Caribe econômico? Veja como curtir esta ilha divida entre franceses e holandeses sem gastar tanto

A logística tende sempre a elevar o preço da viagem ao Caribe, mas a ilha que abriga dois países – St. Maarten (neerlandês) e St. Martin (francês) – oferece a vantagem de ser ponto de conexão para o Arquipélago de Sotavento, servido por muitas companhias das Américas. Caribe: São Bartolomeu, Anguilla e Aruba; veja ranking com destinos mais seguros Paraísos exclusivos: como são as ilhas privadas e as praias fechadas das companhias de cruzeiro no Caribe A concorrência entre elas geralmente significa uma boa oferta de voos, mas será que dá para ficar lá com um orçamento limitado? Dá, se você simplificar tudo, optando por acomodação básica, explorando a paisagem sem pressa e fazendo as refeições ao ar livre com o pessoal local. Mesmo economizando com hotéis e atrações diferenciadas, a experiência não ficará comprometida. (Atenção: o lado neerlandês usa dólares norte-americanos e o francês, euros.) A seguir, apresentamos cinco dicas de viagem econômica para aproveitar (e bem) essa ilha multicultural. 1. Fique perto do aeroporto Em muitos lugares, ficar perto da área de pouso e decolagem é uma proposta monótona, mas em St. Maarten as principais pistas do Aeroporto Internacional Princesa Juliana ficam ao lado da praia Simpson Bay, uma das mais compridas da ilha. Ao longo dela encontram-se hotéis com preços modestos, incluindo o Mary's Boon Hotel, com terraço na cobertura para a observação das aeronaves e do pôr do sol. O complexo ajardinado conta com vários tipos de quarto, inclusive com cozinha compacta. Há diversas mercearias pequenas nas imediações, e para chegar ao supermercado Market Garden basta uma caminhada de 25 minutos. Diárias a partir de US$ 135 por noite. Nas proximidades, o Azure Hotel & Art Studio, pintado em um tom de azul inconfundível, oferece um estúdio ideal para quem viaja sozinho e suítes mais espaçosas para grupos com diárias a partir de US$ 115. Para as estadas mais longas, o Airbnb de um quarto fica de frente para a praia. Mas e o barulho? As decolagens chamaram minha atenção durante a semana que passei ali, na primavera, mas eram pouco frequentes e ocorriam principalmente durante o dia. 2. Faça uma caminhada Talvez por ser uma atividade extenuante, a caminhada não é promovida em muitos destinos do Caribe, mas ilhas vulcânicas como St. Martin/St. Maarten oferecem muitas trilhas montanhosas com vistas panorâmicas espetaculares – e gratuitas. Algumas inclusive oferecem como recompensa extra um mergulho refrescante. Essa é uma das atrações da trilha Back Bay, trajeto de dois quilômetros (ida e volta) ao longo da costa pela vegetação costeira de cactos do deserto, com direito a bandos de cabras e afloramentos rochosos cobertos de iguanas tomando sol. Os mais audaciosos podem ir até o cume do Pic Paradis, o mais alto da ilha, com quase 425 metros de altura, para apreciar a vista do mar. Uma trilha íngreme no lado francês, com cerca de quatro quilômetros (ida e volta) em uma estrada pavimentada leva a uma trilha florestal. Saia do centro de atividades Loterie Farm (entrada a dez euros), que fornece mapas e acesso a banheiros. 3. Jante em um lolo Segundo os franceses, os lolos, pequenos restaurantes ao ar livre geralmente especializados em churrasco, surgiram nas aldeias de escravos no século XVII, e continuam sendo opção barata para quem gosta de peixe grelhado, costela, caranguejo e frango ao curry. Na cidade de Grand Case, no lado francês, eles costumam ter churrasqueiras feitas com tambores de óleo e fumaça aromática. Os peixes e a carne se acumulam nas grelhas do Cynthia's Talk of the Town, onde o prato de pargo e costela grelhados com acompanhamentos de arroz e feijão, salada de repolho e johnnycakes (bolinhos salgados) alimenta duas pessoas por cerca de US$ 30. Normalmente pertencem e são administrados pelos moradores. – O pessoal nativo representa 80% do meu negócio – disse Brian Breedy, chef e proprietário do Breedy's Pit Stop Seafood Shack na praia de Kim Sha, no lado neerlandês, cujo cardápio, escrito em um quadro negro, muda diariamente. A faixa de lolos onde o Breedy opera foi estabelecida em grande parte após o furacão Irma, em 2017, quando muitos restaurantes foram danificados. – A maioria vem à ilha para pegar praia e comer churrasco – afirmou ele. Ainda assim, o termo é genérico e abrange uma enorme variedade de estabelecimentos, incluindo até barraquinhas veganas como o Irie Gardens, na capital neerlandesa Philipsburg. 4. Visite os murais de Philipsburg Peça um smoothie de morango no Irie Gardens e explore a cidade através da Philipsburg Art Walk, projeto de embelezamento urbano que conta com 22 murais de artistas locais. Depois que o Irma despejou areia e água em lojas e hotéis da ilha toda, inclusive em Philipsburg, os empresários passaram anos limpando – só para verem a chegada da pandemia, pulverizando o turismo novamente em 2020. – Muita coisa ainda estava fechada quando o turismo reabriu, no pós-pandemia – contou Marla Chemont, porta-voz do conselho de turismo de St. Maarten. A organização sem fins lucrativos Be the Change Foundation criou o projeto com dois objetivos: reformar os imóveis destruídos e apoiar os artistas locais. A maioria das obras de arte fica a um ou dois quarteirões da praia de Great Bay, no centro, com placas que contêm declarações dos artistas e QR codes que levam a um mapa com a localização dos murais. 5. Explore a costa Para uma ilha de 90 km² que pode ser percorrida de carro em uma hora, St. Martin/St. Maarten é rica em atrações costeiras, com 37 praias e outras atrações naturais. Embora haja táxis disponíveis, é mais barato ir à praia de carro. A curta distância dos hotéis da Simpson Bay Beach fica a Sixt Rent the Car, onde aluguei um modelo econômico por um dia por US$ 75 (com taxas). Talvez a praia mais conhecida seja Maho Beach, logo depois da pista principal do aeroporto, onde os fotógrafos acampam para tentar clicar nadadores e banhistas com um Airbus A350 ou um Boeing 787 bem em cima deles. A parte francesa é maior e, por isso, contém a maioria das praias, incluindo a tranquila Happy Bay (entre a capital, Marigot, e Grand Case), que exige apenas uma caminhada curta para quem prefere ficar longe da muvuca. A oeste de Marigot, em Baie Rouge, ou Red Bay, há a opção mergulho com snorkel em torno das rochas. Perto dali é possível também explorar David's Hole, caverna marinha com arcos naturais. Em condições favoráveis até dá para nadar, mas a área se torna perigosa quando o mar está agitado, embora as piscinas naturais próximas sejam calmas. No lado oposto da ilha, programe sua visita ao Rotary Lookout Point na maré baixa para caminhar até a ilhota deserta (Use sapatos aquáticos para proteger os pés das pedras pontiagudas no fundo do mar.) próxima à Reserva Natural de St. Martin, que protege a maior parte da costa setentrional da ilha e inclui manguezais e salinas, ideais para observação de pássaros. Encerre o dia perto de Maho – no Dany's Cupecoy Beach Bar, em em Cupecoy, quiosque rústico que vende cerveja a US$ 3 e proporciona uma vista inesquecível do pôr do sol.