Às vésperas do encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky , marcado para este domingo, 28, nos Estados Unidos, a Rússia anunciou novos avanços militares no leste da Ucrânia, elevando a pressão sobre Kiev em meio a negociações ainda travadas. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter conquistado seis localidades na região de Donetsk, incluindo a estratégica cidade de Mirnohrad. Já o governo ucraniano contestou a informação, sustentando que os combates continuam em Mirnohrad, situada nas proximidades de Pokrovsk, importante centro logístico das forças de Kiev. + Trump e Zelensky devem se reunir para avançar cessar-fogo em conflito Rússia-Ucrânia https://twitter.com/prestonstew_/status/2005226249271337069 Apesar disso, análises independentes de imagens georreferenciadas — que mostram soldados russos celebrando entre as ruínas da cidade — reforçaram a versão apresentada pelo Kremlin sobre a perda do controle ucraniano. A queda de Mirnohrad ocorreu depois de cerca de três meses de cerco. Para analistas militares ouvidos pela Folha de S.Paulo , o episódio evidencia o enfraquecimento da capacidade defensiva da Ucrânia em uma das áreas mais disputadas da guerra, ao longo de quase mil quilômetros de frente de batalha. Pokrovsk, por exemplo, resistiu por quase um ano antes de ser tomada no mês anterior, enquanto Huliaipole sucumbiu em apenas quatro semanas. https://twitter.com/Piotr734668/status/2005248474275795123/ + Canadá anuncia pacote de US$ 2,5 bilhões para apoiar a Ucrânia O momento escolhido para o anúncio russo levantou suspeitas de uma ação calculada para influenciar o encontro entre Trump e Zelenski, especialmente diante do impasse nas tratativas diplomáticas. Rússia realiza ataque em larga escala No sábado 27, o presidente russo Vladimir Putin ordenou um ataque em larga escala com mísseis e drones contra Kiev. A ofensiva deixou ao menos um morto e 32 feridos, além de provocar um novo apagão em plena onda de frio intenso. A energia elétrica só foi restabelecida parcialmente na manhã seguinte, agravando a crise energética que atinge o país desde 2022. Vestindo uniforme militar, Putin declarou que “se a Ucrânia não fizer concessões, será dobrada à força”, segundo relato da imprensa internacional. Zelensky chegou aos Estados Unidos no mesmo dia, levando à mesa de negociações um plano de 20 pontos elaborado em resposta a uma proposta anterior, com 28 itens, apresentada pelos norte-americanos em coordenação com Moscou. + Zelensky detalha plano de paz proposto por Ucrânia e EUA https://twitter.com/militar_ru/status/2003905256959496477 O principal entrave permanece a questão territorial. A Rússia rejeita qualquer congelamento das linhas atuais de batalha e insiste em manter os territórios anexados ilegalmente em 2022. Moscou reivindica a posse integral do Donbass — incluindo Lugansk, já totalmente sob seu controle, e Donetsk, ocupada em cerca de 80% segundo monitoramento independente. Em relação às regiões de Zaporíjia e Kherson, Putin indicou anteriormente estar disposto a manter apenas as áreas já dominadas, sem avançar sobre o restante. No entanto, não há sinalização clara sobre possíveis recuos em regiões como Sumi, Kharkiv, Mikolaiv ou Dnipropetrovsk. Propostas norte-americanas para desmilitarizar a parte de Donetsk ainda sob controle de Kiev foram rejeitadas por Zelensky, depois de Moscou condicionar a aceitação à administração russa da área. https://twitter.com/richardzai38580/status/2004998593879646476 Garantias de segurança Além das disputas territoriais, Zelensky insiste que qualquer acordo de paz dependerá de garantias internacionais de segurança para evitar novos ataques russos. Moscou, por sua vez, rejeita a presença de uma força internacional de paz e resiste a qualquer arranjo que envolva países da Otan. O presidente ucraniano afirmou que, caso não haja uma solução que preserve os interesses do país, submeterá qualquer decisão a consulta popular. Ainda assim, reconheceu que qualquer desfecho dependerá da disposição do Kremlin — que, até o momento, demonstra só aceitar um acordo que possa ser apresentado internamente como vitória estratégica. O post Rússia anuncia avanços na Ucrânia às vésperas de encontro entre Trump e Zelensky apareceu primeiro em Revista Oeste .