O executivo Louis Gerstner, que assumiu o comando da International Business Machines (IBM) quando a empresa estava à beira da falência e a revitalizou como líder da indústria de tecnologia, morreu no sábado aos 83 anos. Caso Master, ataques ao Pix e juro a 15%: os destaques do primeiro ano de Galípolo no comando do BC Entrevista: 'Com guerra na Ucrânia, sustentabilidade foi substituída por segurança energética’, diz CEO de petroleira O presidente do conselho e CEO da IBM, Arvind Krishna, anunciou a morte de Gerstner em um e-mail enviado neste domingo aos funcionários da empresa, mas não informou a causa da morte. Os nove anos de Gerstner como presidente do conselho e CEO da empresa conhecida como “Big Blue” são frequentemente usados como estudo de caso em liderança corporativa. No Dia da Mentira, em 1º de abril de 1993, ele se tornou o primeiro executivo externo a comandar a IBM, que enfrentava a escolha entre a falência ou o desmembramento após um período em que havia sido a líder incontestável em computadores pessoais e mainframes. 'Um fato histórico': Javier Milei comemora aprovação do Orçamento de 2026 no Senado Ele redirecionou a empresa, sediada em Armonk, no estado de Nova York, para serviços empresariais e se afastou da produção de hardware, revertendo um plano de dividir a companhia em uma dúzia ou mais de unidades semiautônomas — os “Baby Blues” — em busca de maiores lucros. Gerstner cortou custos e vendeu ativos improdutivos, incluindo imóveis e a coleção de obras de arte da IBM. Ele demitiu 35 mil dos 300 mil funcionários, que estavam acostumados a uma cultura de emprego vitalício baseada em princípios estabelecidos pelo ex-CEO Thomas Watson no início do século XX. Ele enfatizou o trabalho em equipe em toda a empresa para substituir a tradição de lealdade a divisões específicas e vinculou a remuneração ao desempenho corporativo, em vez de resultados individuais. Para atingir metas de desempenho, destacou a importância da responsabilização contínua, em vez de esperar pelas avaliações anuais. K-pop, K-beauty, K-drama: febre de produtos coreanos vai além das telas e dos palcos e chega ao varejo — As pessoas fazem o que você inspeciona, não o que você espera — ele disse. A principal mudança promovida por Gerstner foi acabar com a cultura da IBM de vender produtos integrados que só funcionavam com outros itens da própria empresa — desde PCs a sistemas operacionais e softwares. Produtos que ele considerava fracassos foram descartados. Ele descontinuou o OS/2, um sistema criado para competir com o Windows, da Microsoft, que não havia conquistado os clientes. “Sua liderança durante aquele período remodelou a empresa”, escreveu Krishna. “Não olhando para trás, mas focando incansavelmente no que nossos clientes precisariam a seguir.” Foco em middleware A IBM passou a concentrar seus esforços no chamado middleware — software para bancos de dados, gerenciamento de sistemas e de transações. A empresa tornou-se uma integradora imparcial de redes e sistemas corporativos, disposta a ajudar independentemente de o hardware utilizado ter ou não a marca IBM. Gerstner apostou cedo na internet e no e-business, prevendo corretamente que eles dariam menos ênfase aos computadores pessoais e mais importância a servidores, roteadores e outros equipamentos mais sofisticados, que se beneficiariam do conhecimento técnico da IBM em serviços e envolveriam compradores já conhecidos pela força de vendas da empresa, como diretores de tecnologia. Mais tarde em seu mandato, ele também realizou algumas aquisições estratégicas, como os US$ 2,2 bilhões pagos pela Lotus Development, cujo produto Notes foi fundamental para ajudar os clientes da IBM a colaborar em nível corporativo. Otimismo para 2026: 60% dos brasileiros projetam próximo ano melhor para o país, e 69% preveem avanço pessoal A mudança de foco do hardware para os serviços resultou em um aumento da receita dessa área, que passou de US$ 7,4 bilhões em 1992 para US$ 30 bilhões em 2001. O preço das ações da IBM subiu de US$ 13 para US$ 80 ao longo de seus nove anos como CEO, ajustado por desdobramentos, e o valor de mercado da empresa aumentou de US$ 29 bilhões para cerca de US$ 168 bilhões no período. “Se eu tivesse um voto, o legado mais significativo da minha gestão na IBM seria a entidade verdadeiramente integrada que foi criada”, ele escreveu em Who Says Elephants Can’t Dance? Leading a Great Enterprise through Dramatic Change (2002). “Certamente foi a mudança mais difícil e arriscada que fiz.” Investigações em série: além de fraude com BRB, Banco Master é alvo de várias investigações. Veja quais Louis Vincent Gerstner Jr. nasceu em 1º de março de 1941, em Mineola, Nova York, filho de Louis Gerstner Sr., motorista de caminhão de leite, e Marjorie Rutan, secretária e administradora universitária. Ele era um de quatro irmãos. Formou-se na Chaminade High School de Mineola, uma instituição católica competitiva. Obteve graduação em engenharia pelo Dartmouth College e um MBA pela Universidade Harvard. Sócio da McKinsey Após Harvard, ingressou na McKinsey como consultor. Tornou-se sócio em quatro anos e permaneceu 12 anos na empresa antes de aceitar um cargo na American Express. Trabalhou inicialmente na divisão de cartões de crédito e depois assumiu os serviços relacionados a viagens. Sob sua liderança, a Amex — que até então oferecia principalmente um cartão de viagens — ampliou sua presença no varejo e criou cartões premium que permitiam aos clientes manter saldos em aberto. Com seu caminho para o topo da gestão da Amex bloqueado pelo CEO James D. Robinson III, Gerstner concordou em comandar a RJR Nabisco, onde permaneceu por quatro anos antes de ingressar na IBM. Seu principal foco lá foi reduzir os US$ 25 bilhões em dívidas geradas pela aquisição alavancada que deu origem à empresa de tabaco e produtos de consumo. Tecnologia: China divulga regras preliminares para regular o uso de sistemas de IA semelhantes a humanos O conselho da IBM iniciou a busca por um novo CEO depois de forçar a saída de John Akers em janeiro de 1993, justamente quando a empresa divulgava o maior prejuízo anual de sua história. Ao escolher Gerstner, o conselho priorizou experiência gerencial em detrimento de conhecimento técnico em computação. O irmão de Gerstner, Richard, trabalhou na IBM por 30 anos e chefiou a divisão que incluía os computadores pessoais. Desde o primeiro dia de Gerstner, em abril de 1993, até o anúncio de sua saída, em janeiro de 2002, as ações da IBM se valorizaram nove vezes, enquanto o índice Standard & Poor’s 500 avançou 154%. Sam Palmisano o sucedeu, primeiro como CEO e depois como presidente do conselho, quando Gerstner se aposentou no fim de 2002. O que é um celular 'tri-fold'? Conheça os modelos com três telas que são a aposta de Samsung e Huawei para 2026 Em 2003, Gerstner se tornou presidente do Carlyle Group, uma firma de private equity com sede em Washington. Ele supervisionou a expansão da empresa para a Ásia e América Latina e as preparações iniciais para abrir o capital, o que aconteceu em 2012. Ele se aposentou em 2008, permanecendo como conselheiro sênior. Com sua esposa, Robin, teve dois filhos. Um deles, Louis III, faleceu em 2013 após um engasgar em um restaurante. Por meio da Gerstner Philanthropies, a família tem apoiado pesquisas biomédicas, programas ambientais e educacionais, além de serviços sociais na cidade de Nova York, em Boston e no condado de Palm Beach, na Flórida. A família também tem sido uma apoiadora de longa data da Mayo Clinic.