Com 36,2°C, São Paulo bate recorde de temperatura do ano pelo segundo dia seguido

São Paulo bateu o recorde de temperatura do ano pelo segundo dia seguido, com termomêtros marcando 36,2°C às 15h na estação meteorológica do Mirante de Santana, na Zona Norte da cidade. Ontem, essa mesma unidade de medição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), já havia marcado 35,9°C no auge do dia de Natal. O fenômeno meteorológico que provoca o calorão, o chamado bloqueio atmosférico, deve durar pelo menos até a segunda-feira (29), dizem especialistas do órgão. — Agora existe um sistema de alta pressão, um anticiclone, atuando nos médios e altos níveis de altitude, e isso gera subsidência (movimento descendente do ar) dificultando a entrada de outras frentes — explica o meteorologista Melk Duarte. — Isso é mais comum de acontecer em janeiro, mas pode acontecer em dezembro, como a gente está vendo agora. Com o calor se aproximando dos 40°C as cenas de verão com a população paulistana bem disposta e frequentando parques começa a mudar para um tom mais negativo. Na rua, pessoas usam guarda-chuvas para se proteger do Sol, e espaços públicos com ar-condicionado, como os shoppings, começam a lotar. A onda de calor que varre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro na semana de Natal deve dar um pouco de trégua a partir do Ano Novo, mas a previsão para os dois meses do ano é de um verão seco e que continuará quente. Segundo o especialista do Inmet, se uma nova onda de calor ocorrer, ela deve ser agravada também pela estiagem, porque a falta de nuvens potencializa a radiação solar. — Com relação a chuvas, para a região Sudeste o que os modelos clima do Inmet indicam é que a gente vai ter precipitação acumulada de até 100 mm abaixo da media em janeiro e fevereiro — afirma Duarte. — No geral a gente tem entre três e quatro ondas de calor no Sudeste por ano, então, mesmo com a temperatura caindo um pouco depois do dia 29, isso não quer dizer que em janeiro a gente não vá ter outra. O critério que o Inmet usa para caracterizar uma onda de calor é que um determinado local fique por mais de cinco dias com a temperatura 5°C acima da média. É o que está acontecendo hoje e deve perdurar até 29 de dezembro para paulistas e fluminenses. No Ano Novo, a temperatura deve estar um pouco menor, tecnicamente quebrando a "onda", mas dando sequência ao calor. Calor e tempestade Uma situação paradoxal do anticiclone é que ele coloca o Sudeste ao mesmo tempo em alerta de alta temperatura e de tempestades, porque se uma frente de ar romper o bloqueio atmosférico ela pode trazer grande volume de umidade num intervalo curto de tempo. Neste sábado (27), o alerta de alta temperatura segue na categoria vermelha (grande perigo) para São Paulo e Rio de Janeiro ainda. O alerta de tempestade está em categoria amarela (perigo potencial), abarcando principalmente Grande São Paulo, Interior Paulista e Triângulo Mineiro. Onde ocorrer temporal, o risco é de "chuva entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, ventos intensos (40-60 km/h), e queda de granizo", segundo o boletim de alerta do Inmet. Segundo o comunicado, nesse nível ainda há apenas "baixo risco" de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos.