Em meio à onda de calor que atinge São Paulo, os paulistanos ainda sofrem, nos últimos dias do ano, com problemas na distribuição de água pela Sabesp. Na capital e na região metropolitana, consumidores relataram ao GLOBO dias seguidos sem fornecimento e falta de clareza sobre prazos para normalização do serviço. A companhia afirma que, devido às altas temperaturas e ao período de férias, foram registradas “oscilações pontuais no fornecimento”. Ainda segundo a Sabesp, as regiões mais altas da cidade tendem a ser as mais impactadas, por conta da menor pressão da rede, “enquanto as áreas mais baixas seguem sendo abastecidas normalmente”. A empresa também justificou que, nos últimos dias, ao mesmo tempo, a demanda por água atingiu patamares elevados. “Para efeito de comparação, entre os dias 14 e 20 de dezembro, para atender cerca de 21 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo, a Companhia produzia aproximadamente 66 mil litros de água por segundo. Na quarta-feira (24), esse volume chegou a 72 mil litros por segundo”, informou em nota. A diarista Norma Lima, de 52 anos, no entanto, enfrentou mais do que uma “oscilação pontual”. Há cinco dias sem água, a moradora do Jardim da Luz, em Embu das Artes, na região metropolitana, afirma que sequer conseguiu comemorar o Natal. Com a pia cheia de louças e a caixa-d’água vazia, Norma e os vizinhos passaram a utilizar água de uma bica para realizar tarefas domésticas básicas. Louça acumulada na cozinha de Norma Lima, 52, em Embu das Artes, na Grande São Paulo Arquivo Pessoal — Essa água só serve para jogar no banheiro, para lavar uma louça e olhe lá. Nem para cozinhar serve — relatou. O que mais causa indignação, segundo a diarista, é que algumas residências da comunidade em que vive continuam com o fornecimento regular por meio de ligações clandestinas, os “gatos”. — Aqui dentro da comunidade tem água da Sabesp, que a gente paga, mas também tem gato. E no gato essa água chega de madrugada. Mas nem todo mundo tem gato. Quem paga a Sabesp, como eu, não tem água. Não entendo: não é o mesmo sistema, o mesmo encanamento? — questionou. Sem previsão para o restabelecimento do serviço, Norma e os vizinhos fazem vigília durante a madrugada, na esperança de que a pressão da rede aumente e permita armazenar um pouco de água. Também há registros de falta d’água em diversos bairros da capital paulista, entre eles o Butantã, na Zona Oeste. Nas redes sociais, internautas criticaram o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), responsável pela privatização da companhia. “Nunca tinha passado um Natal sem água em casa. Absurdo isso! Serviço essencial não pode ser privatizado”, escreveu, por exemplo, Paulo Cezarso. Initial plugin text ti, os paulistanos ainda sofrem, nos ´úli com enfrentar problemas na distribuição de água. Na capital e na região metropolitana, consumidores relatam dias sem fornecimento e falta de clareza sobre os prazos para normalização do serviço. A companhia afirma que, devido às altas temperaturas e ao período de férias, foram registradas “oscilações pontuais no fornecimento”. Nesta quinta-feira (25), o governo do Estado emitiu um alerta para a “redução imediata do consumo de água” em São Paulo. A recomendação inclui banhos mais curtos, evitar desperdícios e suspender usos não essenciais, como encher piscinas ou lavar calçadas e carros. Aumento de 60% no consumo e pouca chuva De acordo com o governo, a onda de calor que atinge o estado desde a última semana provocou um aumento de até 60% no consumo de água em algumas regiões, segundo a Sabesp, afetando assim diretamente os níveis dos mananciais que abastecem a Grande São Paulo. Ainda conforme o comunicado, o aumento do consumo ocorre em um momento de um dos menores índices de chuvas dos últimos anos, o que resultou em estiagem prolongada e impactou a capacidade das represas da região metropolitana. Desde agosto, o Governo de São Paulo, em parceria com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), determinou a redução da pressão da água no período noturno na região metropolitana, com o objetivo de preservar os mananciais diante da escassez de chuvas. Entre 27 de agosto e 21 de setembro, a redução ocorreu por oito horas, das 21h às 5h. A partir de 22 de setembro, o período foi ampliado, passando a ocorrer das 19h às 5h. Segundo o Palácio dos Bandeirantes, as medidas de gestão hídrica garantem uma economia diária equivalente a mais de 1,2 milhão de caixas-d’água de 500 litros — ou 50,4 mil caixas por hora.