Craque do ano: dono da América, Arrascaeta atinge o ápice em 2025 mágico do Flamengo

A comparação é óbvia, mas há clichês que são valiosos: Giorgian de Arrascaeta envelheceu como um bom vinho. Aos 31 anos, o uruguaio — que tinha na capacidade física o grande ponto de interrogação de sua carreira — atingiu o ápice de desempenho com a camisa do Flamengo. Ele foi o principal nome dos títulos da Libertadores e do Brasileiro e garantiu o prêmio de craque do ano em eleição realizada pelo GLOBO. Além da equipe de Esportes do jornal, participaram da votação técnicos e capitães que disputaram a última edição da Série A. Embora individual, o prêmio revela uma ligação direta com o sucesso coletivo. Prova disso é que o pódio da votação é completado pelo atacante Kaio Jorge e pelo meia Matheus Pereira, destaques de um Cruzeiro que, embora não tenha conquistado grandes títulos, fez ótimas campanhas no Brasileirão e na Copa do Brasil. Para definir o craque de 2025, O GLOBO procurou os capitães e treinadores das 20 equipes que jogaram a Série A (veja abaixo quem participou) e pediu que eles indicassem, sob a condição do anonimato, seus três preferidos — o primeiro recebeu três pontos; o segundo, dois; e o terceiro, um. Além da trinca do pódio, outros cinco jogadores receberam múltiplas menções: os atacantes Vitor Roque (Palmeiras) e Rayan (Vasco), o volante Jorginho (Flamengo), o lateral-esquerdo Reinaldo (Mirassol) e o zagueiro Léo Pereira (Flamengo). Mas o ano foi mesmo de Arrascaeta. O uruguaio encerrou 2025 em alta, celebrando não apenas a melhor temporada individual da carreira, mas também mais um ciclo vitorioso do Flamengo — além da chegada de seu primogênito, Milano. Em vídeo publicado nas redes sociais anteontem, o uruguaio reuniu gols e jogadas decisivas da temporada, acompanhados da legenda “2025” e do emoji de continência, em gesto de agradecimento à torcida rubro-negra. A breve mensagem funcionou como um balanço simbólico de um ano em que o novo camisa 10, com contrato renovado, foi protagonista dentro de campo e referência no vestiário. Arrascaeta marcou dois gols em Flamengo x Cruz Azul Adriano Fontes/Flamengo Os números ajudam a explicar o peso de Arrascaeta. Em 65 partidas oficiais, ele marcou 25 gols e distribuiu 20 assistências, desempenho que o consolidou como principal referência técnica do elenco ao longo da sequência de títulos conquistados, que incluiu ainda o Carioca e a Supercopa do Brasil. O rendimento esteve diretamente ligado ao trabalho da comissão técnica comandada por Filipe Luís e ao cuidado do departamento médico do clube. Invicto de lesões Desde que chegou ao Flamengo, em 2019, Arrascaeta conseguiu pela primeira vez completar uma temporada sem lesões. Para atingir esse resultado, o clube adotou um plano rigoroso de prevenção e controle de carga, levando em conta a recuperação mais lenta do meia entre os jogos. Em campo, o técnico Filipe Luís também foi cuidadoso ao administrar a utilização do camisa 10, preservando-o para os momentos decisivos, mesmo em um modelo que exige intensidade física elevada. No esquema do treinador, Arrascaeta ganhou status de artilheiro — fundamental em um ano em que o centroavante Pedro se viu às voltas com contusões — sem perder a característica de articulador que organiza o jogo e potencializa os companheiros. A combinação resultou em recordes pessoais de participações em gols e em número de partidas disputadas, além de destravar a renovação contratual que, no primeiro semestre, ainda caminhava a passos lentos. Em ano de Copa — e o técnico do Uruguai, Marcelo Bielsa, elogiou publicamente o tratamento dado pelo Flamengo ao craque, que definiu como “um novo jogador” —, Arrascaeta tem tudo para brilhar ainda mais, com a camisa celeste e, principalmente com a rubro-negra.