Por que a Gen Z prefere interfaces minimalistas? Entenda a tendência

A preferência da Geração Z por interfaces minimalistas vai além de uma escolha estética ou de uma “moda visual”. Ela reflete uma mudança profunda na forma como essa geração se relaciona com tecnologia, informação e atenção. Ao crescer em meio a feeds infinitos, notificações constantes e múltiplas telas disputando foco, jovens passaram a valorizar experiências digitais que reduzem estímulos, facilitam decisões e entregam clareza quase imediata. Em ambientes digitais mais competitivos, a interface deixou de ser apenas um suporte visual e passou a funcionar como filtro cognitivo: quanto mais simples, maiores as chances de engajar. Para designers e desenvolvedores, isso significa repensar a lógica de produtos digitais. “Os usuários mais jovens têm demonstrado preferência por interfaces mais simples, intuitivas e interativas, um tipo de minimalismo funcional que precisa causar impacto nos primeiros 10 segundos de navegação”, explica Isabela Mendes, designer gráfica e analista de comunicação estratégica. Esse curto intervalo inicial se tornou decisivo para manter ou perder a atenção de um público habituado a avaliar rapidamente se algo vale o tempo investido. A seguir, entenda mais sobre o minimalismo digital na geração Z. De ‘ss’ a ‘fds’: por que a Gen Z encurta (e muda) a forma de escrever online Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews Por que a Gen Z prefere interfaces minimalistas? Entenda a tendência Distribuição: Unsplash Instagram: bug nos comentários públicos do app; como resolver? Saiba mais no Fórum do TechTudo O que é minimalismo digital? Minimalismo Digital: veja tendência da geração Z Reprodução/Canva No contexto do design de interfaces, minimalismo digital não significa ausência de elementos, mas intencionalidade máxima. A proposta é reduzir tudo aquilo que não contribui diretamente para a função principal da interface, organizando informações de forma clara, hierárquica e visualmente respirável. Espaços em branco, tipografias simples, paletas reduzidas e poucos pontos de destaque são usados para guiar o olhar do usuário e evitar sobrecarga cognitiva. Isabela ressalta que existe uma estratégia clara por trás desse tipo de design. “Minimalismo não é simplesmente remover elementos, mas garantir que tudo o que está ali converse entre si para evitar sobrecarga visual”, afirma. Na prática, isso envolve decisões difíceis: abrir mão de gráficos decorativos, textos longos ou animações excessivas em favor de uma navegação mais fluida. O objetivo não é empobrecer a experiência, mas torná-la mais eficiente. Esse conceito dialoga diretamente com princípios de usabilidade e experiência do usuário (UX), que defendem interfaces intuitivas, previsíveis e fáceis de aprender. Quanto menos esforço o usuário precisa fazer para entender o que está acontecendo na tela, maior tende a ser sua satisfação e sua permanência. Por que a Gen Z gosta de interfaces minimalistas? Entenda interesse da geração Z por interfaces minimalistas Reprodução / Freepik A afinidade da Gen Z com o minimalismo digital nasce de uma combinação de fatores culturais, comportamentais e tecnológicos. De um lado, há a influência estética de tendências que valorizam o visual limpo, como o estilo “clean girl”, paletas neutras e ambientes visuais mais leves. De outro, existe uma necessidade prática de lidar com a aceleração constante do consumo de informação. “Acredito que ambos contam. A estética influencia, mas há também um componente forte de usabilidade”, explica Isabela. Interfaces mais limpas facilitam a navegação em um cenário no qual decisões são tomadas rapidamente e a paciência é limitada. Para uma geração que alterna entre múltiplos aplicativos ao longo do dia, a clareza se torna um diferencial competitivo. Além disso, o minimalismo funciona como uma resposta direta à sobrecarga informacional. Redes sociais concentram vídeos curtos, textos, anúncios, sons e estímulos visuais disputando atenção ao mesmo tempo. Nesse contexto, aplicativos e sites com visual mais calmo oferecem uma experiência quase compensatória. “Diante de um excesso de estímulos nas redes sociais, muitos jovens acabam buscando interfaces mais calmas e minimalistas para equilibrar essa sobrecarga”, observa a especialista, citando práticas como o detox digital como sintoma desse cansaço coletivo. Qual é o problema do minimalismo? Minimalismo digital também pode ser desgastante Andrea Piacquadio/Pexels Apesar de seus benefícios, o minimalismo digital também apresenta riscos quando aplicado de forma superficial. Um dos principais problemas é a homogeneização visual: interfaces diferentes começam a se parecer demais, perdendo identidade e personalidade. Tons neutros, layouts parecidos e escolhas previsíveis podem gerar experiências eficientes, mas pouco memoráveis. Isabela alerta para esse uso acrítico do conceito. “Hoje ele é muitas vezes usado sem estratégia, mascarando falta de personalidade sob a ideia de simplicidade”, afirma. Quando o minimalismo deixa de ser uma decisão funcional e passa a ser apenas uma estética replicada, ele falha em comunicar valores da marca e em criar vínculo emocional com o usuário. Outro ponto crítico é a exclusão de usuários. Interfaces excessivamente minimalistas podem esconder informações importantes, exigir gestos não intuitivos ou depender demais de convenções visuais que nem todos dominam. Nesse sentido, menos elementos não significam necessariamente mais acessibilidade. O desafio está em equilibrar simplicidade com clareza absoluta. O minimalismo está saturado? Maximalismo pode retornar caso geração Z canse do minimalismo Reprodução / Freepik Embora continue dominante, o minimalismo já dá sinais de desgaste, especialmente entre os próprios jovens. Há um movimento gradual de retorno à experimentação visual, com mais cores, contrastes e elementos expressivos. “Muitos Gen Z têm buscado mais cores, mais acessórios e propostas visuais mais expressivas”, observa Isabela, apontando para tendências vistas na moda e na comunicação digital. Esse movimento não representa uma rejeição completa ao minimalismo, mas uma tentativa de ir além dele. O maximalismo contemporâneo não é excesso aleatório, e sim uma busca por identidade, emoção e personalidade. Em vez de telas completamente limpas, surgem interfaces que misturam clareza estrutural com ousadia estética. Para o futuro, o cenário provável não é a substituição total do minimalismo, mas sua evolução. Interfaces tendem a continuar simples do ponto de vista funcional, mas ricas em linguagem visual, narrativa e expressão. Para a Gen Z, o design ideal talvez seja aquele que respeita seu tempo, reduz o ruído e ainda assim consegue dizer algo único. Saiba mais Veja como: Confira tudo que rolou no VOICES 2025! Confira tudo que rolou no VOICES 2025!