Onda de calor: os remédios comuns que aumentam o risco de doenças relacionadas às altas temperaturas; veja quais são

Alguns dos medicamentos mais comumente prescritos e vendidos sem receita compartilham o mesmo efeito colateral pouco conhecido: aumentam o risco de doenças relacionadas ao calor. À medida que as mudanças climáticas tornam as altas temperaturas mais frequentes e intensas em todo o mundo, o risco de doenças relacionadas ao calor também aumenta. Adeus rugas: o superalimento recomendado pelos especialistas para rejuvenescer a pele e gerar mais colágeno Água com gás: hidrata? É natural? Qual efeito das borbulhas no corpo? Especialistas tiram todas as dúvidas sobre a bebida Ter uma doença cardíaca não só aumenta a vulnerabilidade ao calor extremo, como também muitos dos medicamentos usados ​​para tratar problemas coronários. Eles podem afetar o fluxo sanguíneo ou a capacidade do corpo de reter água. Outros tipos de medicamentos que podem ajudar com alergias e depressão também podem reduzir a capacidade do corpo de suar, um mecanismo fundamental para se manter fresco, ou causar transpiração excessiva. Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) listam mais de 10 categorias amplas de medicamentos com possíveis impactos do calor, que incluem dezenas de remédios. Mas não se sabe se todos os medicamentos nessas categorias realmente representam um risco para as pessoas no calor. — Há muito pouca pesquisa concreta sobre os impactos de diferentes medicamentos na nossa capacidade de tolerar o calor — afirma Larry Kenney, professor de fisiologia e cinesiologia da Penn State, que considera algumas das listas de medicamentos associados ao calor excessivamente abrangentes. Um número relativamente pequeno de estudos clínicos com humanos examinou os impactos de medicamentos específicos. Geralmente, esses estudos envolveram um número limitado de participantes, normalmente homens jovens e saudáveis. Alguns dos mais vulneráveis ​​a doenças relacionadas ao calor incluem crianças e idosos, estes últimos que também costumam tomar vários medicamentos para tratar doenças crônicas. — É pouco útil dizer: "OK, clinicamente, o que isso significa para o idoso sentado à minha frente que toma oito medicamentos diferentes, quatro dos quais estão nas categorias divulgadas pela OMS ou pelo CDC?" — diz Hayley Blackburn, farmacêutica e professora associada da Escola de Farmácia Skaggs da Universidade de Montana. Especialistas médicos recomendam que as pessoas continuem tomando seus medicamentos e elaborem um plano para se manterem frescas. — Em última análise, a melhor coisa que você pode fazer para se manter seguro durante qualquer tipo de risco climático, incluindo o calor, é manter suas condições médicas crônicas subjacentes bem controladas — diz Catharina Giudice, médica de emergência e pesquisadora em mudanças climáticas e saúde humana no Centro FXB da Universidade de Harvard. Ela recomenda que aqueles que tomam medicamentos que os colocam em risco durante o calor também planejem ter acesso a ar-condicionado ou que alguém os visite durante uma onda de calor. Aqui está uma lista de alguns dos medicamentos mais conhecidos com impactos no calor. Anti-histamínicos Quem sofre de alergias está bastante familiarizado com esse tipo de medicamento, que pode ajudar com os sintomas da rinite alérgica ou reações adversas a alimentos. Nem todos os anti-histamínicos impactam fortemente a reação do corpo ao calor, mas o principal, sobre o qual Blackburn alerta, é a difenidramina. Identificada pelo CDC como um medicamento com risco associado ao calor, a difenidramina está entre aqueles considerados como tendo um forte "efeito anticolinérgico", explica ela, o que significa que pode diminuir a transpiração, dificultando o resfriamento de quem a toma. Uma revisão do pequeno número de estudos experimentais que analisaram como os medicamentos impactam a resposta das pessoas ao calor encontrou evidências de que outros medicamentos com efeitos anticolinérgicos igualmente altos, como a difenidramina, aumentaram a temperatura interna, ou central, da pessoa e reduziram a transpiração, de acordo com um estudo de 2024 publicado no periódico eClinicalMedicine, do qual Kenney é coautor. Antidepressivos Diversas classes de antidepressivos podem afetar a capacidade do corpo de lidar com o calor. Esses medicamentos incluem antidepressivos tricíclicos — como amitriptilina e clomipramina — que podem reduzir a capacidade do corpo de transpirar. Classes de medicamentos comumente prescritas, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), podem ter o efeito oposto e aumentar a transpiração. Isso pode parecer benéfico para manter o corpo fresco, mas a eficácia do suor depende de quando ele evapora da pele. Se houver tanto suor aderido ao corpo que não consiga evaporar, ele não proporcionará alívio significativo. Betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio Ambos os tipos de medicamentos são amplamente utilizados para tratar condições como hipertensão, insuficiência cardíaca e outros problemas cardíacos. Eles atuam "bloqueando a capacidade do coração de aumentar sua frequência cardíaca", afirma Giudice. Além disso, eles também podem diminuir a capacidade das artérias de se expandirem. Ambos os processos podem prejudicar a capacidade do corpo de bombear mais sangue e mais rapidamente para a pele, ajudando a resfriá-la, explica ela. O CDC alerta especificamente sobre os possíveis impactos do calor em três tipos de betabloqueadores, incluindo atenolol, metoprolol e propranolol, bem como bloqueadores dos canais de cálcio, como anlodipino, felodipino e nifedipino. Embora os betabloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio sejam agrupados em termos de riscos relacionados ao calor, Blackburn afirma que há mais evidências na literatura sobre os impactos associados aos betabloqueadores. Diuréticos Os diuréticos são usados ​​para ajudar no tratamento de pessoas com insuficiência cardíaca ou renal, cujos corpos têm dificuldade em eliminar líquidos. Eles também podem ser usados ​​para tratar condições não fatais, como pressão alta. Hidroclorotiazida, clortalidona, furosemida e torsemida são alguns dos diuréticos mais comumente prescritos, de acordo com Blackburn. Às vezes chamados de comprimidos para eliminar água, esses medicamentos ajudam "o corpo a excretar mais água pela urina", diz Giudice. Eis o porquê de isso ser importante: se você perde mais água, corre maior risco de ficar desidratado, o que é perigoso no calor.