Lorena entrou na vida da audiência de Três Graças em outubro de 2025 como um dos caminhos afetivos mais observados da novela das nove da TV Globo. Logo nos primeiros capítulos, a personagem - parte de um núcleo familiar complexo e em tensão com seus próprios privilégios - começou a chamar atenção não apenas pela presença, mas pelo modo como o afeto se constrói na tela. “Nos primeiros dias, ficou claro o quanto era necessário falar de um assunto tão importante de forma honesta, sensível e verdadeira”, afirma Alanis Guillen em entrevista exclusiva à Vogue Brasil. A dinâmica familiar se amplia também através de Leonardo, irmão de Lorena vivido por Pedro Novaes, cuja trajetória afetiva acompanha o envolvimento com uma mulher trans, interpretada por Gabriela Loran. Desenvolvido de forma integrada - sem ser isolado em um discurso didático -, o arco mostra o esforço da novela em refletir camadas contemporâneas de afeto e identidade dentro do mesmo núcleo narrativo. Lorena, por sua vez, surge com conflitos próprios e um senso de posicionamento que a diferencia no universo da trama. O ponto de inflexão de seu percurso afetivo é o encontro com Juquinha, interpretada por Gabriela Medvedovski, relação que aos poucos se constrói em parceria, cuidado e proximidade. “O amor acontece assim, de maneira íntima, afetiva e verdadeira”, diz Alanis, ao descrever como a relação entre as duas personagens se desenvolve sem apelos melodramáticos ou estereótipos. A forma como esse romance foi apresentado tem sido um dos motivadores da repercussão - tanto por parte de públicos tradicionais da novela quanto em comunidades online que passaram a acompanhar de perto o casal shippado como Loquinha. Nas redes, a narrativa extrapolou fronteiras; fãs de países como Tailândia, Indonésia e América Latina estão traduzindo cenas e reagindo à forma como a história é contada, traduzindo um interesse que vai além do espectador brasileiro. Alanis, que namora a produtora Giovanna Reis, associa parte desse engajamento à maneira como a trama lida com a representação afetiva. “Essas personagens passam a existir para além dos espaços que ocupam na tela, ampliando a conversa e abrindo diálogos com o nosso país e também com o mundo”, comenta, lembrando que a novela circula tanto na televisão aberta quanto nos universos digitais que conectam públicos diversos. No panorama atual da televisão brasileira, essa presença afetiva ainda parece uma exceção no horário nobre, mesmo enquanto outras mídias incorporam esse tipo de narrativa com maior frequência. A própria atriz destaca que a potência da telenovela está em sua capacidade de continuar ocupando o cotidiano cultural: “A telenovela ajuda a formar pensamentos, a ampliar olhares e a construir uma consciência coletiva mais conectada com o que é real.” Alanis Guillen Jorge Bispo/Divulgação O processo de criação de Lorena não se deu de forma isolada. Alanis ressalta a troca com o elenco - entre eles a própria Medvedovski, Pedro Novaes e outros colegas como Murilo Benício e Andréia Horta - como parte de um ambiente de trabalho que permite aprofundar nuances em cena. “Cada ensaio, cena e conversa fora de cena contribui para que eu encontre nuances mais verdadeiras, mais humanas e mais potentes para a personagem”, conta ela, apontando para a dimensão coral da construção dramatúrgica. A trajetória de Alanis já vinha marcada por desempenhos que ressoam com o público (especialmente a interpretação de Juma Marruá no remake de Pantanal em 2022), mas em Três Graças a atriz se depara com um momento de maior circulação e impacto, atravessado por conversas sobre amor, presença e reconhecimento. “Para mim, não se trata apenas de contar uma história, mas de construir uma presença que seja justa, sensível e coerente com o tempo em que vivemos,” diz. Canal da Vogue Quer saber as principais novidades sobre moda, beleza, cultura e lifestyle? Siga o novo canal da Vogue no WhatsApp e receba tudo em primeira mão!