Ao reassumir um mandato parlamentar depois de 18 anos, Heloísa Helena defendeu a abertura de uma CPI para investigar as traficâncias do Banco Master. A deputada justificou a ideia com um ditado do sertão: “Quem for podre que se quebre”. O escândalo do Master não se limita à aventura de Daniel Vorcaro. O banqueiro só fez o que fez porque contava com cúmplices no mercado e na política. Ao que tudo indica, sua teia também chegou ao Judiciário. A Faria Lima já lavou as mãos. Corretoras que indicaram títulos podres do Master embolsaram o lucro e terceirizaram o prejuízo. Quem investiu mais de R$ 250 mil não poderá apelar ao Fundo Garantidor de Créditos para reaver o que perdeu. Os líderes da bancada de Vorcaro também evaporaram. O senador Ciro Nogueira foi pedir a bênção natalina de seu professor, Paulo Maluf. Os governadores Cláudio Castro e Ibaneis Rocha não explicaram por que Rioprevidência e BRB despejaram dinheiro no banco encrencado. Na semana passada, o ministro Jhonatan de Jesus, do Tribunal de Contas da União, surpreendeu ao questionar a liquidação do Master. Deveria perguntar por que a gestão anterior do Banco Central ignorou os sinais de fraude por tanto tempo. Nas últimas semanas, a sombra de Vorcaro começou a pairar também sobre o Supremo Tribunal Federal. O colunista Lauro Jardim revelou que o ministro Dias Toffoli viajou de jatinho com o advogado de um diretor do banco antes de decretar sigilo sobre as investigações. Depois a colunista Malu Gaspar informou que o Master fechou contrato de R$ 3,6 milhões mensais com o escritório de Viviane Barci de Moraes, mulher de Alexandre de Moraes. Ela ainda noticiou que o ministro teria tratado das encrencas do banco com o presidente do BC, Gabriel Galípolo. Os dois confirmaram as reuniões, mas disseram só ter debatido a Lei Magnitsky. Acreditando-se na versão oficial, resta explicar por que o banco em apuros não escolheu outra banca para defendê-lo. Na melhor hipótese, fica evidente a urgência de regras para coibir possíveis desvios éticos e conflitos de interesse. Não será surpresa se uma CPI sobre o banco de Vorcaro produzir muita espuma e pouco chope. Ainda assim, toda investigação é bem-vinda. Até onde? Que se aplique a lei de Heloísa. Ministro no jatinho: Toffoli mostrou urgência de código de conduta Um código para o STF: As dez regras sugeridas pela coluna