Quando o ano começou, um bilionário com laços estreitos com a Casa Branca parecia certo como o titã de tecnologia mais noticioso de 2025. Mas, 12 meses caóticos depois, Larry Ellison — e não Elon Musk — pode reivindicar legitimamente o título. O cofundador e presidente do conselho da Oracle, de 81 anos, esteve onipresente, desempenhando um papel em praticamente todas as grandes histórias empresariais do ano, do frenesi (ou bolha) da inteligência artificial (IA) aos megafechamentos que vêm sacudindo Hollywood. A Oracle chegou até a planejar a compra de uma participação no TikTok como parte de um plano algo tortuoso para ajudar Donald Trump a salvar o popular aplicativo de vídeos. Ao longo do caminho, a fortuna de Ellison oscilou ao sabor das ações da Oracle — uma linha de febre de uma era volátil. O ano começou com o Stargate, talvez o mais audacioso de todos os projetos de data centers. Em 21 de janeiro, um dia após a posse de Trump, o presidente apareceu na Casa Branca ao lado de Ellison, do CEO da OpenAI, Sam Altman, e do chefe do SoftBank, Masayoshi Son, para anunciar um plano de US$ 500 bilhões para construir infraestrutura de IA. Muitos superlativos foram usados naquele dia — 100 mil empregos! — e alguns céticos consideraram a soma gigantesca mais aspiracional do que concreta. Desde então, a Oracle iniciou uma expansão histórica de data centers otimizados para IA, que vem avançando mais rápido do que muitos esperavam. O esforço levou o fluxo de caixa da empresa ao terreno negativo pela primeira vez desde o início dos anos 1990. Mas Ellison, que notoriamente deixou passar a revolução da computação em nuvem há 15 anos, de repente se tornou um entusiasta da IA. No verão, a OpenAI fechou um acordo estimado em cerca de US$ 300 bilhões para alugar uma enorme capacidade de computação da Oracle, colocando o principal laboratório de IA a caminho de se tornar o maior cliente da empresa. Os investidores se entusiasmaram em setembro, quando a Oracle revelou a dimensão total de seus negócios com a OpenAI. O patrimônio líquido de Ellison saltou US$ 89 bilhões em um único dia, para US$ 388 bilhões — o maior aumento diário já registrado pelo Bloomberg Billionaires Index. Isso o tornou, ainda que brevemente, a pessoa mais rica do mundo, superando Musk. A fortuna em expansão se conectou bem às ambições de seu filho David de se tornar um magnata de Hollywood. Em agosto, a Skydance Media, de David Ellison, finalmente concluiu um acordo para assumir o controle da Paramount, uma aquisição financiada em grande parte por Ellison pai. David Ellison, presidente e diretor executivo da Paramount Skydance Corp Bloomberg Semanas após fechar o negócio da Paramount, David Ellison voltou seus olhos para a Warner Bros., oferecendo-se para assumir a casa de Batman, Harry Potter e Pernalonga. Seu pai se ofereceu para ajudar a financiar a transação e apresentou pessoalmente a proposta a executivos da Warner Bros. Não adiantou. A Warner Bros. recusou a oferta da Paramount Skydance e aceitou uma da Netflix Inc. em seu lugar. O Ellison mais jovem respondeu com uma proposta hostil — um movimento que seu pai já havia feito no início dos anos 2000 para comprar a empresa de software PeopleSoft. A segunda oferta da Paramount foi rejeitada, com a Warner Bros. colocando em dúvida a capacidade da empresa de entregar a parte em capital próprio da proposta. Em resposta, Larry Ellison concordou em garantir pessoalmente US$ 40,4 bilhões em financiamento. É muito dinheiro, mesmo para ele. Nos últimos meses, a fortuna de Ellison encolheu, refletindo a queda no preço das ações da Oracle. Muitos investidores passaram a se mostrar céticos em relação aos gastos com IA em geral e veem a Oracle como especialmente vulnerável em comparação com seus pares, já que a empresa acumulou muita dívida para financiar sua corrida por data centers e depende da OpenAI para uma parcela significativa de seus negócios futuros. Ellison é atualmente a quinta pessoa mais rica do mundo, com um patrimônio líquido de pouco menos de US$ 250 bilhões. Portanto, ele tem ativos suficientes para honrar a garantia várias vezes. No entanto, sua alta concentração em ações da Oracle torna incerto quanto dinheiro em caixa ele conseguiria mobilizar imediatamente caso fosse chamado a oferecer todo o respaldo de US$ 40,4 bilhões, o que levanta a possibilidade de ter de vender ações ou dar mais papéis em garantia. Antes de 2025, Ellison usava seu dinheiro principalmente para colecionar troféus, incluindo aviões, veleiros, imóveis em Malibu e grande parte da ilha havaiana de Lanai. Ele também flertou com Hollywood ao financiar filmes de seus filhos. Agora, sua fortuna está atrelada ao mercado de IA, ferozmente disputado, e a uma empresa de mídia ainda não comprovada e carregada de dívidas, comandada por seu filho.