Um ano após retornar à prefeitura de Niterói para seu terceiro mandato, Rodrigo Neves (PDT) faz um balanço de 2025 apontando “conquistas expressivas” para a cidade, como o destaque nacional pelos índices de segurança, os prêmios em gestão pública e a melhora na mobilidade urbana, com a redução tarifária das barcas. Nesta entrevista ao GLOBO-Niterói, ele também anuncia investimentos em obras de macrodrenagem que prometem acabar com pontos históricos de alagamento na cidade e critica os governos estadual e federal pela falta de cofinanciamento para a Saúde e por não investirem na construção da Linha 3 do Metrô. O prefeito falou sobre ainda sobre população em situação de rua, alvo do programa Recomeço. — Parece que já estou há quatro anos no governo — afirma, referindo-se ao ritmo de trabalho. Confira a seguir os principais pontos da conversa. Balcão gov.br: Novos pontos do em Niterói ampliam acesso a serviços digitais Réveillon: Niterói define esquema de trânsito e segurança para festa em Icaraí Polícia nas ruas: prefeitura de Niterói investe R$ 1 milhão por mês para dobrar o efetivo nas ruas, diz Rodrigo Neves Reprodução Segurança Para Rodrigo, o investimento do município na área de segurança tem gerado resultados que contrastam com a realidade das demais cidades da Região Metropolitana. Por meio de convênio assinado em janeiro, a prefeitura investe cerca de R$ 1 milhão por mês na Polícia Militar, segundo o prefeito, dobrando o efetivo nas ruas. Adicionalmente, destina R$ 7 milhões anuais à Polícia Civil. Por esse motivo, argumenta ele, o número de mortes por ação policial ou homicídios foi de 45 este ano, bem abaixo do de municípios vizinhos. — Na cidade do Rio, em apenas uma operação policial morreram três vezes mais pessoas do que em Niterói o ano todo. Então é realmente um indicador muito expressivo — diz. Desde 2013, quando assumiu a prefeitura pela primeira vez, a Guarda Municipal cresceu de 150 para 800 agentes, um aumento de quase cinco vezes, acrescenta Rodrigo. Este ano, mais 80 guardas se formaram e foram para as ruas. O prefeito diz que o combate à criminalidade tem se beneficiado da combinação entre tecnologia — incluindo câmeras equipadas com inteligência artificial e o sistema Shotspotter, que detecta disparos de arma de fogo — e projetos sociais. — Niterói tem uma verdadeira muralha tecnológica, que inibe ações criminosas — afirma. Mapa do Crime em Niterói: Itaipu e Piratininga puxam estatísticas de roubo na Região Oceânica População em situação de rua Ao ser questionado sobre uma das principais reclamações dos niteroienses, a presença de pessoas em situação de rua e dependentes químicos em diversas regiões da cidade, o prefeito diz que aposta no Programa Recomeço, lançado este ano, como resposta ao problema, mas reconhece a complexidade da questão: — O Recomeço é uma concepção de ordem pública e de assistência à saúde mental, para as pessoas que são dependentes, usuários de drogas e álcool, e as que perderam vínculos familiares e passaram a viver nas ruas. Integra educação de jovens e adultos, ensino técnico profissionalizante, inserção no mercado de trabalho e assistência à saúde. Os números apresentados pela prefeitura indicam redução de 40% no número de moradores de rua desde a implementação do programa. Mas o gestor admite que o trabalho está longe de terminar. — A ideia é seguirmos avançando com ações humanizadas, mas também necessárias, de ordem pública na cidade, para evitar a consolidação de cracolândias e ocupações do espaço público — pondera. Assistência social Ainda na área da assistência social, a prefeitura informa que nove mil famílias atípicas — com idosos, crianças com deficiência e pessoas em situação de vulnerabilidade — foram incluídas este ano no programa Moeda Arariboia. Segundo o governo, a ampliação do benefício atende grupos que demandam maior cuidado e que, muitas vezes, não têm condições de garantir alimentação adequada. Na semana passada, o município pagou a Moeda Arariboia de Natal, uma espécie de 13º salário do programa. A gestão também destaca a inauguração do Centro de Avaliação, Acolhimento e Inclusão Social dos Autistas (Cais). O local é descrito como porta de entrada para uma rede integrada de serviços de educação, saúde e assistência social destinada a famílias atípicas, em um contexto de aumento dos diagnósticos de transtorno do espectro autista em diversas cidades. Apologia ao crime: Prefeito de Niterói sanciona Lei 'Anti-Oruam' Para 2026, está previsto também o início do programa Vida Nova no Morro, que terá investimento de aproximadamente R$ 600 milhões, aprovado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. As primeiras comunidades contempladas serão o Morro do Estado e a Vila Ipiranga, onde estão previstas melhorias habitacionais e a implantação do programa Arquiteto de Família. A prefeitura afirma que a intenção é começar nessas duas localidades e, de forma gradual, estender as ações às outras favelas do município. A fachada revitalizada do Centro Cultural Cauby Peixoto, em Niterói Divulgação Cultura No campo da cultura, novembro marcou a inauguração do Centro Cultural Cauby Peixoto, num casarão histórico na Zona Norte, desapropriado em 2019. A prefeitura destaca que o prédio ficou cerca de 35 anos em situação de abandono e que a abertura do equipamento representa a recuperação de um espaço simbólico para a região. Educação Na área da educação, o prefeito destaca a cidade como a única da Região Metropolitana a ter universalizado o atendimento de crianças de 0 a 6 anos, uma reivindicação antiga da população, e a contar com climatização em todas as salas de aula. Saúde Na saúde, Rodrigo destaca a reforma da maternidade Alzira Reis, em Charitas, que desde maio já realizou mais de 900 partos. Diz ainda que a prefeitura contratou 267 médicos, meta prevista para quatro anos, mas cumprida em dez meses, e que todas as equipes do programa Médico de Família estão completas. O programa Fila Zero na Saúde, contabiliza, já realizou mais de 20 mil exames, reduzindo significativamente a espera. Porém, o prefeito critica duramente a falta de cofinanciamento do governo estadual: — O estado não financia a saúde adequadamente. Apesar de arrecadar mais de R$ 800 milhões de ICMS da cidade, que é o dobro do IPTU, o cofinanciamento não acontece. Enquanto a prefeitura investe mais de R$ 1 bilhão em saúde, o estado investe R$ 15 milhões apenas por ano. Isso não dá para manter nem um (hospital) Getulinho por dois meses. Passeios de lancha: Roteiros no mar ganham força em Niterói no verão Revitalização do Centro prevê mais de R$ 1 bilhão em investimentos públicos e privados Divulgação/Prefeitura de Niterói Ocupação do Centro Olhando para a frente, a estratégia da prefeitura para os próximos anos tem o Centro como um dos principais eixos. Com cerca de 20 mil moradores atualmente, a projeção é que a região dobre de população nos próximos dez anos, de forma ordenada e planejada. A revitalização da Praça Arariboia é um símbolo do programa Reviver Centro, e a ordem de início para as obras da nova Amaral Peixoto e da Rua da Conceição, que vão ter calçadas acessíveis, nova iluminação, novo paisagismo e fiação subterrânea, diz ele, fazem parte da reformulação, que ainda conta com outros equipamentos públicos ao longo do caminho até a estação Cantareira, onde, em breve, haverá um hub tecnológico, em parceria com IBM e a Nvidia no Brasil. Outros projetos Em abril, será entregue a Arena Niterói, considerada a primeira arena esportiva indoor do lado de cá da Baía de Guanabara. Ainda para 2026, está previsto o início da construção de um centro de convenções ao lado do Caminho Niemeyer. Obras Em novembro, foram concluídas as obras de macrodrenagem no Barreto e na Engenhoca, na Zona Norte, bairros que sofreram com inundações durante cinco décadas. — Essas obras geralmente os políticos não gostam de fazer porque causam transtorno enorme e depois de realizadas ninguém lembra que foram feitas. Basta ver a Região Oceânica, onde as pessoas sofriam com inundações durante meses. A gente fez grandes galerias, grandes drenagens, e hoje ela está praticamente totalmente infraestruturada — afirma Rodrigo. — A Zona Norte sofreu durante 50 anos com inundações e agora, além de superar esse problema, será a região que vai receber o VLT. O prefeito também anuncia o lançamento do edital das obras do piscinão do Caio Martins e das intervenções que prometem resolver os alagamentos em Santa Rosa e no Largo do Marrão: —É um investimento estimado em mais de R$ 300 milhões. E uma obra esperada também há décadas. No total, três grandes projetos de galerias de macrodrenagem contra enchentes na cidade (Barreto/Engenhoca, Charitas e Icaraí) somam investimentos superiores a R$ 100 milhões apenas nas obras já em execução, sem contar os R$ 300 milhões anunciados. Royalties: prefeito de Niterói propõe fundo de R$ 200 milhões para ajudar São Gonçalo O primeiro VLT de Niterói ligará o Barreto ao Centro Reprodução/Blog do Axel Grael Mobilidade e tarifa zero Na área de mobilidade, a redução tarifária mostrou resultados positivos, na avaliação do prefeito. Para ele, junto com as ciclovias, a medida causou a redução no número de carros em eixos saturados, como a Avenida Roberto Silveira, em Icaraí, possibilitando também, sobretudo, o acesso dos moradores da Região Oceânica ao catamarã e dos residentes da Zona Norte às barcas, no Centro. Para 2026, estão previstas outras obras que classifica de estruturantes: o Terminal de Integração do Caramujo e as intervenções na Alameda São Boaventura, além do início da construção do VLT. Mas o prefeito ainda espera que a Linha 3 do Metrô avance. — É claro que Niterói é uma cidade de passagem e tem um problema crônico, que é o fato de só ter uma via de acesso à principal centralidade econômica do estado, a cidade do Rio, que é a Ponte Rio-Niterói. É inaceitável o governo federal e o governo do estado não terem tirado a Linha 3 do metrô do papel até hoje. Nós temos três milhões de habitantes do lado de cá, que muitas vezes precisam se deslocar para o lado de lá. Quando essa ponte tem um acidente, paralisa todo o Leste Fluminense — observa. Saneamento Niterói conquistou neste ano o primeiro lugar em saneamento no estado do Rio e o terceiro no Brasil em ranking elaborado pelo Instituto Trata Brasil. A meta declarada pelo prefeito é ambiciosa. A prefeitura e a Águas de Niterói anunciaram investimento de R$ 315 milhões em 33 frentes de obras, iniciadas em novembro, para universalizar as redes coletoras de esgoto. — No meu mandato anterior, a gente chegou a 100% de água tratada e 100% das regiões com estações de tratamento de esgoto, com a inauguração das estações de Pendotiba, em Maria Paula, e de Sapê, Caramujo e Santa Bárbara. Mas agora, a gente vai evoluir de 96% de redes coletoras para 100%, até dezembro de 2028— promete. Initial plugin text