A morte de Brigitte Bardot, aos 91 anos, neste domingo, reacende a memória de uma das passagens mais emblemáticas de sua vida fora das telas: a temporada vivida em Armação dos Búzios, no litoral do Rio de Janeiro. A atriz francesa entrou para a história da cidade a ponto de dar nome a uma orla e ganhar uma estátua à beira-mar. Em 1964, no auge da fama internacional, Bardot desembarcou no Rio e seguiu rapidamente para Búzios, então uma praia quase desconhecida, em busca de refúgio contra o assédio de fotógrafos e jornalistas. O que seria uma breve escapada se transformou em uma estadia de mais de três meses em uma vila de pescadores que, segundo ela, ainda era “selvagem”. Em entrevista por e-mail publicada em 2017 pela Radio France Internationale, Bardot relembrou com nostalgia aquele período, descrito como um dos mais livres de sua vida. — Guardo recordações únicas. Uma lembrança mágica, magnífica. Na época era apenas uma aldeia de pescadores, sem água encanada ou eletricidade. Vivíamos como Robinson Crusoé em praias selvagens e desertas. As ruelas eram cheias de leitões pretos e galinhas. Vivíamos de pesca, farofa, mangas e muito sol — contou à rádio francesa. A experiência em Búzios acabou projetando o destino para o mundo. A presença da maior estrela do cinema europeu da época despertou a atenção da imprensa internacional e colocou o balneário fluminense no mapa do turismo global — transformação que, anos depois, a própria atriz passou a ver com ambivalência. Na mesma entrevista, Bardot não escondeu a frustração com os rumos tomados pela cidade. — Foi o lado selvagem do lugar que me seduziu. Mas o que Búzios se tornou hoje me deixa atordoada. É uma pena — afirmou. A atriz era, à época, tema do livro “Répliques et pliques”, que reúne frases marcantes ditas ao longo de sua carreira.