Depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) esclarecer que o diretor do Banco Central Ailton de Aquino não é investigado no caso Master, técnicos da instituição ficaram mais aliviados. Eles seguem, porém, sem entender o motivo de a acareação ter sido mantida para esta terça-feira (30) e temem uma tentativa de envolvimento da instituição nas investigações sobre fraudes do banco Master (entenda mais abaixo). Na última sexta (26), o BC entrou com embargos de declaração pedindo ao ministro do STF Dias Toffoli esclarecimentos sobre os motivos de o diretor de fiscalização ter sido convocado para uma acareação com o dono do Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa. Uma audiência de acareação é um procedimento jurídico em que pessoas com depoimentos contraditórios (acusados, testemunhas, vítimas) são colocadas cara a cara para esclarecer divergências sobre fatos importantes do processo. Veja os vídeos que estão em alta no g1 O ministro negou os embargos, mas esclareceu que Ailton de Aquino Santos não vai comparecer na condição de investigado, mas para esclarecer pontos durante a acareação. Toffoli justificou a urgência da acareação pelos possíveis impactos no mercado financeiro. Toffoli é relator do caso do banco Master no STF, que tramita em sigilo. Vorcaro e Paulo Henrique Costa são investigados por fraude em papéis vendidos pelo Banco Master ao BRB. Dentro do BC, depois da decisão de Toffoli no último sábado (27), técnicos seguiram questionando o motivo de Ailton de Aquino ter sido convocado para a acareação. Se o diretor vai dar suporte técnico nas investigações, ele não deveria participar de uma acareação entre Vorcaro e Paulo Henrique Costa. O temor de técnicos do BC é que possa haver alguma tentativa, uma armadilha processual, de acabar envolvendo o diretor de Fiscalização ou outros diretores do banco. Ailton de Aquino, da Fiscalização, defendia a venda do Master para o BRB como solução para a crise do banco de Vorcaro. Enquanto isso, a diretoria de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, comandada por Renato Gomes, era contra, principalmente depois de descobrir fraudes bancárias na casa de R$ 12 bilhões praticadas pelo Master. Essa diretoria é a responsável por propor a liquidação da instituição, que foi aprovada pela diretoria colegiada do BC. Daí vem a pergunta que é feita por técnicos. Por que convocar Ailton de Aquino Santos, que era a favor da venda do banco Master, e não Renato Gomes, responsável pela proposta de liquidação? Por que não convocar os dois então? São perguntas que são feitas pelos técnicos e trazem o temor de o Banco Central, responsável por verificar tecnicamente a situação financeira de bancos, ser envolvido numa investigação que ele começou e nela descobriu fraudes bancárias grotescas. Outra pergunta que deve ser respondida por quem vai comandar o processo: vai prevalecer uma visão técnica ou política, de um banqueiro com grandes relações dentro do Congresso Nacional. Dias Toffoli rejeita recurso do Banco Central e mantém urgência na acareação do caso Master Jornal Nacional/ Reprodução