Brigitte Bardot: Quem era Nicolas-Jacques-Charrier, filho rejeitado da atriz?

Brigitte Bardot, que morreu neste domingo (28), aos 91 anos, em Saint-Tropez, deixou apenas um filho, Nicolas-Jacques Charrier, fruto de seu casamento com o ator francês Jacques Charrier. Embora tenha sido uma das mulheres mais famosas do século XX, a atriz sempre afirmou que a maternidade foi um papel que jamais quis desempenhar — posição que marcou profundamente sua relação com o filho ao longo da vida. Veja mais: Quem foi o jogador de basquete do Flamengo que trouxe Brigitte Bardot a Búzios, transformando o balneário em destino de luxo Filmes: Brigitte Bardot redefiniu imagem da mulher no cinema Nicolas nasceu em 11 de janeiro de 1960, em Paris, em um parto domiciliar no apartamento do casal. À época, Bardot estava no auge da fama internacional. Em suas memórias, a atriz descreveu a gravidez de forma dura e controversa. “Eu olhava para minha barriga lisa e esguia no espelho como para uma amiga querida sobre a qual eu estava prestes a fechar a tampa de um caixão”, escreveu. O casamento com Jacques Charrier terminou em 1962, e o ator ficou com a guarda de Nicolas. O menino foi criado principalmente pelos avós paternos, longe dos holofotes que cercavam a mãe. Anos depois, Bardot explicou por que não criou o filho: “Eu não criei Nicolas porque precisava de apoio, de raízes. Eu não podia ser as raízes de Nicolas porque eu estava completamente desenraizada, desequilibrada, perdida naquele mundo louco”. Brigitte Bardot se casa com Jaques Charrier, em 1959 AFP A relação entre mãe e filho tornou-se ainda mais tensa com a publicação da autobiografia Initiales B.B., em 1997. Antes do lançamento, Nicolas e o pai tentaram censurar os trechos que falavam deles, sem sucesso. No livro, Bardot descreveu o filho como o “objeto do meu infortúnio” e comparou a gravidez a “um tumor crescendo dentro de mim”. Brigitte Bardot criou o estilo: Atriz ajudou a popularizar desde sapatilhas de ballet a blusas estilo marinheiro, símbolos da mulher francesa sem inibições Também revelou ter feito dois abortos antes de levar a gestação a termo e afirmou que tentou suicídio após ser impedida por Charrier de continuar atuando. “Eu queria me libertar — em todos os sentidos da palavra — eu queria e não podia, porque era prisioneira do meu nome famoso demais e da natureza possessiva de Jacques, prisioneira do meu corpo, do meu rosto, do meu filho”, escreveu. Charrier e Nicolas processaram Bardot por invasão de privacidade, e um tribunal de Paris determinou que a atriz pagasse cerca de US$ 40 mil em multas. No mesmo ano, Jacques Charrier publicou sua própria versão da história no livro Minha resposta a Brigitte Bardot. “Ao dar minha versão dos fatos, estou fazendo um grande favor a ela”, afirmou. “De certa forma, eu a reabilito. A realidade do amor dela por Nicolas, confirmada pelas cartas que guardei, é muito mais honrosa para ela do que os horrores que escreveu.” Charrier morreu em 2025. Apesar do passado conflituoso, mãe e filho mantiveram algum contato ao longo dos anos. Em 1992, quando Bardot se casou com o empresário Bernard d’Ormale, na Noruega — país onde Nicolas vivia —, o encontro foi decisivo. “Duas semanas depois de nos conhecermos, Brigitte telefonou para Nicolas porque queria que ele me conhecesse, e combinamos de ir vê-lo na Noruega”, contou d’Ormale à revista People. “Pouco antes de viajarmos, ela disse: ‘Por que não nos casamos enquanto estivermos lá?’ E foi o que fizemos. Mas discretamente.” Nos últimos anos, Bardot evitou falar publicamente sobre o filho. Em junho de 2024, em entrevista à revista Paris Match, explicou o motivo: havia prometido a Nicolas que não voltaria a mencioná-lo em entrevistas. Vivendo longe da mídia, Nicolas-Jacques Charrier construiu sua vida fora do universo artístico. Morador da Noruega, ele tem duas filhas, Thea e Anna, que tornaram Brigitte Bardot avó e bisavó.