Se 2025 fosse uma temporada de série, até “The Big Bang Theory” teria garantido mais um o roteiro: teve pé fossilizado que ameaçou tirar Lucy do papel de “mãe da humanidade”, tubarão alaranjado surgido do nada nas águas da Costa Rica, revisões históricas que reposicionaram Cabral no mapa e até um alerta de que o formato do bumbum pode dar pistas sobre a saúde metabólica. No meio disso, pesquisadores mostraram que correr na rua poluída pode anular parte do esforço e que artistas famosos vivem menos — quem diria que o preço do bis poderia ser tão alto? Retrospectiva 2025: o ano em que o roubo ao Louvre chamou mais atenção nas artes do que qualquer exposição 2025: ano no teatro teve plateias lotadas, veteranos de volta, reinado de monólogos e 'wickedmania' Entre descobertas curiosas, avanços biomédicos e reviravoltas climáticas, o ano também trouxe estudos que afetaram diretamente a vida do brasileiro. Da queda nas taxas de pobreza às novas evidências sobre o impacto da elevação do nível do mar em Copacabana, passando pela constatação de que 62% dos alimentos lançados no país são ultraprocessados, o planeta virou laboratório — e o Brasil, objeto e autor de algumas das pesquisas mais relevantes. A seguir, listamos algumas das 20 descobertas científicas, arqueológicas e históricas que marcaram 2025 e ajudaram a decifrar mais um pedaço do mundo em que vivemos: 1. Parcela de brasileiros na pobreza cai para 25% Publicado pela FGV Social em maio. O estudo do economista Marcelo Neri mostra que a queda acumulada desde 2022 chega a 21% e, em 2024, foi impulsionada principalmente pela melhora do mercado de trabalho. 2. 1 em cada 23 adolescentes se torna mãe por ano no Brasil Publicado em julho pela UFPel em parceria com a Umane. Entre 2020 e 2022, o país registrou mais de 1 milhão de nascimentos de mães entre 15 e 19 anos e mais de 49 mil gestações de meninas entre 10 e 14 anos. 3. Copacabana já perdeu 10% da faixa de areia Publicado pela UFRJ em julho. A análise avaliou o impacto da elevação do nível do mar desde o Porto do Rio até o Leblon e aponta redução acelerada da faixa de areia e risco de desaparecimento de manguezais em Guapimirim. 4. Tubarão alaranjado é registrado pela primeira vez Publicado em agosto na Springer Nature. O tubarão-lixa de olhos brancos e pele alaranjada, registrado na Costa Rica, apresentou combinação inédita de xantismo e albinismo. O estudo teve participação de pesquisadores da FURG e instituições da Venezuela e Costa Rica. 5. Nanoplásticos chegam a partes comestíveis dos vegetais Publicado em setembro na revista Environmental Research. A equipe demonstrou que nanoplásticos conseguem entrar nas raízes e se acumular nas partes comestíveis. O grupo já havia usado métodos semelhantes para detectar partículas em moluscos e peixes. 6. Ilhas brasileiras têm o maior endemismo marinho do planeta Publicado em 10 de setembro na revista Peer Community Journal. A pesquisa analisou mais de 7 mil espécies em 87 ilhas e revelou a relevância de Noronha, São Pedro e São Paulo e Trindade para o endemismo marinho, destacando espécies exclusivas dessas regiões. 7. Novas simulações indicam que Cabral chegou ao RN, não à Bahia Publicado em setembro no Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge. O trabalho sugere que o primeiro desembarque ocorreu no litoral do Rio Grande do Norte, entre Rio do Fogo e São Miguel do Gostoso, com base em simulações e dados da carta de Caminha. 8. Pessoas mais velhas lideram consumo de remédios psiquiátricos Publicado pela Funcional em setembro. O levantamento indica que esse grupo concentra 30,6% do consumo e apresenta maior adesão ao tratamento, com quase 10 meses de continuidade — bem acima da média de 6 meses dos demais grupos. 9. Alergias a amendoim caíram drasticamente em crianças Publicado em 20 de outubro no periódico Pediatrics. A análise mostra queda de 36% nas alergias alimentares entre 2017 e 2020, após diretrizes de introdução precoce de amendoim para bebês. As alergias a amendoim caíram 43% no período. 10. Brasil desperdiça água suficiente para 3 bilhões de piscinas olímpicas Publicado em outubro pelo Instituto Trata Brasil. O estudo “Demanda Futura por Água em 2050” indica perdas de 40,3% na distribuição em 2023, totalizando 7,257 bilhões de m³ desperdiçados — volume que supriria toda a demanda adicional projetada para as próximas décadas. 11. 62% dos novos alimentos lançados no Brasil são ultraprocessados Publicado em outubro pelo Ministério da Saúde, Anvisa, Opas e USP. O relatório acompanha composição e rotulagem de 39 mil produtos lançados no período e monitora também gorduras trans. 12. Paracetamol na gestação não causa autismo Publicado em 10 de novembro no BMJ. A “revisão guarda-chuva” analisou os principais trabalhos sobre o tema e concluiu que não há evidência suficiente para estabelecer relação causal entre o uso de paracetamol na gravidez e o desenvolvimento de TEA nas crianças. 13. Fóssil de pé pode reescrever a história de Lucy Publicado na revista Nature em novembro. O recém-analisado pé fossilizado encontrado em 2009 em Burtele não pertence à espécie de Lucy e sugere a presença do Australopithecus deyiremeda, que pode ter convivido com o Australopithecus afarensis há mais de três milhões de anos. 14. Leite de foca é um dos mais complexos do mundo Publicado pela Universidade de St. Andrews em novembro. Pesquisadores identificaram mais de 300 açúcares no leite de focas-cinzentas da Escócia, superando a complexidade do leite humano. O trabalho exigiu coleta cuidadosa de amostras e desafia antigas ideias sobre composição do leite entre mamíferos. 15. Forma do bumbum pode indicar risco de diabetes Apresentado na reunião anual da RSNA em novembro. A pesquisa mostra que alterações no glúteo máximo — redução do volume em homens e aumento por infiltração de gordura em mulheres — podem indicar diabetes e outros marcadores metabólicos. O estudo avalia como envelhecimento, estilo de vida e fragilidade afetam o músculo. 16. Exercício sob poluição perde parte do efeito Publicado em novembro na revista BMC Medicine. A pesquisa analisou dados de mais de 1,5 milhão de adultos acompanhados por mais de uma década no Reino Unido, Taiwan, China, Dinamarca e EUA. O estudo revela que a exposição prolongada à poluição reduz — mas não elimina — o efeito protetor do exercício contra mortalidade geral, câncer e doenças cardíacas. 17. Cientistas brasileiros desenvolvem molécula promissora contra Alzheimer Publicado na revista ACS Chemical Neuroscience em novembro. O composto teve resultados promissores em testes pré-clínicos e agora depende de parceria com a indústria para avançar a estudos em humanos. 18. Estudo britânico aponta 32 anos como fim da adolescência Publicado em 25 de novembro na revista Nature Communications. Pesquisadores de Cambridge analisaram ressonâncias de 3.802 pessoas entre 0 e 90 anos e identificaram cinco eras de reorganização cerebral ao longo da vida. O estudo redefine a adolescência e mostra que essa fase se estende até aproximadamente 32 anos, quando ocorre o último grande ponto de virada das conexões neurais. 19. Artistas famosos vivem, em média, quatro anos a menos Publicado em 25 de novembro no Journal of Epidemiology and Community Health. A análise comparou 648 músicos entre 1950 e 1990 e mostrou que artistas mundialmente famosos morrem quatro anos antes de colegas menos conhecidos, com impacto na saúde comparável ao tabagismo. 20. Estudo revela baixa continuidade da perda de peso sem Mounjaro Publicado em dezembro no JAMA Internal Medicine. O estudo mostra que os benefícios da tirzepatida desaparecem após a suspensão do tratamento. Pessoas com obesidade que perderam peso com o uso do medicamento recuperaram pelo menos 25% da perda em até um ano após parar de tomar o remédio, além de perderem avanços em circunferência da cintura, pressão arterial, lipídios e glicemia.