Pouco antes do Natal, dois oficiais de Justiça foram ao escritório do Banco Master, em São Paulo, à procura do liquidante Eduardo Félix Bianchini. A ausência de Bianchini no local, que estava reunido com a família fora da capital paulista, reforçou a expectativa de que ele seja chamado para prestar esclarecimentos em breve, segundo o jornal Folha de S.Paulo . Servidor aposentado do Banco Central (BC) e escolhido pela autarquia para conduzir o processo de liquidação, Bianchini se tornou alvo da defesa de Daniel Vorcaro, controlador do Master. Os advogados de Vorcaro tentam, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal de Contas da União (TCU), anular a liquidação. + Leia mais notícias de Política em Oeste O trabalho de Bianchini deve revelar, ao final, todos os contratos e pagamentos feitos pelo banco, inclusive honorários de advogados que atuaram na defesa da instituição. Entre os contratos sob análise, destaca-se a contratação do escritório de parentes do ministro do STF Alexandre de Moraes, que recebeu R$ 3,6 milhões por mês para apoiar a defesa do Master, conforme publicado pelo jornal O Globo . Banqueiros do Banco Master, como Daniel Vorcaro e Augusto Lima, construíram um "castelo de areia" com lucros bilionários e negócios com estatais como o BRB, mas, segundo a PF, baseados em títulos sem lastro e operações simuladas | Foto: Reprodução O risco de o liquidante ser convocado a explicar detalhes do processo aumentou diante de acusações da defesa do banco contra o BC, que teria usado Bianchini para obter informações sigilosas da instituição em liquidação. Essas alegações foram formalizadas em petição enviada ao ministro Jhonatan de Jesus, do TCU, conforme mostrou o portal Metrópoles. Ao mesmo tempo, o ministro Dias Toffoli, do STF, determinou uma acareação entre Vorcaro e Paulo Henrique Costa, ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), com a presença do diretor de fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos, agendada para esta terça-feira, 30. Questionado sobre o envio dos oficiais de Justiça, Toffoli negou, por meio de sua assessoria, qualquer participação e esclareceu que, até o momento, apenas os três nomes já anunciados pelo STF participarão da acareação. O ministro Jhonatan de Jesus também tem cobrado explicações em uma ação que vem limitando a atuação dos técnicos da Audbancos, unidade do TCU responsável pela fiscalização de bancos públicos e instituições financeiras. Ele solicitou ao BC posicionamento sobre possíveis indícios de precipitação na liquidação do Master. O Banco Master tinha um contrato de R$ 129 milhões com a mulher de Moraes: o casal permanece em silêncio sobre o caso | Foto: Shuttterstock Ex-funcionários questionam atuação do TCU e STF no caso do Master Um ex-técnico do Banco Central com experiência em liquidação bancária afirmou à Folha que a interferência do STF e do TCU no trabalho do liquidante não tem precedentes. Ele avaliou que as recentes ações podem ser vistas como tentativa de intimidar o processo de liquidação do Master. O ex-diretor do BC Luiz Fernando Figueiredo opinou que o TCU e o STF não compreendem totalmente a situação. "Eu nunca tinha visto. O que está sendo pedido são coisas que não têm sentido", afirmou. Ele acrescenta que o BC tem plenos poderes legais para conduzir a liquidação. Para ele, a fraude cometida pelo banco de Vorcaro foi de tal magnitude que não há espaço para contestação. "Foi uma fraude gigante. Não foi decisão de um diretor, mas de todo um colegiado a partir de um volume de documentação muito robusto." O post Oficiais de Justiça procuram liquidante do Master na sede do banco apareceu primeiro em Revista Oeste .