A morte de Brigitte Bardot, neste domingo, encerrou simbolicamente o ano de 2025 com a despedida de uma das maiores figuras do cinema mundial. A atriz tinha 91 anos e estava afastada da vida pública havia décadas. Sua última aparição ocorreu sete meses antes, em uma entrevista rara concedida em casa, no sul da França. Bardot viveu seus últimos anos conforme desejava: longe dos holofotes, dedicada integralmente aos animais. Reclusa entre La Madrague, sua casa em Saint-Tropez, e a região da Garrigue, ela só abriu uma exceção no dia 12 de maio, quando aceitou receber a equipe da BFMTV para um raro depoimento em vídeo — o primeiro em 11 anos. A entrevista foi concedida exclusivamente em nome de sua militância em defesa dos direitos dos animais, em especial contra a chasse à courre, modalidade tradicional de caça na França, que Bardot classificava como “completamente obsoleta”. — Conduzo uma luta que merece um pouco de mim mesma. E, neste caso, o melhor de mim é me mostrar — afirmou a ex-atriz, afastada das telas havia mais de meio século. Na ocasião, Bardot também revelou ter enviado cartas formais ao presidente Emmanuel Macron, ao então primeiro-ministro François Bayrou e a parlamentares, pedindo o fim da prática. O apelo foi acompanhado de um gesto irônico: um aparelho auditivo, com a mensagem de que a Fundação Brigitte Bardot oferecia “o meio para que suas reivindicações fossem ouvidas”. Durante a entrevista, Bardot falou ainda sobre o isolamento imposto pela fama, vivido como escolha, mas também como prisão. — Sou prisioneira de mim mesma. Nunca pude ir a um bar tomar um café. As pessoas me reconheciam. Não posso escapar, não posso escapar de mim — lamentou. Mesmo afastada do show business, ela seguia atenta aos debates públicos. Sobre o feminismo contemporâneo, manteve o tom provocador que marcou sua trajetória: disse que o movimento “não era sua praia” e acrescentou que sempre gostou de homens, citando seus casamentos com Roger Vadim, Jacques Charrier e Gunter Sachs, além da união atual com Bernard d’Ormale.