Brigitte Bardot: meses antes da morte, atriz lançou livro com reflexões e defendeu direita como 'remédio para a agonia da França'

“A liberdade é ser a si mesmo, mesmo quando incomoda”, proclama Brigitte Bardot no prólogo de "Mon BBcédaire", obra em que expõe, com estilo incisivo, sua visão de mundo por meio de definições escritas à mão. O título é um jogo de palavras entre o termo “abecedário” e as iniciais da atriz, que morreu aos 91 anos. Nas páginas, Bardot registrou lembranças, nomes de personalidades e lugares que marcaram sua trajetória. Segundo a editora Fayard, responsável pelo lançamento na França em setembro, o livro é “uma imersão na personalidade de uma mulher que marcou sua época por sua independência, seu engajamento e sua ousadia”. Da letra A, de “abandono”, até o Z, de “zoológico”, a artista percorreu conceitos e memórias. Em seus escritos, declarou amor a Jean-Paul Belmondo, a quem chamava de “cara formidável, ator genial, engraçado e corajoso”, e afirmou que Alain Delon “carregava em si o melhor e o pior”. Sobre Marcello Mastroianni, avaliou que, apesar de “encantador”, era “um bom ator sem gênio nem uma autêntica personalidade inesquecível”. O erotismo, que marcou sua carreira desde o filme “E Deus Criou a Mulher” (1956), foi definido por Bardot como “jogos de amor onde tudo é permitido com imaginação, confusa perversidade e malícia amorosa”. Galerias Relacionadas Entre os lugares citados, está Saint-Tropez, onde comprou a casa “La Madrague”. A atriz lamentou, no entanto, a transformação do balneário: “lindo pequeno vilarejo de pescadores” que teria se tornado “uma cidade de milionários onde já não resta nada de seu encanto”. Defensora dos animais e voz polêmica na política francesa, Bardot descreveu a França atual como “sombria, triste, submissa, doente, danificada, devastada, ordinária, vulgar...”. Para ela, a direita era o “único remédio urgentíssimo para a agonia” do país — posição alinhada à sua conhecida proximidade com Marine Le Pen. Reclusa da imprensa há décadas, Bardot já havia publicado, em 1996, suas memórias, "Iniciais BB".