Do banho de roupa à fila de ventiladores, vale tudo para driblar o calor no verão do maçarico no Rio

“Calor natalino”, “verão do maçarico”... Faltam expressões para definir estes dias que têm transformado o Rio num caldeirão. Em casas de diferentes cidades da Região Metropolitana, nas mesas fartas, itens como mousses e pastas preparadas para o jantar derreteram — e não é exagero. Em lares onde o ar-condicionado faltou, para manter a união da família, o jeito foi enfileirar ventiladores quase como ficam os presentes embaixo da árvore. Rio 40 graus: veja dicas de guarda-vidas que faz sucesso nas redes sociais para aproveitar a praia sem riscos neste verão; vídeo Chef premiada, Roberta Sudbrack denuncia furto de ceias por motorista de aplicativo e prejuízo de R$ 4 mil Ventiladores, no plural, tentando refrescar almoço da família Caetano no Natal Domingos Peixoto / Agência O Globo Foi o que aconteceu com a Família Caetano, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense: cinco aparelhos garantiram a climatização da festa, onde 14 pessoas celebraram juntas a data cristã. Cinco anos depois de perder a irmã que organizava as celebrações (Glauce, então com 39 anos), Geisi, de 48, diz que a família fez questão de estar junta após o luto. — Não queríamos que o calor nos impedisse de estar junto. Tinha ventilador em cima da ceia, da gente... Chegamos arrumadinhos e, logo depois, eu já estava de cabelo preso, as crianças mais à vontade... — conta Geisi Caetano. — Meu cunhado disse que o termômetro estava marcando 41°C. Ventiladores enfileirados O refresco pós-ceia só chegou perto das 3h. Mas nesta quinta-feira, na hora de almoço, o calor já tinha voltado com força total. Foi preciso, então, recorrer às bacias e à piscina de plástico. Os trajes, claro, também eram diferentes: shorts, maiô, roupas de banho (ou até mesmo peças do dia a dia). Todos aptos para aproveitar quaisquer recipientes onde coubesse ou de onde saísse água para amenizar as altas temperaturas. — A alegria do Senhor é a nossa força. Criamos esses momentos para vencermos juntos as adversidades — brinca Geisi. Numa casa vizinha, as crianças e adultos da Família Pereira Ribeiro se esbaldavam numa caixa d’água e com banhos de mangueira na tarde de Natal. Só assim, disseram, estava possível driblar o calor. A cerca de 40 quilômetros de distância, no Recreio, na Zona Sudoeste, a família do ator Claudio Jorge encontrou outra saída para enfrentar o calor: enfileirou ventiladores como um trenó. — Na madrugada, o calor estava tão intenso que levamos a ceia para fora de casa e continuamos com os ventiladores — conta. Nada de Polo Norte Até quem estava em ambientes climatizados com ar-condicionado sofreu. Limachem Cherem, que há décadas trabalha como Papai Noel em shoppings e hotéis e se tornou conhecido na capital do Rio, diz que a sensação térmica dentro da roupa ultrapassa os 45°C e, com a correria de trabalho e as sequenciais visitas a casas de famílias nessa época, colegas seus passaram mal: — Nossa roupa de Papai Noel tem uma de algodão por baixo. Depois, colocamos a de veludo. Ela fica com 12 quilos. Após usada por três horas, ela passa para 20 quilos — diz o ator, que cita a alta sensação térmica dentro da roupa. —Tivemos Papais Noéis passando mal nos tronos devido ao calor, mesmo hidratando, tomando muita água, ingerindo frutas... Esse ano teve Papai Noel baixando no posto de emergência do shopping para se recuperar. Sob o sol das praias, o desgaste foi igualmente intenso. A vereadora Talita Galhardo compartilhou um clique de vendedores de mate se protegendo do sol na Praia da Barra, na Zona Sudoeste: três ambulantes cansados e com a mercadoria arriada.