Morreu, aos 84 anos, na sexta-feira (26), o trombonista José Alberto Rodrigues Matos, conhecido como Zé da Velha, no Rio de Janeiro. A causa da morte, segundo o g1, foi uma infecção bacteriana. Ele havia sido internado por conta de uma queda na calçada de casa, passando por uma cirurgia na bacia. Referência da música brasileira como solista de choro, o artista é velado neste sábado, e o sepultamento está marcado para as 12h15, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro. IA na música: 'hits sintéticos' e acordos de seus criadores com gravadoras geram polêmica IA na literatura: robôs que 'escrevem' sem bloqueio criativo preocupam autores, que buscam direitos na justiça Nascido em Aracaju em 1941, Zé da Velha teve o primeiro contato com a música em casa, influenciado pelo pai, que era alfaiate e atuava como flautista e saxofonista amador. Já no Rio de Janeiro, onde se instalou com a sua família, começou a tocar trombone aos 15 anos, primeiro no modelo de pistão e, mais tarde, no de vara. Por viver nas proximidades de Pixinguinha, criou laços de amizade com o lendário músico e passou a circular entre músicos de gafieira, sambistas e chorões da Velha Guarda — ambiente do qual surgiu o apelido que viria a se consolidar como seu nome artístico, apesar de ser um jovem músico. Entre esses nomes estavam Donga e João da Baiana. Ao longo da carreira, Zé da Velha tocou com outros nomes importantes da música brasileira, como Beth Carvalho, Martinho da Vila, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Copinha, Abel Ferreira e Paulo Moura. Entre os álbuns que participou estão “Chorando pelos dedos” (1976), “Chorando baixinho: um encontro histórico” (1979) e “Choro na Praça” (1977). Há mais de 30 anos, Zé da Velha construiu uma das colaborações mais longevas do choro e da música instrumental brasileira ao lado do trompetista Silvério Pontes. Juntos, os dois consolidaram um duo que atravessou décadas e passou a ser chamado de “Menor Big Band do Mundo”, apelido que faz referência à potência sonora e à riqueza musical que conseguiam extrair de apenas dois instrumentos. A dupla lançou seis álbuns. São eles “Só gafieira” (1995), “Tudo dança” (1998), “Ele & eu” (2000), “Samba instrumental” (2003), “Só Pixinguinha” (2006) e “Ouro e prata” (2012). “São muitas as memórias construídas ao seu lado. Uma das primeiras, que nunca esqueci, era quando eu ia ao subúrbio para vê-lo tocar. Com toda generosidade, ele me chamava para dar uma canja. No final antes de eu ir embora, ele me chamava no canto e botava um dinheirinho da passagem do ônibus, para eu voltar pra casa. Ele era assim: simples, generoso, sensível e atento”, lembrou Pontes em uma publicação no Instagram. “Zé da Velha me ensinou a tocar Choro, mas, principalmente, me ensinou a ser. A respeitar a música, a tradição, o silêncio entre as notas. A tocar com o coração arrepiado.” Initial plugin text O grupo de samba Casuarina lamentou a morte do artista, afirmando que ele “escreveu seu nome na alta galeria da música brasileira” e que sua dupla com Silvério Pontes “fez história”.