Já no caso de estrangulamento, acontece a interrupção do fluxo de sangue na região, podendo levar à necrose da parte do intestino, um quadro considerado extremamente grave. cirurgia-hérnia-bolsonaro Arte/O Globo Bloqueio anestésico do nervo frênico Além da cirurgia, os médicos programaram um procedimento chamado "bloqueio anestésico do nervo frênico", responsável pelo movimento do diafragma. A medida busca controlar soluços persistentes, que não responderam ao tratamento medicamentoso. O bloqueio anestésico do nervo frênico é um procedimento para interromper a função do diafragma (paralisia temporária). Usado intencionalmente para tratar soluços persistentes (hiccups) — sintoma frequentemente informado por Bolsonaro. No procedimento é utilizado uma pequena quantidade de anestésico e injetada perto do nervo frênico, que controla o diafragma. O processo é guiado por ultrassom e/ou estimulador de nervos para identificar o nervo com precisão e evitar punções acidentais. O objetivo de todo o procedimento é visando aliviar o diafragma irritado, como em casos pós-cirúrgicos ou de refluxo, mas requer monitoramento respiratório devido ao risco de insuficiência respiratória. Este, aliás, é o principal risco do processo. E especialmente se ambos os nervos frênicos forem bloqueados ou em pacientes com pulmões comprometidos. Por isso requer observação prolongada e monitoramento respiratório pós-procedimento. A realização da cirurgia foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes na última sexta-feira, depois que uma perícia da Polícia Federal apontou a necessidade da realização da intervenção médica. Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão após condenação pelo STF por tentativa de golpe de Estado. Na decisão, Moraes ressaltou que a autorização para a internação não interfere na execução da pena. cirurgia-soluço-bolsonaro Arte/O Globo