Belize Pombal celebra 40 anos e revela sonhos: "Tenho vontade de protagonizar mais"

Belize Pombal foi um dos nomes de maior repercussão no Brasil em 2025 - fruto do sucesso de sua atuação como Consuelo no remake de Vale Tudo. De férias após o fim da trama, a atriz completa nesta sexta-feira (26.12) seus 40 anos. "É uma virada importante, vou para outra década, para um outro pacote da minha vida", diz ela. "Aceitei que o aprendizado é constante e me entendi nesse lugar, de uma pessoa que está em processo de amadurecimento", conta. Em bate-papo com a Vogue, a atriz lembra o início de sua trajetória, conta que atuou em diversas frentes - fez docinhos para vender, trabalhou em lojas e eventos - até se estabelecer na arte e sonha com muito mais. "Desejo continuar fazendo personagens interessantes, robustas, com camadas, com humanidade", diz. "Tenho vontade de protagonizar mais vezes, é desafiador, uma responsabilidade enorme, mas é prazeroso". A seguir, o bate-papo na íntegra com Belize: Vogue: 2025 foi um ano intenso para você. Sua personagem Consuelo, em Vale Tudo, fez grande sucesso com o público e colocou você em grande evidência. A que você credita esse carinho todo? Belize: Acho que tem muitos aspectos que se revelam através dessa construção coletiva: a forma como foi feito o texto pela Manuela Dias e pela equipe toda, como a direção conduziu, como eu me coloquei em cena e as propostas que eu também levei como atriz. A interação dos artistas todos que compõem aquela família, a composição visual na caracterização do figurino, tem muitos elementos. E eu acredito que também tem o fato de ser uma personagem que traz muita humanidade no sentido de ser inteira. Ela tem aspectos cativantes, mas também tem defeitos muito evidentes. Isso tem muito a ver com a gente, com o ser humano. Somos assim, luz e sombra. Acho que isso aproxima também. Belize Pombal Guto Costa / Divulgação Vogue: Quais foram os seus maiores aprendizados nesse processo com ela? Belize: Inteireza. Acho que foi a coisa mais evidente para mim e mais marcante também. Da gente se acolher inteiramente e vibrar na nossa integridade, na nossa dignidade, sem perder a consciência da nossa condição humana. A condição humana está aqui sobre a gente o tempo todo, não tem como escapar dela. Mas isso também não é uma desculpa para a gente deixar de ter um compromisso com honestidade. Pelo contrário, acho que essa é uma condição que nos traz belezas imensas e também limites, limitações. E acho que essa personagem tem muito disso. Vogue: Você já contou em entrevistas que está há alguns anos em um processo de autoconhecimento. O que diria que mais entendeu sobre você até aqui? Belize: Aceitei que o aprendizado é constante e me entendi nesse lugar, de uma pessoa que está em processo de amadurecimento. Não tem muito como escapar disso, não dá para pular etapas. Essa é uma das grandes oportunidades da vida: aprender. Às vezes a gente vai passando por algumas experiências e tem aqueles momentos assim que você fala: "Nossa, aprendi algo aqui, mudei, consegui estabelecer limites". Mas pouco tempo depois aparece uma experiência nova que te desafia, você percebe que não sabe nada (risos). Então, eu acho que eu fui aceitando isso mesmo, que o aprendizado é até o final. Vogue: Você começou na arte aos 11 anos. Recorda quando foi o momento em que decidiu que seria atriz? Belize: Lá pelos 7 anos eu já tinha vontade de fazer o que eu faço hoje, mas não tinha coragem de verbalizar. Aos 11 anos fui fazer aula de teatro. Durante um tempo eu não fazia uma associação entre o que eu experienciava ali e uma possível escolha profissional, essas coisas acabaram se separando na minha cabeça. Eu sentia um prazer muito grande fazendo teatro, sem a necessidade de justificar. Na adolescência eu voltei o olhar como um caminho profissional de forma mais clara e objetiva. Vogue: E tinha alguém que você assistia e se inspirava? Belize: Eu não tenho uma tendência a ser assim muito aficionada por uma pessoa, mas tem muitos artistas que me provocam admiração e que eu tenho muito deleite imenso em assistir, que aprendo vendo. Com certeza, o Matheus Nachtergaele é um deles, o Luís Melo, Raul Cortez, Laura Cardoso, Zezé Motta. Tem a Viola Davis, que é uma referência enorme também, a Meryl Streep... Belize Pombal Guto Costa / Divulgação Vogue: E quando você pensa nessa menina de 11 anos que começou a fazer teatro, o que você ainda guarda dela? Belize: Um espírito investigativo e o prazer de estar em cena. Nem digo isso numa tentativa de fomentar a ideia de que quando você ama o que faz, você nunca trabalha, isso é mentira. Tem dias que você está menos empolgada. Tem projetos com os quais você se identifica mais, outros menos. Fui muito abençoada porque eu tive a alegria da maior parte do tempo trabalhar com gente muito bacana, em projetos que faziam sentido para mim. Pontualmente tive experiências que não curti totalmente. Não tenho o que reclamar nesse sentido. Mas ter prazer no que se faz é importante porque o trabalho toma muito tempo, muita energia de vida. Esse prazer faz diferença. Acho que a gente merece, inclusive. Vogue: A profissão de atriz traz instabilidade. Você sempre conseguiu se manter de arte ou teve momentos que você precisou recorrer a outras profissões também? Belize: Recorri a outros trabalhos, sim, sem dúvida. Tive essas fases. Fiz docinhos, trabalhei em eventos, em loja, fiz várias coisas... Vogue: Sente que conseguiu se estabilizar? Belize: Eu estou bem, mas não sei se dá para ter esse pensamento em relação a essa profissão. Acho que na vida mesmo a gente não sabe de muita coisa, do dia de amanhã, do minuto seguinte. Tem sido bem bonito o que eu venho vivendo nos últimos anos, mas não sei se dá para ter esse olhar tão definitivo para nada na vida, de ter certeza que vai ser para sempre ótimo. Tomara, né? Vogue: Considera que está no seu melhor momento profissional até aqui? Belize: Eu acho que eu estou em um momento bem bonito, mas como eu fico muito voltada ao trabalho, não sei se eu tenho uma dimensão real para mais ou para menos das reverberações dessa fase. É um momento importante, sim, para mim, para minha carreira, para minha vida como um todo. Um momento pelo qual sou grata. Belize Pombal Guto Costa / Divulgação Vogue: Gostaria de falar um pouquinho sobre sua família. O quanto ser criada por mulheres te moldou como mulher e como ser humano? Belize: Me moldou em diversos aspectos, tanto para coisas muito bonitas, em relação à honestidade, perseverança, resiliência; e também para questões mais desafiadoras. Toda família tem suas questões positivas e negativas, pessoas têm luz e sombras. Nesse sentido eu digo que não romantizo família. Mas é importante, sim, ter essa base e para mim também foi fundamental. Minha família tem suas limitações e suas belezas, como várias outras. Vogue: Você tem uma postura bem discreta nas redes sociais, compartilhando pouco sobre sua vida pessoal, focando mais em trabalhos. A que se deve essa escolha? Belize: Quando eu criei um perfil no Insta fiquei bastante tempo sem ter uma foto. Alguns colegas disseram que era importante para o trabalho. De fato, o primeiro projeto audiovisual que eu fiz foi por conta dessas fotos, a produtora de elenco me encontrou por ali e me chamou para um teste. Então essa foi minha motivação desde o início. Hoje eu me divirto, acho legal, mas é importante me reservar. Na verdade, é meu jeito na vida mesmo, não só em relação às redes sociais. Acho que é só um reflexo, mais do que uma proteção. Vogue: Você está completando 40 anos. Tem algum significado especial para você? Belize: É uma virada importante, vou para outra década, para um outro pacote da minha vida. Eu reflito sobre o passar do tempo, idade, aspectos práticos, escolhas, decisões... que acabam se relacionando também com a idade. Mas não estou especialmente animada ou desanimada por ser 40. Por meu aniversário ser no dia 26 de dezembro, eu passei a vida não tendo grandessíssimas festas, os amigos estão sempre viajando com suas famílias, normalmente era uma coisa pequena, em casa. No fim da adolescência, teve uma vez que meus amigos fizeram uma festa surpresa. Venho tentando fazer alguma coisa nesse dia para celebrar minha própria vida, mesmo que seja algo miudinho. Belize Pombal Guto Costa / Divulgação Vogue: E como está sua vida amorosa? Está aberta ao amor ou fechada para balanço? Belize: Não estou namorando... Eu tenho fases. Não é nem que eu estou fechada, só estou com pouco pique, preciso resolver a vida, sabe? Como eu fico muito voltada ao trabalho, as outras coisas ficam capengas. Preciso me reorganizar. Isso não me impede de conhecer alguém muito bacana, viver uma história de amor e ter um relacionamento estável, que eu acho ótimo. Mas eu passo por períodos em que eu quero muito, outros que eu não quero mesmo... Agora não é nem que eu não quero, é só que eu estou resolvendo a vida. Vogue: E como está seu olhar sobre você? Belize: Estou bem. Tem momentos em que estou com autoestima mais baixa, outros que está mais alta, mas eu acho que a média é boa. Eu gosto de mim. Vogue: E quais são seus sonhos? Belize: Alguns são secretos (risos). Tenho vontade de continuar me desenvolvendo, aprendendo, vivendo bem a vida. Vogue: Algum formato de projeto ou personagem que tenha vontade de fazer? Belize: Não tenho esse apego a um personagem específico. Só o desejo de continuar fazendo personagens interessantes, robustas, com camadas, com humanidade. Que eu possa aprender fazendo também, que eu precise investigar mesmo aquela figura, sabe? Tenho vontade de protagonizar mais vezes, é desafiador, uma responsabilidade enorme, mas é prazeroso. Principalmente, não só por isso, mas também porque você fica muito em cena e para quem gosta muito de estar em cena é uma chance de estar o tempo todo. Não sinto a necessidade de só protagonizar, mas de também fazer isso não só uma vez na vida. Personagens que fazem sentido, que sejam ricas, interessantes. Isso me interessa mais do que uma personagem ou uma obra específica. Belize Pombal Guto Costa / Divulgação