Caso Banco Master: Toffoli mantém sigilo em inquérito que apura atuação do BC

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter sob sigilo o inquérito que apura possíveis irregularidades envolvendo a atuação do Banco Central (BC) no caso Banco Master. Na decisão, anunciada neste sábado, 27, o magistrado rejeita recursos apresentados pela própria autoridade monetária e por um de seus diretores, Ailton de Aquino Santos. No despacho, Toffoli afirma que nem o BC nem o diretor figuram como investigados formais no caso — o que, segundo o ministro, impede a apresentação de embargos no processo. Mesmo assim, o magistrado reconhece que a participação da instituição é importante para o esclarecimento dos fatos. A investigação trata de negociações envolvendo títulos financeiros entre instituições do sistema bancário , operações que, por lei, estão sob fiscalização do Banco Central. Por esse motivo, o relator considerou necessária a participação da autoridade monetária nos depoimentos e eventuais acareações entre os investigados. A decisão de Toffoli Na decisão, Toffoli destaca que os fatos apurados podem ter impacto direto no sistema financeiro nacional, o que justifica a urgência na colheita de depoimentos e na análise dos documentos já reunidos no processo. As oitivas serão conduzidas pela Polícia Federal (PF), sob a supervisão do gabinete do ministro. O STF também determinou a continuidade das diligências já autorizadas em despachos anteriores. + Leia mais notícias de Política em Oeste Apesar do avanço das investigações, o ministro decidiu manter o inquérito sob sigilo. Segundo Toffoli, a medida é necessária para garantir o andamento regular dos trabalhos e evitar interferências externas. Ao fim da decisão, Toffoli determinou que os investigados e os autores dos recursos sejam formalmente intimados, ao reforçar que o caso seguirá tramitando sob responsabilidade da PF. https://www.youtube.com/watch?v=Nuxi70p79gg Caso Banco Master: o que está em apuração A investigação apura negociações envolvendo títulos financeiros e supostas irregularidades que envolveriam a emissão e a negociação de créditos considerados fraudulentos, que teriam movimentado valores significativos — com estimativas de cerca de R$ 12 bilhões em fraudes apontadas por autoridades da PF. Essas suspeitas colocaram sob escrutínio eventos que culminaram na liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central em 18 de novembro , uma intervenção considerada rara e que interrompeu as operações da instituição flagrada em problemas de liquidez e em possíveis violações de normas do sistema financeiro. Disputa jurídica entre BC, STF e PF A liquidação extrajudicial é um instrumento regulatório utilizado quando uma instituição demonstra insolvência irreversível ou violação grave das regras prudenciais, como falhas no controle de riscos e gestão financeira. Nesse regime, o BC suspende todas as operações bancárias e nomeia um liquidante para administrar e vender ativos, enquanto o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) passa a responsabilizar-se por reembolsar credores elegíveis até os limites legais. O caso ganhou dimensão política e jurídica quando a PF deu início à chamada Operação Compliance Zero, em 18 de novembro, que resultou na prisão do controlador do banco, Daniel Vorcaro, em um aeroporto de São Paulo e na investigação de outras lideranças vinculadas ao caso. Vorcaro foi solto sob tornozeleira eletrônica dias depois, mas segue no centro da apuração. https://www.youtube.com/watch?v=mKw2FEesMVw Acareação no STF Toffoli manteve, no longo despacho, a realização de uma audiência de acareação por videoconferência, que confrontará versões de protagonistas como o próprio Vorcaro; o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa; e o diretor de Fiscalização do BC. Essa acareação estava marcada para ocorrer durante o recesso do Judiciário . O Banco Central, por sua vez, interpôs novo pedido no STF para que Toffoli esclareça se o diretor prestará depoimento como testemunha ou como investigado, o que impacta direitos processuais e a presença de assessores técnicos durante a audiência. O BC também questionou a urgência da acareação. Leia também: "Anatomia de uma fraude" , reportagem de Carlo Cauti publicada na Edição 301 da Revista Oeste https://www.youtube.com/watch?v=qyFOx4tFcb8 O post Caso Banco Master: Toffoli mantém sigilo em inquérito que apura atuação do BC apareceu primeiro em Revista Oeste .