'VCAN' e 'Bloqueio atmosférico': Entenda o que provoca onda de calor que atinge oito estados

Reponsável por elevar as temperaturas na cidade de São Paulo fazendo com que elas marcassem o nível mais elevado do ano, a onda de calor que atinge oito estados brasileiros desde o dia 23 de dezembro levou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a emitir um alerta de " Grande Perigo" devido aos riscos à saúde. Com capacidade de fazer com que termômetros marquem até 5°C acima do esperado para o período, a onda de calor é causada por um vórtice ciclônico de altos níveis (VCAN). 'Grande Perigo': Inmet lança 'alerta vermelho' para onda de calor que atinge Rio, São Paulo e outros seis estados Leia mais: Em meio a onda de calor e estiagem, governo de São Paulo pede 'redução imediata do consumo de água' à população Trata-se da formação de ventos intensos em alturas elevadas que giram em sentido horário. O VCAN ajuda a manter uma massa de ar seco sobre parte do país ao favorecer um bloqueio atmosférico, impedindo o avanço de uma frente fria. Nas regiões na periferia do vórtice, o efeito provocado é o contrário, com maiores chances de chuvas. — Geralmente, essas ondas de calor ocorrem mais com frequências em janeiro e também durante o inverno, setembro, agosto, setembro — diz a meteorologista Andrea Ramos — Nós estamos com um vórtice ciclônico favorecendo o bloqueio atmosférico. Ciclones estão relacionados à baixa pressão. Só que o VCAN está em altos níveis. Então, embaixo ele provoca essa massa (de ar quente) porque o centro dele é seco, uma característica de alta pressão. Na periferia, ele tem instabilidade. O Inmet lançou dois alertas para a onda de calor. O primeiro deles, classificado como de " Grande Perigo", atinge o Rio de Janeiro, São Paulo e partes de Minas Gerais, Paraná, Goiás, Santa Catarina e Espírito Santo. O segundo, de "Perigo Potencial, estende-se do litoral do Espírito Santo até a porção central de Goiás, incluindo Goiânia. Belo Horizonte também está dentro da área desse alerta. Ambos tem validade até o dia 29. No final de novembro, ao divulgar a previsão para o mês de dezembro, o Inmet já havia apontado a tendência das temperaturas ficarem acima da média em quase todo o país. Segundo o instituto, as maiores elevações iriam se concentrar no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Apenas no Sul, algumas regiões ficariam dentro do esperado. Apesar do fenômeno, há previsão de chuvas já para os próximos dias, aponta a meteorologista Andrea Ramos. — Os modelos já estão dando indicativos de chuva de forma isolada no sábado, parte de sábado, e aumentando para os próximos dias. Ainda é uma chuva irregular que vai proporcionar, mas vai atingir essas áreas onde está essa onda de calor. Até porque temos umidade. No caso do Rio de Janeiro, o Climatempo aponta para a possibilidade de pancadas de chuva a partir de segunda-feira, o que continua no dia seguinte. Já em São Paulo, há chance de precipitação já na parte da tarde desta sexta. No fim de semana, o padrão de pancadas durante à tarde e noite segue na capital paulista. São Paulo, assim como partes de Goiás, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul, aparecem tanto na área da onda de calor como de um alerta amarelo, de "Perigo Potencial", para a ocorrência de tempestades. Segundo o Inmet, as chuvas podem chegar até 50 mm/dia, com ventos intensos entre 40 e 60 km/h. Há baixo risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos.