Hackers e estelionatários conseguiram entrar no sistema da justiça e incluir falsos alvarás de soltura para comparsas. Com o esquema, quatro detentos deixaram o Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, pela porta da frente, no último sábado. Os criminosos haviam sido presos em 10 de dezembro numa operação contra uma organização suspeita de acessar ilegalmente a rede do Judiciário. Tainara Souza: 'Acabou o sofrimento, e agora é pedir por justiça', diz mãe após morte de mulher arrastada em SP Leia mais: Funai denuncia presença maciça do CV em Terra Indígena em MT Os detentos beneficiados pela fraude foram identificados como Ricardo Lopes de Araujo, Wanderson Henrique Lucena Salomão, Nikolas Henrique de Paiva Silva e Júnio Cezar Souza Silva — este último foi recapturado na noite de segunda-feira. Segundo a rádio Itatiaia, Ricardo Lopes de Araújo, conhecido como Dom, é apontado como líder do esquema. Ele teria utilizado os colegas como "cobaias" antes de fraudar o alvará para si mesmo. As investigações apontam que o grupo criminoso usou credenciais, como logins e senhas, associadas a juízes para entrar no sistema do Conselho Nacional de Justiça e inserir dados e documentos falsos. Além de emitir os alvarás no Banco Nacional de Mandados de Prisão, a quadrilha tentava liberar veículos apreendidos e valores bloqueados pela Justiça. Não se sabe, até o momento, como a organização criminosa teve acesso às credenciais dos magistrados. A Secretária de Segurança Pública de Minas Gerais e o Tribunal de Justiça do estado investigam o caso. As autoridades disseram que os alvarás falsos foram identificados em menos de 24 horas e devidamente cancelados, com a restauração das ordens de captura. Forças de segurança foram acionadas para localizar os foragidos. Em nota, o Conselho Nacional de Justiça afirmou que não houve invasão ou violação estrutural aos sistemas judiciais. O CNJ disse ainda que não há, até o momento, indício de falha sistêmica ou de envolvimento de servidores no esquema. Com a repercussão do caso, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (PSD), anunciou que o estado vai atrasar o cumprimento das próximas ordens de soltura para checar a autenticidade das decisões judiciais.